A Propósito: Montoro precisa consolidar a identidade de seu governo
- A Voz Regional
- 5 de jun. de 2017
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A identidade do governo Nelson Montoro em Monte Aprazível, passados os 150 dias de seu governo, é apenas uma hipótese. E é uma hipótese bastante positiva, mas, como hipótese, corre risco.
A identidade do governo Montoro que se desenha é a da transparência, o que não é pouca coisa nestes tempos de lamaçal amazônico. Vale citar que os dois antecessores dele têm agenda extensa em fóruns de primeira e segunda instâncias, locais em que Montoro está disposto a não pisar, pelo menos como réu.
Mas a hipótese só terá concretude se Montoro fizer uso do poder de prefeito que lhe conferiu o eleitor. O eleitor quando vota, não elege, dá poder para que o eleito use o pulso firme em seu benefício (do povo). Se o eleitor de Monte Aprazível elegeu Montoro, que veio de fora dos campos políticos hegemônicos, representados pelos ex-prefeitos Mauro Pascoalão e Wanderley Sant’Anna, foi porque queria transformações radicais. Transformar e mudar são quebrar comodismo, o que exige fazer uso do poder, consagrado pelo povo e ratificado pela Justiça.
Mauro e Wanderley fizeram uso equivocado do poder. Para não se alongar nos equívocos e malfeitos, usaram-no em nome da vaidade pessoal. Montoro, notoriamente humilde, desprovido de arrogância e atitudes imperiais e soberbas, terá a obrigação de usá-lo em nome da justiça.
Até agora, 150 dias da posse, não o fez ainda. Será que Montoro esgotou seu estoque de atos corajosos, na tarde de 31 de dezembro do ano passado, quando rompeu com aliados, interferiu na eleição da Mesa da Câmara, para no dia seguinte tomar posse, deixando claríssimo quem tinha o comando e controle dos atos administrativos e políticos?
Fazer uso do poder pressupõe quebrar ovos, sem os quais não se faz o omelete da justiça. O povo entende que as leis, códigos e posturas municipais, obrigatoriamente, devem ser observadas por todos, sem privilégios deliberados ou omissões involuntárias do município. Devedores precisam ser executados, serviços cobrados, taxas e impostos estabelecidos com justiça, favores abolidos para quem pode pagar por eles. O contribuinte entende esses atos obrigatórios e esquecidos dos gestores como proteção para si.
O poder é utilizado de dentro para fora. Na prefeitura de Monte Aprazível tem miasmas incrustados no Departamento de Pessoal e tem ela um Departamento Jurídico claudicante. Monte Aprazível é, seguramente, o pior patrão do Brasil. O município coleciona uma média de duas ações trabalhistas por funcionário. Essa média cresce mensalmente. Há dias, o Tribunal do Trabalho deu ganho de causa a uma centena de novas ações, com motivação nova. Essa vitória vai estimular o ingresso de mais 700 ações para incorporar ao salário o valor do cartão alimentação.
Os 760 servidores municipais geram uma folha de pagamento de R$ 1,5 milhão. Cerca de 100, servidores/estagiários recebem R$ 400,00. Portanto, o salário médio da prefeitura está acima R$ 2 mil. Entretanto, a maioria dos servidores tem salário base de R$ 1 mil. Há, portanto, muita gente recebendo benefícios indevidos, horas extras irregulares ou desnecessárias, somados as negligências de férias vencidas.
O departamento de pessoal é uma usina de ações trabalhistas que sangra os cofres municipais, comete injustiças e retira serviços do cidadão.
Nas duas últimas administrações, as ações trabalhistas causaram danos de cerca de R$ 10 milhões. Montoro tem de exercer o seu poder para interromper o vício da desarticulação trabalhista e salarial do município. Usar o poder é promover a justiça para todos; a omissão produz benefícios para poucos.
