Um ato político de coragem reparador
- A Voz Regional
- 23 de jan. de 2017
- 4 min de leitura
Baixo salário no funcionalismo público é alavanca para a corrupção e estimulo à propina. Os cargos de livre nomeação, fundamentais para a administração de Monte Aprazível, ao menos nos três mandatos anteriores ao atual, nomeando os bois, de Mauro e Wanderley, foram remunerados com salários indigentes. Mesmo assim, não há indícios de que foram ocupados de forma indigna.
A indignidade, talvez, estivesse na comodidade dos ex-prefeitos para os quais os baixos salários interessavam a falta de competência financeira em controlar a folha de pagamento e política de convencer os vereadores a aprovar um projeto que equalizasse a questão. Os vereadores de legislaturas anteriores não tem parcela menor de responsabilidade ao se recusarem a debater a questão, usando como desculpa a necessidade de contemplar também os servidores de carreira, disfarçando a omissão que estabeleceram em relação a uns e outros. Afinal, os salários em geral de Monte Aprazível aviltam também os de carreira, salvo aqueles elegidos pelos alcaides de plantão como seus peixinhos.
Nos atuais mandatos, executivo e legislativo, a história foi diferente. O novo prefeito, Nelson Montoro (PSD), e os novos vereadores João Célio (PSDB), Ailto Faria (PV), Danilo de Souza (PROS), Donaldo Paiola (PSDB), Gilberto dos Santos (PDT), Jacó Braite (PSD), Jean Winicius (PSC), Márcio Troiano (PPS) e Valcenir de Abreu (PP) usaram apenas o bom senso com dose de coragem política, sem medo de se curvar ao peso eleitoral dos servidores de carreira e sem abandoná-los.
Buscaram a solução possível para a urgência que o momento exigia. Os salários de quase todos os assessores eram de valor menor ou equivalente a dois mínimos, mesmo com vantagem incorporada de 30% nos casos de portadores de nível universitário, com um ou outro cargo em áreas estratégicas chegando a no máximo o equivalente a três mínimos. A solução buscada foi mais que razoável e sensata, foi responsável, com um mínimo de impacto financeiro, coisa de 1% da folha, obtido com extinção de alguns cargos comissionados e não preenchimento de outros. Buscaram ainda a contrapartida aos servidores de carreira, com majoração do cartão alimentação e pequena elevação no salário aniversário, uma espécie de 14% vencimento.
A reorganização salarial dos assessores se materializa em ato de coragem política, mas ainda é pouco. É preciso colocá-los no mesmo nível, tendo como parâmetro o mercado. É claro que nenhum deve ser equiparado ao de médico, o maior salário do quadro, abaixo do prefeito, mas os cargos de maior relevância na administração devem ter valores iguais. Por outro lado, o salário de médico está muito aquém, comparado ao mercado. Ficou estabelecido em pouco mais de R$ 8 mil por jornada de 40 horas. Ninguém pode ganhar mais que o prefeito, que tem salário de R$ 14 mil. Mesmo equiparado, não se segura um médico por 8 horas em um consultório por mais de seis meses com salário de R$ 14 mil que dirá com R$ 8 mil.
É muito pouco também o que foi oferecido aos servidores de carreira. No momento foi o possível, mas em abril, mês de dissídio da categoria, a reposição integral da inflação de 2016 deve ser indiscutível. É necessária ainda a discussão sobre a recuperação do poder de compra dos servidores que se deteriora há pelo menos 20 anos. Só no último mandato, diante de uma inflação acumulada em quase 30%, não tiveram um reajuste somado superior a 11%.
Overloque
Nelson Montoro é um homem de sorte ou sabe de política como ninguém. Terminada a eleição, ele se viu com uma Câmara de maioria oposicionista. Na última semana de dezembro, por obra de Papai Noel, viu a Casa, por unanimidade eleger o oposicionista João Célio (PSDB). João Célio, um político imperativo, pacificou o legislativo, tornando-o colaborativo, o que resultou em uma vitória maiúscula, a reorganização das referências do quadro funcional que recompôs vencimento de assessores, sem causar traumas significativos nos servidores de carreira e nenhuma resistência ou crítica da sociedade.
Foi mais longe, com as indicações para formação do governo, usou uma máquina industrial para fazer uma costura política que amarrou nomes ligados a seus adversários, o ex-prefeito Mauro Pascoalão (PSB) e Renata Sant’ Anna (PHS), deixando a oposição anêmica.
De quebra, pouco tem a se preocupar com a gestão da Santa Casa, assumida por um quinteto de primeira linha, João Roberto Camargo, Jorge Mendes, Renato Alves Biba, José Roberto de Carvalho e Antonio Ginack Junior. A instituição, que tem sido mais problema que solução para a prefeitura, deverá ser uma parceira inestimável.
…e caldo de galinha
Montoro tem conseguido aprovação quase sem restrição nos nomes apresentados para compor seu governo. É certo que tem demorado a sair o time completo, pois até ontem havia algumas vagas abertas e a ansiedade, especialmente, quanto ao nome do chefe de gabinete, tem tomado conta da cidade. A ansiedade é tanta que a todo momento surge um nome novo para o cargo na internet que virou uma rádio peão de boatos. A demora não tem nada de hesitação e muito de cautela. A decisão só será tomada, depois de pesados os benefícios administrativos e os custos políticos da nomeação.
Bordão
O substantivo querido passou a ser a palavra mais usada pelos corredores e entre mesas da prefeitura. Os funcionários adotaram como bordão a forma de tratamento com que Sandra Esteve se dirige ao marido Norair da Silveira, o prefeito.
Reparação de dano
O ex-prefeito de Nipoã, Luciano Scalon (PP) chegou a nomear para o cargo de tesoureiro uma telefonista e outros funcionários sem qualificação para o cargo. A insanidade foi para punir, por retaliação política, o auxiliar de tesouraria Carlos Ribeiro Bassi. Foi mais longe, praticou assédio funcional contra o servidor que ingressou na Justiça teve ganho de causa por dano moral. Ao assumir o cargo de prefeito, José Lourenço (PSD) nomeou Carlos Bassi, reparando a injustiça e dando dignidade ao cargo de tesoureiro.
Pré-guerra
O pessoal do governo de Norair da Silveira (PSD), em Tanabi, vive a expectativa de fevereiro, quando termina o recesso legislativo e a Câmara inicia os trabalhos sob a presidência de Marcos Paulo Mazza (DEM). Marcos Paulo foi eleito por unanimidade. Assim que terminou a eleição, a relação do prefeito Norair com João Mazza, pai de Marcos Paulo, e com o DEM azedou. Norair se mostra bem menos apreensivo de que seu aliados em relação a fevereiro e garante que tem pelo menos sete vereadores para defendê-lo na casa e conta com os votos deles. Norair dá como certo apenas o alinhamento dos vereadores do PP, Fabrício Missena e Osmar Canela, com Marcos Paulo.
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