A Propósito: As relações suspeitas de juiz e delatados
- A Voz Regional
- 12 de dez. de 2016
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Os juízes são extremamente zelosos com as dignidades e os ritos formais do cargo. Até há muito pouco, sequer entrava mulher em fórum vestida de calça. Seja para réus, vítimas ou testemunhas, em presença do juiz, se exige colarinho abotoado e tratamento mais que respeitoso, de preferência de servidão. Juízes gostam de passar imagem de quase santidade e muitos dispensam o quase, crentes de que são divindades. Isso serve para o povão, para o réu (leia-se condenado, condição que mesmo com os autos negando, o pobre se coloca diante de juiz). Já para a elite política e econômica a conversa é outra.
O flagrante acima é estarrecedor. Foi em um encontro promovido por uma revista e desnuda as amizades do juiz com certa elite política e financeira. Temos na foto o banqueiro ministro Henrique Meirelles, o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e o senador do mesmo partido, Aécio Neves. É uma situação de extrema informalidade para um juiz com ao menos dois delatados na Lava Jato, o governador, alcunhado o santo, e Aécio citado em delação ao menos uma dezena de vezes.
A foto deixa clara e explica a condescendência com que as citações ao nome do senador no processo, para o juiz, “não vem ao caso.” A proximidade que a foto patenteia entre juiz e tucanos é promíscua, está fora da prudente discrição que deve permear as relações de um magistrado, em caso como esse, especialíssimo, pois os tucanos foram delatados.
Trata-se de uma foto despudorada. Não seria diferente dado ao despudor para com a Constituição e práticas cerceadora a direitos dos réus com que o juiz encaminha o seu processo particular de Curitiba. A Lava Jato, para Moro, é um game eletrônico em que o juiz alveja suspeitos escolhidos politicamente.
À toda
O prefeito eleito de Monte Aprazível, Nelson Montoro (PSD) colocou em dia sua vida pessoal e passou a se dedicar exclusivamente ao mandato, que se inicia em janeiro. Montoro manteve com seu vice, Márcio Miguel (PP), também às voltas com questões pessoais e de trabalho já resolvidas, uma longa reunião na quinta-feira, onde definiram as primeiras medidas do governo. Os próximos encontros do futuro prefeito já estão agendados com lideranças políticas dos partidos aliados, com vereadores eleitos e o pessoal que fará parte do governo. Já na segunda, separadamente, conversa com o professor Pedro Polotto, da área de educação, e com o farmacêutico Nereu Paschoalli, da área da saúde.
Transição
Montoro e Márcio estiveram com o prefeito Mauro Pascoalão (PSB) cuidando da transição. Não será a transição que esperavam, mas vai dar para o gasto. Eles tomam ciência com o prefeito que sai da situação administrativa da prefeitura, especialmente, com os contratos de prestação serviços continuados que necessitam de aditamento por algumas semanas para que os serviços não se interrompam.
Dinheiro à parte
Logicamente, não se vai tratar de finanças. Afinal, não é bom tom falar de corda em casa de enforcado. Mauro tem dito que o déficit será pequeno ou irrelevante. Os entendidos, incluindo, entidades de municípios, a coisa não sai por menos de R$ 5 milhões.
Sinal amarelo
Os técnicos do Tribunal de Contas, a cada trimestre, enviam sinais de advertência a Mauro. O último, do terceiro trimestre, avisa Mauro que o percentual da folha de pagamento é insustentável; de que o risco de déficit não é pequeno; de que tem investido aquém das obrigações constitucionais.
Fraternidade
A Irmandade da Santa Casa se reúne em assembleia no dia 14 para eleger a nova chapa do Conselho de Administração da entidade. Admite-se que não será fácil compor a chapa e apontar um provedor. Nesse caso, vai ser preciso alguém externo para empunhar o abacaxi.
Na assembleia ou a seguir, alguns irmãos vão apresentar renúncia ao Conselho.
Desmanche
O futuro em médio prazo (10 anos, mais ou menos) da Santa Casa será muito mais feio que seu passado mais recente (25 anos). No final da década de 80, 26 anos, a Santa Casa, detinha um dos maiores patrimônios de Monte. Era possuidora de extensa área urbana, de um bairro inteiro, o Recanto das Águas, lotes esparsos, imóveis edificados e uma fazendola. Hoje, o patrimônio da Santa Casa se resume a 108 pés de jabuticaba.
Sem sentido
Ao ser criada, há quase 80 anos, quando os pobres mais afortunados morriam em casa e os menos na rua, A Santa Casa fazia todo o sentido. Os pobres tinham a assistência médica possível e um lugar para morrer. A partir dos anos 80, quando o atendimento médico se universalizou e a medicina passou a registrar avanços fantásticos, o hospital, não só em Monte, como em outras cidades pequenas, passou a ter um único sentido: o de enriquecer uma casta de médicos. Os pobres não morrem mais ao relento e sem assistência porque inventaram a ambulância.
Amigos de branco
Nelson Montoro, com uma carreira extensa em saúde pública, tem conversado bastante com seu colega Cacau Lopes, com formação sanitarista. O relacionamento deles remonta há, no mínimo, 40 anos, quando Montoro, adolescente, era vizinho do menino Cacau. Cacau fez carreira política muito jovem e conhece os meandro do atendimento básico em saúde.
A seu tempo
Norair da Silveira (PSB), o prefeito eleito em Tanabi, com pequeno atraso, vai divulgar os nomes de seu governo na próxima semana. Faltam ainda alguns ajustes. Definidos todos os nomes, Norair vai botar olhos na eleição da Mesa Diretora da Câmara. Se seus aliados, os postulantes Rodrigo Bechara (PTN) e Marcos Paulo Mazza (DEM) não se entenderem, Norair entra no jogo.
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