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Walter Spolon: Outros Carnavais, outras histórias

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 27 de fev. de 2017
  • 4 min de leitura

“Recordar é viver

Eu ontem sonhei com você…”

 (ldacir Marins e Macedo – Carnaval de 1955)

O Aprazível Clube sempre foi muito importante. Para os associados e para Monte Aprazívl. Inicialmente, funcionou na Rua Osvaldo Cruz, onde hoje está o Restaurante do Riscalinha (foto).

Na entrada havia uma saleta onde eram guardados os chapéus, sombrinhas, casacos, mantôs etc. Cabia ao Sr. Batista Colletti essa tarefa.

Logo após havia uma sala com mesas de snooker e de carteado. Havia, também, o salão de barbeiro, do José Medeiros.  O maître da cozinha era o Sr. Ápio Orçati.

 Na parte superior era o salão de bailes. E que bailes!!!

E o Carnaval? Época dos Lança-Perfumes (Rodouro), confete e serpentina. Aquilo vivia lotado. Logo a Diretoria construiu um salão ao lado, o Barracão, onde passaram a ser realizados os inesquecíveis Bailes de Debutantes e Festas de Formatura. Ali tivemos a apresentação da cantora Elza Soares.

Um clube como o Aprazível jamais se contentaria em permanecer num barracão. Assim, logo os Sócios Remidos, fizeram construir um majestoso prédio.

Dali foi transferido, para a Praça São João.

 “Tempo bom, não volta mais …”

Época de muita alegria!

APRAZÍVEL II

“Se você fosse sincera 

Ô ô ô ô Aurora

Veja só que bom que era 

Ô ô ô ô Aurora.”

Se você tem uma certa idade, vai se lembrar de algumas passagens, aqui em Monte.

O Aprazível Clube, durante muito tempo, foi ponto de encontro tanto da sociedade, como do povão. Lá foram realizados bailes inesquecíveis, com as melhores orquestras da época: Cassino de Sevilla, Leopoldo de Tupã, Pedrinho de Guararapes, Placa Luminosa, de Londrina-PR, Grupo Tarancon, só para citar algumas.

Ali, também, tivemos shows, com os melhores artistas da época: Jair Rodrigues, Silvio Brito, Francisco Egydio, Luiz Vieira, Luís Ayrão e outros mais.

Na área teatral, havia um grupo local, capitaneado pelo Valmir Camilo, então funcionário do Banco do Brasil e Diretor Social, à época, que apresentou a peça “O Noviço”, de Martins Pena, com a participação de atores locais: Kalu, Caio, Bila, Ênio, Podo, Lau, Marilda Larrúbia, Zózima, Tadeu, Valdo Canesin, Pedro Dantas, José Mário e Luiz A. Oliveira. Esse grupo também se apresentou em Rio Preto, Araçatuba e São Paulo, sempre fazendo sucesso.

 A famosa Cleyde Yaconis, a diva do teatro nacional, falecida em abril de 2013,  e Juca de Oliveira, dois dos maiores atores brasileiros, também estiveram no Aprazível.

Ali tivemos, também, vários Bailes de Debutantes, um deles, em 1977, com a presença do galã Flávio Galvão,  o Lúcio, da Novela “Éramos Seis”, quando ainda ator da extinta TV Tupi e Antonio Fagundes, da Globo, em 1974, como “Petrucchio”, da novela O Machão, que aqui estiveram para alegria das Debutantes e do povão. Bailes inesquecíveis!



Elke Maravilha também aqui esteve, em baile realizado para a entrega do Troféu do Ano, aos comerciantes que se destacaram à época. Essa festa foi organizada pelo Pantha (Lázaro Pantaleão).

Em dezembro eram realizados os tradicionais e concorridos “Baile Branco”, com grandes orquestras, onde todos deveriam estar de roupas brancas. Bailes que marcaram época em toda a região.


Aos sábados, durante o ano todo, aconteciam as concorridas Discotecas, tempo de vários Concursos de Dança.

