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João Francisco Neto: O voto-faxina

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 21 de mai. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 15 de set. de 2020

As eleições gerais de outubro se aproximam e com elas abre-se uma imensa janela de oportunidades para a renovação do quadro político nacional. Não uma simples renovação, como sempre ocorre com a troca de políticos que representam a mesma coisa. Se bem aproveitada, essa será a hora de se fazer uma faxina geral, para afastar os candidatos corruptos e comprometidos com os setores mais atrasados do País. Isso tudo poderá ser feito sem armas e sem revolução; apenas com o voto certo, ou seja, o voto-faxina.

O jurista Luiz Flávio Gomes, fundador do movimento “Quero um Brasil Ético”, vem levantando a bandeira do voto-faxina em palestras pelo Brasil afora. Para ele, há a necessidade de se eleger uma bancada mínima comprometida com o fim da corrupção, para mudar a forma de fazer política e acabar com a cleptocracia (governo de ladrões), que sempre imperou entre nós. Favorável à Operação Lava Jato, ele a considera como uma tentativa de romper o método mafioso que existe no País de governar, pois é a primeira instituição nacional que tem levado corruptos para a cadeia.

Contudo, é ilusório imaginar que apenas as eleições gerais de outubro serão suficientes para, num passe de mágica, eliminar a crise moral, política, econômica e financeira que está instalada no País. Para isso, será necessário manter um combate permanente à corrupção, como vem fazendo a Operação Lava Jato, de forma a desestruturar as organizações criminosas, há muito tempo montadas para desviar recursos públicos em todos os níveis da federação, isto é, na União, nos Estados e municípios.

O professor Modesto Carvalhosa, autor de uma vasta obra jurídica, e grande entusiasta do voto-faxina, acredita que, para sairmos desta crise institucional, será necessária uma reforma estrutural profunda, que demandaria até uma nova Constituição, Seria uma Constituição com poucos artigos, e fundada no princípio da absoluta igualdade de direitos e de obrigações entre as pessoas do setor público e do setor privado, entre outras mudanças como o voto distrital puro e o fim das reeleições.

Porém, nessa hora todo cuidado é pouco. Os partidos políticos tradicionais, liderados por raposas astutas, já perceberam que o povo não suporta mais o velho discurso que vem sendo repetido há séculos. Por isso, de uma hora para outra, tornaram-se radialmente favoráveis à renovação política. Agora todos querem o novo na política: novos candidatos, novos discursos, novos métodos, para, ao final, tudo continuar na mesma. Que ninguém se iluda: esse será o jogo que será jogado nas próximas eleições.

Oportuno relembrar aqui uma passagem do clássico livro “O Leopardo”, do italiano Giuseppe di Lampedusa, em que o personagem central, o Príncipe de Salina, astuto como um leopardo e ciente de que haveria profundas mudanças políticas, sai-se com essa pérola: “Se quisermos que tudo fique como está, temos de mudar alguma coisa”.

A eleição é só o começo da faxina; ainda falta acabar com a mamata do Fundo Partidário (que distribui milhões para os partidos), o horário eleitoral “gratuito” (que é gratuito só para os partidos), a farra das coligações, as eternas reeleições, etc.

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