Walter Spolon: “Com a filha de João…”
- A Voz Regional
- 3 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
1960, 1970, 1980 …
Ah, os bons tempos estão de volta! Pensando bem, acho que nunca nos deixaram.
Muitos e muitos anos atrás era comum, até mesmo obrigatória, a comemoração das Festas Juninas. Não só faziam parte dos calendários das principais festas, como também faziam parte de nossas vidas, de nossas tradições.
Como tudo que é bom, dura pouco, também elas foram se perdendo ao passar do tempo.
Essa festa foi trazida ao Brasil, pelos portugueses, ainda na era colonial.
Anizete, pé-de-moleque, quentão, chá de chocolate, amendoim torrado, batata doce, paçoca, pipoca, bolos, milho, pamonha, curau e tantos outros quitutes, carinhosamente preparados pela dona da festa, auxiliada pelas vizinhas e amigas.
Ah! E as bombinhas e busca-pés. Que bagunça! Tudo isso fazia parte das comemorações, que reuniam os parentes, vizinhos, amigos e quem mais quisesse.
Muitas bandeirinhas coloridas.
Lembrei: e as fogueiras? Muitos se aventuravam em saltar sobre elas. Outros, ainda mais corajosos e audaciosos tentavam passar descalços sobre as brasas.
Segundo historiadores, as fogueiras tinham 3 formatos, de acordo com o santo a ser comemorado: Santo Antonio, a madeira era colocada em forma de quadrado, a de São João, em forma de cone e a de São Pedro, em forma de triângulo.
Quase todas as famílias vizinhas e amigas se reuniam para orar por Santo Antonio, São João e São Pedro, para agradecer as conquistas e, ao final do terço e dos cânticos, começavam os comes e bebes.
Um mastro, com as figuras dos três santos, era erguido e comemorado.
As mocinhas, ou moçoilas da época, curtiam mais Santo Antonio, considerado o santo casamenteiro. Várias simpatias eram feitas, visando um namorado.
Os fogos. Ah! Os fogos. Faziam a alegria da molecada. Era bombinha e busca-pés para todos os lados, além dos vulcões, que soltavam estrelinhas.
O auge dessas festas era o casamento e a quadrilha, puxada por um sanfoneiro dos bons! Essas comemorações foram se modificando ao longo dos tempos, mais ainda existem em algumas regiões, mas bastante diferentes.
Antes da quadrilha era realizado o casamento. Com padre, pais e padrinhos, além de um trabuco, caso o noivo resolvesse fugir.
Terminado o casório, muitos abraços, beijos e vamos prá quadrilha! Cada um com seu par, para o túnel, o grande passeio e a dança final.
Até pouco tempo, ainda tínhamos essas festas. Algumas escolas, entidades e clubes ainda tentam manter essa tradição que, como tudo que é bom dura pouco!
Muitos fiéis da Igreja Matriz, há alguns anos, principalmente na época do Padre David Pimentel , ainda realizavam essas festas, na Sede Pio XII, revivendo nosso passado, não muito distante. Carlos Bellini, assumia a função do Padre David; o saudoso Batista Ferrari era o sacristão. Os noivos, o casal Orcílio-Valda, o apresentador era o saudoso Cláudio Andrade e tinha como testemunhas Daniel dos Santos, Dr. Robledo Moraes, Ademar Pestilli, Ademar Ferreira, Adelmo Burachi e outros figurões da época. Isso tudo em 1983.
Terminado o casório, começava a tradicional quadrilha.
Ah! Nada a ver com as quadrilhas atuais! Aquelas eram só de danças, de confraternização e alegria, muita alegria! Pipoca, docinhos, quentão, o forró e muito, muito mais!
É, “o tempo passa, o tempo voa e só a Poupança Bemerindus continua numa boa!” É, amigos, mas nem isso sobrou. O Bamerindus já era e a poupança …
Ah! A Batina. Foi emprestada, com muitas recomendações, pelo saudoso Padre Nunes Dias.
Casamento abençoado!
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