Morre Osvaldo Passos, lembrado pelas ações sociais e moradias populares em Poloni
- A Voz Regional
- 7 de fev. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de set. de 2020
Ex-prefeito morreu no final de semana passado depois de anos padecendo de doença neurodegenerativa
Morreu no sábado passado, o ex-prefeito de Poloni, Osvaldo Passos. O seu mandato, de 1993 a 1996, foi o último de um período histórico do município, marcado por figuras públicas compromissadas com a política partidária e programática e com a ética na gestão e o zelo com o dinheiro público, como Frederico de Cápua, Antônio Morales, Valdírio Borsato e seu sucessor, Osvaldo.
Se Osvaldo tem essa ligação com o histórico, seu mandato inaugura uma preocupação imposta à modernidade do terceiro milênio que se aproximava: a necessidade de um olhar profissionalizado e impessoal para as políticas públicas no campo social. A primeira dama Aparecida Borsato Passos teve papel de destaque na área, mas Poloni foi das primeiras cidades fora dos grandes centros a ter gestão social profissionalizada, a cargo da professora de curso superior de assistência social, Maria Merci de Oliveira.
No momento confuso de implantação nacional dos conselhos da criança e do adolescente, Osvaldo Passos teve a clarividência de perceber se tratar da aplicação de políticas inclusivas e de acolhimento e não de caráter repressivo. O poloniense Cândido Faria encerrava sua carreira como goleiro profissional e foi convidado para tocar o projeto idealizado por Osvaldo: a Clínica de Futebol, que serviria de modelo para empresários na formação de atletas profissionais. A escola de futebol logo se abriu para outras modalidades esportivas e até manifestações culturais como capoeira, dança e música, que perdura até hoje, revigorada a partir de 2013, quando Antônio José, filho de Osvaldo, assume a prefeitura.
“A filosofia de trabalho não era a profissionalização, mas a preocupação com o cidadão do futuro, com a sociabilização da garotada, com o desenvolvimento do potencial cidadão pela disciplina, pelo respeito, pela convivência social, pelo desenvolvimento de liderança, pela dedicação aos estudos. Tudo estava ligado à educação, como é até hoje”, lembra Cândido.
Foi na gestão de Osvaldo Passos que 240 famílias de trabalhadores com salário pequeno conquistaram o sonho da casa própria. Foram construídos dois conjuntos habitacionais, o Pé Vermelho e Brejo Alegre. Foram insuficientes para atender a demanda e a situação vai piorar muito com a retomada da atividade canavieira na região, agravando a falta de moradias e a escalada nos preços dos aluguéis, sem que os ocupantes da prefeitura se derem conta do drama dos mais pobres. Demoraram-se vinte anos para que um novo conjunto habitacional fosse erguido na cidade, em 2014.
Foi com a intervenção de Osvaldo que tiveram início a pavimentação da vicinal de acesso à rodovia Feliciano Sales Cunha, pelo bairro rural da Venda Branca, com a conclusão se dando na gestão seguinte.
Também na gestão de Osvaldo foram construídas a ponte de concreto do bairro Macassá e os prédios onde hoje funcionam a escola infantil professor Antônio Rizzato e os serviços de Inclusão Digital e da escola de costura.
A carreira
Nascido em Poloni em 26 de novembro de 1945, Osvaldo formou-se em contabilidade pela Escola Barão de Mauá. Iniciou sua carreira política em 1972, como vice na chapa vencedora de Gentil Zanovelli. Foi eleito vereador em 76, reeleito em 1982 e 1988. Presidiu a Câmara em três ocasiões. Volta a se candidatar em 92, dessa vez para prefeito na sucessão de Valdírio Borsato. Eleito, governou por quatro anos e abriu caminho para o filho mais velho, Antônio José Passos na política.
“Meu pai foi um espelho para mim, na vida profissional e política. Desde de criança, acompanhava o trabalho dele nas lavouras da família e na política. E foi observando a maneira carinhosa com que ele tratava as pessoas, a sensibilidade dele diante dos problemas da população, das pessoas, das necessidades de Poloni que aprendi a atuar na política, ser leal com meus companheiros e procurar fazer o melhor para a cidade. Eu assumi a prefeitura como vice, no meio do mandato, fui reeleito e hoje meu trabalho é muito bem avaliado. Eu devo a ele, aos ensinamentos dele, a minha boa avaliação. Eu sempre tive muito orgulho de meu pai e fiz tudo para que ele tivesse orgulho de mim, do meu trabalho. Ele já estava doente quando assumi, acometido de uma doença cruel que não permitiu que ele pudesse avaliar o meu trabalho, mas me sinto realizado quanto a isso com a manifestação de aprovação das pessoas ao meu trabalho, com a manifestação das pessoas que foram dar seu último adeus a ele”, avalia o filho Antônio José.
Osvaldo deixa a política nas mãos do filho e retoma sua vida profissional, como plantador de cana e assume a presidência da Associação dos Plantadores de Cana de Monte Aprazível. Juntamente com o então prefeito de Monte, Luiz Carlos Canheo, Osvaldo foi responsável pela revitalização do setor. Canheo lembra das negociações encaminhadas pelos dois que resultaram na reativação da Destilaria Água Limpa, com um grupo pernambucano e com a vinda do Grupo Moreno para a região. A partir desse trabalho, de Canheo e Osvaldo, surgiram unidades processadoras de cana em Sebastianópolis do Sul, José Bonifácio, Planalto e Tanabi, surgindo o polo sucroalcooleiro regional, com investimentos de capital internacional, de origem francesa e chinesa na região.
Osvaldo era casado com Maria Aparecida Borsato e, além do filho prefeito, deixa o oncologista Oswaldo Filho e o comerciante João Paulo.
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