Ouvir é uma virtude, mas o exercício do poder é ato solitário. E essa reflexão a ser feita pelo prefeito e o seu senso crítico tem urgência. Montoro tem que se incorporar no contribuinte, só assim perceberá que está à frente de uma administração lenta. O passo seguinte é identificar onde a administração patina, cobrar mudança de rota, quando possível, com o mesmo timoneiro. Se não, não titubear na troca.
O prefeito já deve ter percebido, perspicaz que é, que não deve incorrer no mesmo erro de seu antecessor Mauro. Não se governa sem planejamento. Não se governa sem controle financeiro. São duas funções que exigem dedicação integral, logo, ao prefeito cabe apenas acompanhá-las. E muito de perto.
Abrindo parênteses: o sucesso administrativo de Wanderley Sant`Anna é devido aos planos e metas que arquitetava antes mesmo de assumir, não os alardeiam, guarda na “cachola”, lugar seguro para informações estratégicas. A galinha canta quando bota porque ovo é uma banalidade.
Montoro, legitimamente, demonstra preocupação social, notadamente, com assistência social, saúde e educação. Nunca, em tempo algum, se deu atenção ao nosso agronegócio. Erro colossal. Monte Aprazível só existe graças à agricultura e pecuária e só existirá no município estabilidade econômica quando o setor merecer a atenção devida. O município tem mais de 1.000 propriedades rurais. Isso é fabuloso! Qual é, teoricamente, o potencial econômico disso, anualmente? No mínimo, coisa de R$ 100 milhões.
O exercício do poder tem limites determinados pela lei e pelo bom senso. O poder permite ousar além do trivial. Em tempos de governos soturnos, a ousadia da inovação consolida a transparência, sepulta o slogan nefando do “rouba, mas faz.”Ouse, prefeito!
Quá quá quazinhos
Hélio Pato, o perfil fake no Face book surgido em Tanabi logo após a posse do prefeito Norair da Silveira (PSB), está gerando filhotes. Surgiu o Hélio Pato Monte Aprazível. Como toda cópia dificilmente tem os atributos da matriz , a versão monte-aprazivelense demonstra não voar alto. É simples: o pato tanabiense tem conexões dentro da prefeitura e acesso a informações precisas e comprometedoras. Em Monte Aprazível, o prefeito Montoro tem uma legião de quinta colunas à sua volta e vai precisar redobrar os cuidados com as informações estratégias. Cuidado deve ter também com gente de fora, aqueles que a lealdade não resiste a trinta dinheiros.
Fora as informações estratégicas, Montoro não tem com que se preocupar com patos falsos, pois, até aqui, tem agido com transparência absoluta, excessiva até, a ponto de atrasar contratos.
Higienização
Montoro demitiu a sua secretária, Regiane Hatsue. Na verdade, Regiane foi secretária de Mauro Pascoalão (PSB), o ex-prefeito derrotado por ele na eleição, que continuou no cargo com o prefeito novo. Para o lugar de Regiane foi Wilson Rodrigues, que estava lotado na Patrulha Agrícola. Wilson é dos raros que goza de extrema confiança junto ao chefe.
Pé de boi
Orlando Cortopassi, o célebre Tuta Galouro, preside a comissão organizadora do Junião, o maior evento cultural de Monte Aprazível, a se realizar no próximo final de semana. Terminada a festa, Tudo deve ser incorporado no quadro da prefeitura. Não se sabe para qual cargo, mas será algo como “olheiro” da cidade.
Régua e compasso
Um emissário de Montoro sondou nesta semana um profissional da região para o cargo de planejamento. O profissional não mora na cidade e haverá resistência nos meios políticos. Coisas de província.
Calma, Zé
José Lourenço (PSD), prefeito de Nipoã sofreu um enfarto na manhã de domingo, sendo encaminhado para Rio Preto, depois de passar pela Santa Casa de Monte Aprazível. Lourenço recebeu alta na quinta-feira e está em casa, inquieto para retomar suas funções.
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