A Propósito: É depois do Carnaval que o ano começa de fato
- A Voz Regional
- 6 de mar. de 2017
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Desde a criação das escolas de samba e dos desfiles no final dos anos 20 do século passado, convivemos com um chavão de que o ano começa de fato depois do Carnaval. Na verdade, nunca foi assim, mesmo para os sambistas e carnavalescos, como para qualquer brasileiro trabalhador, todo dia é a mesma agonia de trabalho muito e contas que nunca se acaba.
Pode ser que, após o Carnaval, de fato, se dê um começo. O começo de uma grande conspiração contra os brasileiros, urdida pelo neoliberalismo financeiro, instrumentalizada no Palácio do Planalto e acatada pelo Congresso Nacional.
Terminado o Carnaval, na vigência da Quaresma, vêm as provas de que os lobisomens existem e rasgam na carne do chefe de família. Do trabalhador que recebe R$ 2.400,00, esse leão sem cabeça do IR lhe abocanha R$ 600,00. O governo federal não teve a sensibilidade de corrigir a tabela de isenção do imposto de renda em nenhum centavo, diante uma inflação próxima de 10%. O detalhe é que a tabela também não foi corrigida em 2015.
No Congresso a movimentação célere a para a provar a maior malvadeza a se cometer contra os trabalhadores, a reforma da previdência, aquela que vai obrigar o trabalhar a ralar por meio século para receber a aposentadoria integral.
Já ficou demonstrado o caráter nefasto e capcioso da reforma, a farsa de que sem a reforma, ou seja, sem lascar o lombo obreiro, a Previdência vai a falência, como se no pais não houve sonegação, se não houvesse quadrilhas de políticos e advogados especializadas em fraudar benefícios.
A ideia não é salvar a Previdência, mas de acabar com ela, matá-la por inanição. Contribuir para a Previdência por meio século não será atrativo nenhum, assim, abre-se a brecha para as aposentadorias privadas, para se criar um fenomenal mercado para os rentistas do mundo ganharem rios de dinheiro.
Depois da montagem do aviltante açougue de moer carne de velho, o Congresso corrupto a serviço de um presidente corrupto tanto quanto e ilegítimo como é o do alcunhado MT, virá a reforma trabalhista com sua nefanda flexibilização da CLT. Todos os direitos trabalhistas serão retirados, as convenções e dissídios salariais serão decidias pelos pelegos a serviço dos patrões. Serão gente como Paulinho da Força e Alessandro Polo, sindicalistas amigos dos patrões, que farão os acordos de trabalhos, dispensados de consultar as garantias e direitos dos trabalhadores contidas na Lei.
O ano de fato começa depois do Carnaval. Estamos, portanto, iniciando o pior ano de nossas vidas.
Índio sem apito
O prefeito de Tanabi, Norair da Silveira (PSB), está descobrindo, pela dor, de que governar como nos tempos em que o contribuinte usava tanga e se submetia servilmente a caciques e pajés da política ficou pra trás. O prefeito apanha bonito nas redes sociais e, como cacique habituado a sinais de fumaça, às tontas, não sabe reagir a essa nova linguagem.
Cacique sem índio
E não é só na internet que o cacique apanha, merecidamente, diga-se, pelas bobagens e até afrontas que pratica. No mundo físico também e para representá-lo esta aí a Câmara. Eleito com maioria folgada na Câmara de sete companheiros, passados 60 dias da posse, Norair tem apenas dois com que pode contar incondicionalmente.
Dos partidos aliados, o DEM já está clara e ostensivamente na oposição. O PMDB, veladamente, demonstra desconforto e distanciamento.
Já era
A impressão é de que Norair tenha buscado inspiração na fracassada administração do ex-prefeito de Monte Aprazível e seu colega de partido, Mauro Pascoalão. Mas não é. Os dois padecem da doença do caciquismo, se imaginam a última bolacha do pacote e assim agem de forma imperial, personalista, se acreditam deuses infalíveis e isso lhes embotam os sentidos e lhes dão chancelas a cometer cacas. Como figuras assim são rodeadas de áulicos que lhes aprovam as sandices que emitem e praticam, as cacas se perpetuam. Em alguns casos desse gêneros, o juízo acaba por voltar-lhes à cachola, mas isso só ocorre nas eleição seguinte quando a tunda eleitoral se consuma.
Sem folga
Emenda a Lei Orgânica de Tanabi, proposta pela Mesa Diretora da Câmara, eliminou o recesso de janeiro, passando a haver sessões nesse mês. O recesso de junho continua inalterado. Já é um avanço, embora já que a administração municipal não tem férias, não tem sentido os vereadores folgarem em junho.
Ressalva seja feita, pelo menos em tempo de sessão, a Câmara de Tanabi é a que mais mostra serviço. Há muito tempo, é a única na região a realizar quatro sessões mensaiss. A regra geral por aí são sessões quinzenais. Outro aspecto positivo em relação à congênere de Monte Aprazível é que há onze cadeiras na Casa. Em Monte Aprazível, apesar do poder conferido ao povo aos vereadores, estes têm pavor de elevar para onze o número de vagas.
Limites
É muito louvável a preocupação do prefeito de Monte Aprazível com o dinheiro público. Os contratos de prestação de serviço, materiais são negociados à exautão e com extremo rigor objetivando o melhor preço. Até compras mais simples, isenta de processo licitatório, contribuem com a economia. Depois de adquiridos, a austeridade continua no uso racional dos produtos e corte daquilo que é supérfluo e desnecessário. Isso é muito bom e necessário, mas requer bom senso. A coisa não pode resvalar para a avareza e chegar ao miserê, no pote de margarina do pão da manhã do braçal.
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