Livros que marcam
- A Voz Regional
- 15 de ago. de 2016
- 2 min de leitura
Acordei pensando em um livro. Os livros da nossa vida é que nos permite querer ler sempre, aprimorando o espírito investigativo que há em nós, por isso, lembrando-me do livro de Gabriel Garcia Marquez “O amor nos tempos do cólera”, remeto-me a questionar coisas que para mim são tão importantes: Há idade para o amor? O amor verdadeiro, sem ser o de mãe, existe? Com que idade o amor se torna mais pleno? Convenço-me que não há respostas convincentes para estas perguntas que me marcam. Penso que nos guardamos para uma pessoa que não sabemos se existe e nos frustramos quando tentamos ver em outras pessoas essa nossa pessoa ideal. Morremos sem saber se realmente amamos e se fomos verdadeiramente amados. No livro de Gabriel Garcia Marquez, o personagem principal, Florentino Ariza, espera 70 anos para ter a sua amada e, contrariando toda a velhice, se mostra jovem a dizer que nunca esteve tão virgem e tão puro para abraçar seu único e significativo amor. As mulheres do passado não foram sequer folhas que se perderam com o vento e que o verdadeiro perfume da vida estava no amor não correspondido mas que a perseverança fez com que fosse correspondido. As palavras se transformaram em nuvens e foram carregando toda uma vida que buscava aquele encontro que, com oitenta anos de juventude, estava se concretizando. Fiquei maravilhado com o livro. Tem autores que nos encantam de tal forma, que não acreditamos que eles existiram ou existem. Quando Gabriel Garcia Marquez ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, fiquei pensando por que não um brasileiro como Jorge Amado, Drummond, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, porque logo um colombiano, de um país tão menor territorialmente que o Brasil? As cidades que Gabriel Garcia Marquez evoca em seus romances são tão pequenas territorialmente mas de uma vastidão de sentimentos e palavras eternas, humanas, profundas, como a própria vontade de amar de verdade que tem o ser humano. O Brasil pode ainda ter um escritor laureado com o Nobel de literatura pois temos talentos para isso, mas, fico pensando quando leio e releio Gabriel Garcia Marquez, se é possível tamanha genialidade aparecer ainda num mundo onde a superficialidade e a materialidade tornaram o amor algo banal, enfadonho, novelesco( no sentido pejorativo do termo), deixando de lado a própria essência do ser, o que pode e deve ser considerado como, no sentido nietzschiano, humano demasiado humano.
Percorro os olhos numa nuvem que me leva o pranto para algum lugar onde finalizo um canto para sempre querendo a lágrima do espantoserei o vulto de uma música emergindo de uma única nota cravada na face purgando um verso cheio de nuvens despencando de um poema cheio de floresmas eternamente vivo, com minha vida e meus amores.
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