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Walter Spolon: As pombas

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 6 de mar. de 2017
  • 2 min de leitura

“Vai-se a primeira pomba despertada…

Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sanguínea e fresca a madrugada…

No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,

E eles aos corações não voltam mais…”

É, amigos! Provavelmente você não teve que decorar esse e tantos outros poemas, nos bons tempos de ginásio, no antigo e eterno Ginásio Dom Bosco. Áureos tempos dos Professores João Henrique Araujo, Francês e Português; José Antonio Pereira, Português e Artes. Certamente, você deve ter estudado as declinações latinas com o Professor Antonio Ninna; Ciências, com o Professor Gino Papa; Matemática com os Professores Rolf Schimidt e José Maria Neves Rodrigues; Música, com a Dona Lourdes P. Barros; Inglês, com o Professor Saraiva; História, com o Professor José Antonio Rodrigues; Desenho, com o Professor Gabriel da Silveira Mendes, Ensino Religioso, com o Professor Quirino, Educação Física com os Professores João Pelayo e José Ceneviva Netto e tantos outros.

Tempo da rivalidade sadia entre Internos e Externos.  Tempo das jabuticabeiras! Ahn!

A secretária, eficiente, era a Dona Glorinha, irmã do saudoso e inesquecível Padre José Nunes Dias, nosso Diretor e esposa do Professor Schimidt.

Bons tempos!

Tá! E o que têm as pombas a ver com tudo isso? Provavelmente nada!

É que, quem passa diariamente no cruzamento das ruas Presidente Vargas, com a Piratininga, tem o prazer de ver um espetáculo diferente. Ali, na fiação da rede elétrica e nas antenas das casas vizinhas muitas pombas se reúnem diariamente, e só nesse local, talvez para comentar os acontecimentos em nossa cidade e para colocar as fofocas em dia. Até porque elas têm uma visão privilegiada. Com apenas uma olhadela, sabem tudo que está se passando aqui em baixo.

“Ih! Gertrudes, cê tá sabendo o que aconteceu com a Ninica? Não!!! Olha, vou te contar baixinho, pois não quero que ninguém me chame de fofoqueira. Ontem ela tava arrastando as asas pro vizinho dela, o  Sanhaço. Não!?! Será que tem alguma coisa ali? Sabê lá eu. Só te contei porque você é minha amiga, mas não vá espalhar por aí! Não quero ser fofoqueira!”

É um espetáculo bonito, que acontece diariamente, há algum tempo.

Algum motivo específico para a assembléia pombal? Talvez estejam somente querendo nos mostrar a vida como ela realmente é.

Nossos filhos, com o passar do tempo, assim como as pombas, criam asas e, aos poucos, vão nos deixando. Alçam vôos maiores. Distanciam-se. Sorte de quem os têm por perto, mesmo que temporariamente. Com eles, vêm os netos.

Ah! Os netos. Quer felicidade maior?

“ Mas aos pombais as pombas voltam!”

Raimundo Correia  

Publicado no livro “Sinfonias, 1948, p.38

 “A vida está sempre amando mais você do que você a ela!

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