A Propósito: As prefeituras entre o pão e o circo
- A Voz Regional
- 11 de mai. de 2017
- 4 min de leitura
A crise política que há três anos toma conta do Brasil afetou a economia a tal ponto que colocou as prefeituras em situação prefalimentar. Desde o ano passado, pelo menos alguns dos prefeitos, e, enfaticamente, os empossados neste ano, olham com mais acuidade a participação de seus municípios em festas. E estabeleceram a cautela como norma nesses gastos.
Quase todos, assustados com o comportamento das receitas e a evolução das despesas, sacrificaram o Carnaval. Agora, começa a temporada dos rodeios. E nessa seara, eles ficam entre a cruz e a espada e qualquer posição que tomem, descontentam meia cidade. De um lado ficam os amantes do rodeio e da música sertaneja, do outro, os que não as curtem e os que odeiam a ambos.
Em reunião com os organizadores da festa em Monte Aprazível, a se realizar em agosto, o prefeito Nelson Montoro deixou clara a sua posição. Embora, provavelmente, nunca tenha ido a uma, diz apoiar a festa, até financeiramente, mas em outros moldes. Era habito na prefeitura, liberar dinheiro vivo por conta de duas noites de portões abertos. Montoro definiu que a prefeitura contrataria dois shows e pagaria diretamente aos artistas, com todos os trâmites da prefeitura realizados pelo seu departamento de compras/licitação.
Não vai aí só a preocupação econômica, mas também a legal. Os rodeios, caso de Monte, são festas privadas, com previsível, ou esperado lucro. Nessas circunstâncias, é difícil explicar o dinheiro público misturado com o privado, caso dê na “telha” do Ministério Público embirrar com a parceria.
Não é difícil que isso aconteça. Corre na Justiça de Monte Aprazível ação contra o Clube dos 22, organizador do evento, para devolução de recursos, intermediados pelo então deputado Regis de Oliveira junto ao Ministério do Turismo. A ação é por falta de prestação de contas. O valor da ação, de R$ 250 mil, deve estar hoje em mais de R$ 700 mil. Note-se, que não há qualquer prestação de contas de recursos repassados ao Clube dos 22 em anos anteriores.
Fica, assim, demonstrada a cautela do prefeito Montoro, mas o assunto não se esgota. A pergunta a se fazer é: O uso do dinheiro público, um bem comum, de pessoas em idade de “mamando a caducando”, ser usado para festa em que os “mamando e caducando” e muita mais gente não participa? Quer seja Rodeio, Carnaval, final de ano, dia do padroeiro? É atitude republicana público servir para financiar, ou promover, evento privado ?
Essas festas têm muito de vício demagógico e eleitoreiro, que serve como luva a silogismos como tradição cultural e “lazer para o povo” a justificá-las. A realidade é, hoje, outra.
Embora, a precariedade de lazer na região é evidente, o buraco é mais embaixo. As prefeituras não devem assumir o papel de casa de show e o prefeito de promoter de eventos. Principalmente, quando há particulares ganhando dinheiro com isso. Com o poder público assumindo esse papel, jamais teremos empreendedores assumindo os riscos de vender lazer. E jamais os valores cobrados por bandas, duplas e músicos serão aceitáveis para a realidade financeira daqueles que sustentam suas visíveis ostentação.
À prefeitura caberia apenas, incentivar os eventos de lazer e autêntico bens culturais sem apelo comercial, como festas religiosas, tradicionais, festas beneficentes, desfiles cívicos, corais musicais, atividades esportivas. E mais importante investir na produção de cultura e incentivar a produção de lazer mais barato e abrangente, que beneficie a população em seu conjunto, “dos mamando a caducando.”
Peixe no aquário
O prefeito de Monte Aprazível, Nelson Montoro (PSD) está empenhado em realizar o maior e mais barato Juninão, a festa mais tradicional da cidade. Para cuidar dos detalhes da infraestrutura da festa convidou o empresário da noite e promotor de eventos Tuta Galouro a auxiliar a comissão organizadora, composta de funcionários municipais.
Sinal vermelho
A prefeitura de Monte Aprazível atrasou o repasse dos serviços da Santa Casa, tendo dinheiro em caixa para tanto. Foi um falha burocrática tão involuntária quanto prejudicial às relações institucionais entre a prefeitura e provedoria do hospital. São precisos mais zelo e atenção com a burocracia, essa praga capaz de contaminar todas as boas intenções de acerto do gestor.
Sinal verde
Até o final do mês, a prefeitura de Monte deve concluir a contratação de vários médicos especialistas e nos próximos dias a farmácia municipal vai estar abastecida com remédio, com estoque para um ano de muitos produtos. As duas ações devem elevar o nível de atendimento para patamar nunca visto no município.
Fora do prumo
Enquanto o atendimento médico em Monte Aprazível busca entrar nos eixos, em Tanabi, onde a atenção básica foi referência, a demonstração é de que virá o caos em breve, de acordo com as denúncias do presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edson Gonçalves, na página 3.
Exemplo
Coisa rara acontece em Tanabi. O seu conselho de saúde está alinhado com a saúde dos cidadãos e não com o prefeito de plantão. Os conselhos municipais, criados pela Constituição de 88 para atuar nas mais diversas áreas da sociedade, como ideia, foram fantásticos, mas nos pequenos e médios municípios, os conselheiros, quase sempre, sucumbem aos encantos ou aos poderes dos prefeitos e nenhum conselho acaba funcionando.
Bola fora
Tanabi fez bonito em um campeonato regional de futsal, patrocinado pela TV Tem. O tanabiense ficou todo orgulhoso e prosa até descobrir a verdade. Os boleiros recebem dinheiro público para jogar e alguns deles nem moram na cidade.
OAB Mulher
A Seccional da Ordem dos Advogados de Monte Aprazível, realiza hoje, a partir das 9h, em sua sede, a posse das representantes da Comissão da Mulher Advogada, que será presidida pela advogada Carla Hernandes. Para o ato estarão presentes representantes das comissões da OAB- São Paulo e OAB- Rio Preto. A comissão vai atuar em diversos segmentos sociais na defesa dos direitos da mulher.
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