Walter Spolon: Aqui com meus botões!
- A Voz Regional
- 10 de jul. de 2017
- 2 min de leitura
“Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim.”
-Por favor, uma branquinha!
– Prá mim, uma amarelinha!
– Não, nada disso! O senhor está enganado. Não foi isso que quis dizer.
– Mas, disse.
– O senhor entendeu mal.
– Você é que não sabe se expressar.
– Tudo bem. A partir de agora, vou usar óculos e começar a ver tudo diferente.
– Ah! Até que enfim, concorda comigo.
– Não se trata disso. O que quero dizer, é que vou olhar por outro ângulo. Vou começar a usar óculos de sol, para ver tudo mais ameno.
– Mesmo assim, tudo bem. Vejo que está mudando de ideia e começando a concordar comigo.
– Vai mais uma?
– Tá, mais uma!
– Então tá! Mas, e aquele outro assunto, que começamos a discutir outro dia?
– Qual? O da bola redonda?
– Não, nada disso. Isso todos já sabem.
– Então qual é? O da ponte?
– Também, não, não há como segurar. A água tem que passar por debaixo dela.
– Mas, e se mudarmos seu percurso. Vai adiantar?
– Claro que não, a não ser que se faça um elevatório, para fazer a água passar por cima e não por baixo da ponte.
– Não seria legal?
– É! No mínimo diferente.
– Isso significa que você já está começando a gostar da ideia.
– Não. Absolutamente não. Isso é coisa de doido.
– Tá. Então vamos bolar um projeto mais simples. Ok?
– Ok, mas vou tomar mais uma.
– Eu também.

– Que tal … Vejamos. Que tal … Ah! Já sei. Vamos pensar em algo novo. Algo que mexa com a inteligência das pessoas. Vamos montar uma equipe.
– Tá. Equipe prá quê?
– Sei lá. Não é isso que todo mundo fala que tem que ter?
– Certo, mas tem que haver uma finalidade, um objetivo.
– Então, tá. Primeiro montamos a equipe. Depois, vamos descobrir um objetivo.
– Você está começando a por os pés pelas mãos.
– Por quê?
– Primeiro traçamos o objetivo, depois procuramos as pessoas certas, para os lugares certos.
– Sei, sei. Deixe-me pensar um pouco. Ah, captei meu caro mestre! Que tal falarmos dele?
– Dele, quem?
– Uai, do Chico.
– Que Chico, cara? Você está ficando pirado?
-Bem, então deixe-me pensar um pouco…
– Enquanto pensa, mais uma para cada um. A última.
– Tá legal.
– Tá, enquanto você pensa, vou embora, pois estou cheio dessa conversa tonta, sem pé nem cabeça. Meu tempo é precioso.
-Oh, meu. E eu vou ficar aqui sozinho, falando com meus botões?
– Claro, você é muito vazio, sem assunto, sem nada. Aliás, nem botões sua camisa tem.
– Nossa, é verdade… E com quem vou ficar falando, então? Puxa, se ele não fala, eu ia ficar aqui solitário, pensando com meus botões, sem tê-los. Acho que essa conversa serviu pelo menos para uma coisa: Não dá para pensar sozinho. É preciso, pelo menos, alguns botões.
É! Sempre é tempo de aprender. É preciso ter um amigo, inteligente, que nos oriente.
Pelo menos, aprendi. Nunca mais saio com uma camisa sem botões. Eles são essenciais, hoje em dia. Vai que não encontro um amigo, para bater um papo interessante e inteligente como esse…
Conversa gravada e registrada em Cartório!
Puxa, quem é o cara mesmo?
– Sei lá, esqueci!
“E para matar a tristeza só mesa de bar,
quero tomar todas vou me embriagar.”

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