Walter Spolon: Foi aqui que amarrei meu burro!
- A Voz Regional
- 28 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
Muito, muito tempo atrás, mesmo! Aproximadamente há uns sessenta anos!
Você é uma pessoa que repara nas coisas? Procura respostas, mesmo para coisas insignificantes?
Em algumas calçadas da cidade, próximo às guias, existiam àquela época, “Argolas”, fixadas ao chão, e que serviam para amarrar os animais dos sitiantes que vinham à cidade, para fazer compras. Esse transporte era feito em carroças, charretes ou mesmo em burros e cavalos.
Não havia, à época, Zona Azul (Esta era de outras cores!), ou estacionamentos para idosos ou portadores de deficiência. As “damas da noite”, como eram conhecidas, vinham para a cidade, às segundas, para ir às compras e aos salões de beleza, sempre em Charretes.
Os moradores da Zona Rural, para vir à cidade, se vestiam com tecidos da Loja dos Irmãos Soubhia e das Casas Pernambucanas, pagos na colheita; ternos das alfaiatarias Suriano, do Sr. Guanabara, Didi, ou do Jovelino Guimarães (e como usavam terno, gravata e chapéu antigamente) e calças, quase todas de linho ou casemira, confeccionadas pelo Flauzino ou Demá Minucci; Chapéus Ramenzoni, botas ou botinas das lojas dos senhores Sérgio Aredes ou Jorge Duaik, os consertos eram feitos na Sapataria do Sr. Américo de Almeida; compravam ou reformavam os arreios dos animais nas lojas do Sr. Ângelo Lorenço, ou no João Aredes; compravam mantimentos na Casa Dias Martins, Casa Mardegan ou na Casa Carvalho; traziam o arroz colhido nas propriedades, para limpar nas máquinas dos senhores Lichoto, Berto Priolli e outros. O café colhido era vendido em máquinas de benefício, como a dos Irmãos Conceição, Antonio Francisco Júlio, do Sr. Décio Tonon, do Sr. Hakme e Siveira Freire, depois enviado para o Porto de Santos, via EFA (Estrada de Ferro Araraquarense), em Engenheiro Balduino, que já foi uma Estação de Trem bastante importante. Os remédios eram comprados na Botica do Sr. Francisco, pai do Padre Altamiro, ou na farmácia do Kemer e Jorgito ou, ainda, do Sr. Braga ou do Waldomiro e Guilhermino.

Quando necessário, eram medicados na Santa Casa de Misericórdia, pelos médicos Dr. Bechelli, Dr. Paulo Polatti, Dr. Said B. Tannus e Dr. Nelson Bechelli. Os dentistas? Ah, claro, Dr. Everaldo, Dr. Primo, Dr. Mário, Dr. Ocirei, Dr. Itamar Berardo; Dr. Ivan Ruy, Dr. Laércio Dr. Fernando e, ainda, Dr. Vitta.
Aos domingos, muitos desses sitiantes vinham para as missas na Igreja da Matriz, celebradas pelo Padre Laurentino e, depois, Padre Altamiro. Todos, repito, de paletó e gravata, como era costume à época.
A aquisição das Charretes e Carroças, era feita nos Irmãos Maionchi. Não havia necessidade de financiamento bancário. Se não tinham o dinheiro suficiente, bastava um fio do bigode!” Quando novas, vinham pintadas, com vários desenhos e filetes. Quando necessário uma reforma desses veículos, ou um Chek up, o local mais procurado era a Oficina do Sr. Nelson Quinzotti. As porteiras das propriedades, assim como a famosa “Bomba 7M” , eram fabricadas pelos Irmãos Macri. Também faziam carrocerias para os potentes caminhões da época.

Não podemos esquecer os “carros de aluguel”, isto é, os taxis da época. Sr. Alfredinho, Gabino Laguna, Sr. Benitez, Cordeiro, Saraiva, Mirinho, Gradella e outros, que ostentavam belos carros.
Bem, o tempo passou. Muita coisa caiu no esquecimento e muitas outras desapareceram. Hoje, já não existe mais ninguém morando na zona rural. Não existem mais as pequenas propriedades, onde os donos ali residiam e tinham alguns colonos que os ajudavam na lida do dia a dia.
Hoje, só cana! Menos para os que precisam! Ah! País injusto!
As carroças e charretes praticamente desapareceram. O meio de transporte hoje é outro. Os fazendeiros desfilam de Toyota, Chevrolet etc.
Mas, uma coisa ainda resiste ao tempo: As “Argolas”!
É, amigos! Elas ainda podem ser encontradas. Resistiram ao tempo e às intempéries. Estão lá, firmes e fortes, mostrando que nem tudo muda com o passar dos anos.
Na Rua Brasil, na frente da loja Bechara, atual loja Mega Mania, ainda temos uma delas. Ao lado da Casa do Padre Altamiro, temos duas. Ao lado dos Irmãos Macri, ainda resta uma e, ao lado do Ângelo Lorenço, também encontramos as ditas Argolas. Firmes e fortes! É ver prá crer!
Ali você pode amarrar seu burro, pois ele não vai escapar!
Agora, os Políticos, não há argolas que os prendam!
“Que país é esse,
Que país é esse…?”
Legião Urbana
PS: Dia 03 p.p., no Artigo “As Pombas”, me referi aos antigos Professores do Ginásio Dom Bosco. Esqueci-me de citar o Professor Brazílio Izidoro Perezi, Professor de Geografia e Paraninfo da minha turma. Desculpas, Professor! Um abraço!
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