Walter Spolon: O passado condena?
- A Voz Regional
- 27 de mai. de 2017
- 3 min de leitura
Pode ser que sim, pode ser que não. Ah, dúvida cruel.
Temos falado tanto em passado, glórias, conquistas e tantas outras coisas que, às vezes, somos traídos pela memória.
Mas, lembro-me perfeitamente, das comemorações cívicas realizadas, com fanfarras, carros alegóricos, bandeiras em punho, alunos marchando, inclusive em rua de terra e pedregulho, roupas e uniformes impecáveis, sob um sol escaldante. Todos revestidos de muito garbo e orgulho. Isso, para os Porta-Bandeiras, a baliza, os músicos da Fanfarra, os portas-faixas homenageando as datas festivas etc etc. Imaginem as crianças dos Carros Alegóricos! E o orgulho dos Pais?
Isso tudo era preparado com antecedência. Os ensaios e os outros preparativos, montagem dos carros alegóricos etc aconteciam fora do horário de aula, para não prejudicar os alunos.

Todas as escolas participavam. O povo, de pé, nas calçadas, com bandeirinhas do Brasil às mãos, aplaudia quem por ali passava. Era a Glória! Os alunos sentiam-se orgulhosos por participarem desses eventos.
Época do Brasil varonil! Época do “Prá frente Brasil”, “Brasil: Ame-o ou Deixe-o”, “A Pátria é a união de todos!” e de tantos outros slogans, enfiados goela abaixo pelas autoridades lá de cima. Muitas delas lá se encontram até hoje e, como sempre nadando no lamaçal e no dinheiro, evidentemente.

Na parte principal do trajeto, o Palanque, com as autoridades: Prefeito, Vice, Vereadores, Delegado de Polícia, Promotor, Juiz de Direito e outros convidados.

Todos com terno e gravata. As senhoras, então, nem se fala, era um “chic” só!
A nossa ZYR-22, sempre se fazia presente, com o Barquinha, Lyria Fenerich e os repórteres Sebastião e Ozael Costa, narrando os acontecimentos aos que não podiam se fazer presentes nesses eventos. O Sr. Camilo Soubhia, gerente e proprietário da Rádio sempre junto às autoridades. Era uma honra participar do staff do palanque oficial.
Você já imaginou “assistir” aos desfiles, pelo rádio?

Isso acontecia sempre. A cada data cívica. Era no Dia da Cidade (durante um bom tempo comemorava-se o Dia 26 de Maio, Dia da Comarca. Posteriormente passou a ser comemorado o Dia 10 de Março, Dia do Município), 7 de Setembro, 15 de Novembro e, por aí afora. Até o Dia 31 de Março, tivemos que comemorar! Que loucura!
A cada ano, “bolava-se” alguma coisa para identificar o evento. Em alguns anos, lembro-me bem, na comemoração de 7 de setembro, Dr. Wilson Leal era o Prefeito, e isso foi entre 1973 e 1976 e Dona Ruth de Carvalho Ceneviva, a Diretora do Capitão, foram confeccionadas centenas de fotos da cidade (Prédios da Prefeitura, Forum, Igreja Matriz, Escolas e algumas vistas da cidade), reproduzidas pelo Foto Tin e, depois colocadas no centro de pratinhos de papelão, circundados de papel crepom verde-amarelo, com a inscrição: “Brasil, eu te amo!” Esse material era distribuído à população e fixado nas portas das residências. Além disso, é claro, o Desfile, quase todo verde-amarelo, dos escolares pelas ruas da cidade.

Época do ufanismo desenfreado, para fazer crer que estávamos no melhor país do mundo. Isso até pode ser, mas os políticos … (já naquela época).
“Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil…”
A cada ano, o Governo Federal bolava um slogan e repassava aos Estados e Municípios. Tudo “democraticamente”! Em 1970, o slogan foi: “Ninguém mais segura esse país!”
E não é que acertaram mesmo!
Parece até que a pessoa que bolou esse slogan, já conhecia nosso futuro. Isso pode parecer até uma praga!
De lá prá cá, a corrupção só fez aumentar. E parece que não vai parar, apesar dos esforços da “Operação Lava Jato”!
Será que o mentor da frase “Ninguém mais segura esse país”, era algum vidente? Tudo leva a crer que sim.
E o povo? Como fica? É como diz a música do Legião Urbana:
“Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação.”
Que país é esse?

Em tempo:
Face aos acontecimentos dos últimos 517 anos, chego à seguinte conclusão:
“Duvido de tudo! Acredito no nada!”
Os donos da JBS estão num dilema insolúvel: “Eles têm um bilhão de reais para doar a um Político Honesto. Até hoje não conseguiram encontrá-lo! Já apelaram até para a Interpol e FBI!”
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