O ambulante da Palavra
- A Voz Regional
- 26 de jun. de 2017
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O feirante e ambulante João de Mello, 65 anos, há 24 com ponto na praça central de Tanabi, ao longo de todos os dias, vende frutas, e há 10 anos oferece esperança de fé e de vida. Em um quadro negro de duas faces, em forma de cavalete disposto na calçada, estão lá, em letras desenhadas, com muito capricho, à disposição dos passantes as mensagens de sua lavra.
Nesses 10 anos, ele contabiliza a autoria de pelos menos 3.500 delas. Elas já renderam 6 livros e a última edição está disponível gratuitamente a quem se interessar. Crente, as mensagens são de cunho religioso, algumas de auto-ajuda. Ele não se dispõe a se tornar pastor, mas confessa que é muito procurado em busca de conselhos.
Para João, a Palavra é, de fato, iluminada, mesmo para ele que diz ter o dom. “Tem dia que eu penso, penso e sei o que escrever. Aí, do nada vem uma ideia, duas, muitas, as palavras vão surgindo naturalmente”, explica ele. O escritor domina a língua um pouco acima da media, mas não se preocupa tanto com isso, porque, diz, que sempre aparece alguém para corrigir, uma vírgula aqui, um morfema trocado alí.
Suas mensagens tem leitores cativos, como o empresário Jorgito Bechara e o policial aposentado Carlos Siriani. João de Mello é crente da Quadrangular há 39 anos, na juventude, quando católico, arriscava algumas composições profanas de letras de sertanejo raiz. Não emplacou nenhum sucesso, mas nas mensagens de cunho religioso, em produção e edição de livros, já bateu seu homônimo que dá nome a praça, tido como o maior poeta tanabiense de todos os tempos.
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