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Walter Spolon: Não é mentira, juro!

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 1 de abr. de 2017
  • 3 min de leitura

Lembre-se de antigamente, dos avós …

Como toda cidade do interior, o passado, em Monte, registra algumas passagens inesquecíveis. É lógico, antes a vida era mais pacata, mais pura, melhor de ser vivida. O tempo ‘corria’ lento, quase parando. A água era mais pura, o vinho, mais saudável, as famílias conviviam em harmonia (algumas não, claro!). Todos se conheciam. A ponto de o inimigo ser considerado meio-amigo. Maldade? Nada disso. O que se cultivava era a pureza, a amizade, a família. As pessoas se visitavam. Era comum, à tardezinha, após o jantar, que era mais cedo e contava com a presença de pais, filhos e avós à mesa, colocar cadeiras à porta da casa, na varanda ou na calçada e ver e falar com os vizinhos e amigos que por lá caminhavam. Todos paravam para uma prosinha. Hora, de falar sobre o Palmeiras, Corinthians, São Paulo, GEMA etc. Comentar as transmissões do Fiori Gigliotti e Pedro Luís, pela Rádio Bandeirantes e Tupi. Tempos de Oberdã Catani, goleiro de Palmeiras, Pelé e tantos outros craques da época. Novelas, felizmente, eram poucas. Uma delas foi “Antonio Maria” já em 1968, com Sérgio Cardoso e Aracy Balabanian – “Pois, pois!”. Outra, foi “Nino, o Italianinho”, 1969-70, com Juca de Oliveira e Aracy. Um sucesso! Claro, quase todas as pessoas eram descendentes de portugueses ou italianos. Big Brother, nem pensar, graças a Deus!

Todos se conheciam, todos se falavam. E todos viviam mais felizes, certamente. Quem gostava de uma “novelinha”, lia a Revista Capricho. A revista da época era O Cruzeiro que trazia, também as piadas do “Amigo da Onça”. Podia-se  ler, também, o Almanaque do Biotônico Fontoura. Quer mais? Tempos em que para ‘viajar’ até Rio Preto, tínhamos os potentes e modernos ônibus da VAP, do Vitorino Torres, Ângelo Fabrini e Pedro Bufollin. A viagem era por estrada de terra e passava por Neves e Mirassol.

Tempo dos “FOOTINGS”, isto é, dos passeios a pé, num determinado local, onde as moçoilas, principalmente, desfilavam com seus vestidos engomados e penteados impecáveis. Muito laquê! Caminhavam até o final do quarteirão e retornavam, ao som dos sucessos musicais da época. Não iam a sós. Eram sempre em pequenos grupos de amigas, que participavam desse vai-e-vem.

Ah! E os homens, o que faziam? Os cavalheiros, assim chamados, sempre muito bem trajados, a maioria de terno e gravata, e até chapéu, formavam o corredor, para a paquera, sempre com muito respeito. Tudo, ao som de músicas da época, repito, tocadas nos serviços de alto-falantes, em 78 RPM. Era um tal de oferecer música, mandar recadinhos, anônimos, é claro! Muitas vezes dava certo e, assim, começava o namoro de muitos casais.

Em Monte, isso aconteceu em pelo menos dois lugares: Na Rua João Pessoa (Brasil) no espaço que ia da Casa Mardegan, até a esquina abaixo, do Cine Vera Cruz. Nessa época, o serviço de Alto-falantes era do Décio Tavares, marido de Da. Nilce, pais de Paulinho e Celso. Ah! Ainda não existia asfalto. Era no pedregulho mesmo! E ninguém reclamava.

Um outro local, foi na Rua São João, entre o Correio (casa do Dr. Nelson) e a Padaria do Simonetti, ao lado da Praça. Nesse local, o som era do Costa Netto, que se casou com a Nina Troleis.

É, amigos, mas o tempo, esse bandido, passou e, aos poucos, foi mudando a rotina das famílias, das pessoas.

Agora, muita coisa boa ainda existe, evidentemente. Mas, parece-me que é um pouco diferente do passado.

Será que as coisas mudaram ou, nós, estamos diferentes? Sei lá, mas costumo dizer que a vida, antes, era melhor vivida. O tempo não voava, como agora. Ele se arrastava e, assim, tínhamos mais tempo para curtir a família, os amigos…

Podíamos visitar um amigo e bater um longo papo. Ninguém tinha tanta pressa. Hoje, quem você visita? Com quem você conversa? Ah! Dirão muitos, hoje nos falamos muito mais do que antes. Pode ser. O papo, hoje é diferente, é digital, é, sei lá o que! Antes, a conversa era Tetê-a-Tête, olho no olho. Você via os olhos do amigo, quase descobria o que ele pensava. A interação era completa.

Bons tempos …

“Ai que saudade tenho dos bailes de outrora,

…Que saudade da retreta, …

Das varandas e dos coronéis,

La, la, la, lara, Lara …

E cidade que se preza tinha que ter seu Coronel. E nós tivemos: o saudoso Coronel Basileu Estrella. Cidadão benemérito! O grande responsável pela nossa Santa Casa, Asilo, Velório, do Lar das Crianças, essa em Tanabi, e tantas outras coisas. Somos gratos a ele!

Bons tempos, boas lembranças!

P.S.: Nem sempre consigo me lembrar de todas as pessoas. Se não as citei, foi por traição da memória. Semana passada, me esqueci do Sr. Abrão Cury, dos farmacêuticos Purini e Faria, assim como os alfaiates José de Mello e José Roberto Giovanelli e do saxofonista e motorista das “Biribas” (Taxi), Sr. Camargo. Corrigido!

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