O Bar, durante muito tempo, foi capitaneado pelo Jesus, o Jesus do Clube, corintiano roxo. Depois, o Berardo e José Armando e, ainda,  Lelo Maset. Outras pessoas que também fizeram parte da história do Clube: Manolo, o Manoel Rodrigues, que fazia a cobrança das mensalidades e, à noite, era o Porteiro do Clube; O Sr. José Leite e Dona Olívia, que sempre cuidaram do prédio, com muito carinho e dedicação; Nenê Lupiagnez e Seito, que cuidavam da parte dos jogos e Antonio Carlos Hernandes, Renatinho  e Maria de Lourdes dos Santos, na secretaria, e do Vitorinho, segurança.

O chileno-aprazivelense Hector, durante muito tempo, fez a decoração dos bailes e do carnaval. Um artista.

Ah! O Carnaval!

“Ó jardineira porque estás tão triste

Mas o que foi que te aconteceu

Foi a camélia que caiu do galho

Deu dois suspiros e depois morreu.”

Quando atuei como Presidente do Clube (por 5 anos), o Carnaval tinha início na sexta-feira, e só acabava nas madrugadas da quarta-feira de cinzas. Desses bailes, participavam toda a comunidade local e de cidades vizinhas. Eram Desfiles de Fantasias, muitas delas riquíssimas. Eram inúmeros os Blocos que também participavam.

O som do carnaval era capitaneado pelo Gumercindo de Oliveira, o Nininho, seus filhos Élcio e Wilsinho, Toninho da Bicicletaria, Carlos Bellini, Mauri, Maria Comprida, Gonha, Neguinho e vários outros, que faziam o Carnaval ferver.


No domingo, tínhamos a apresentação das Fantasias Infantis e, na terça-feira, no final do baile, a entrega dos prêmios aos vencedores.

Nadyr Barca e Alice Cláudia e Infantil: Ana Paula Spolon (1980),Cristiane Pinatti , em 1981, e Cristiane Célico, em 1982, foram Rainhas. Fantasias lindas e ricas.

Eram inúmeros os Blocos. Havia grande participação dos adultos.

Mas o auge desses bailes, era quando tocava “Bandeira Branca”.  No primeiro acorde, nossa amiga Lizete Buissa subia ao palco para cantar e, aí ninguém segurava o povão. Ela era a nossa Dalva de Oliveira.

Grande Lizete Buissa, amiga, excelente educadora e que tanta saudade nos deixou.

”Bandeira branca, amor

Não posso mais.

Pela saudade,

Que me invade eu peço paz.”

Antes dos Bailes de Carnaval, ali na Praça, tínhamos os desfiles das Escolas de Samba, com grande participação popular: “Estação Segunda da Goiabeira”, em alusão à famosa escola do Rio, tinha como Porta-Bandeira a Marina Macri. Outra Escola, capitaneada pelo Lamartine, também disputava a preferência das torcidas.

“Que tititi é esse

Que vem da Sapucaí

Tá que tá danado

Tá cheirando a sapoti.”

Tivemos, também, a apresentação da Banda Saliva Doce, composta por Marcos Júlio, Decinho Junqueira, Marcos Domingues, Glauco Laguna e Dal. Um show. Pena que ela se desfez logo após essa apresentação.

Ali foram realizadas várias festas de casamento, e aniversários de 15 anos de pessoas da sociedade.

Cinco anos se passaram e deixaram muita saudade.


A Diretoria do Aprazível, contou também com a participação efetiva do Betinho Maset e dos saudosos Dirce Maset e Lino Maset; Jair Colnaghi, Jair Soubhia, Hercineu Scalon, Manoel Mendes, Dr. Lourival Stéfani (Lelo) e Nidelci, Agenor Cassandre, Antonio Carlos Leite, Odecinho Junqueira, Ninoel, Carbone e outros, que, juntos, participamos da história do Aprazível Clube.

À noite, durante a semana, muitas pessoas ali compareciam, para ler o jornal do dia, ou para os simples bate-papos, ao som de músicas selecionadas.]

Foram Presidentes do Aprazível Clube: Toninho Egydio, Dr. José Affonso Moralles, Dr. Wilson Guiguet Leal, Júlio Maionchi Junior, Walter Spolon, José Wenceslau Carbone e Carlos Roberto Cicoti.

E agora, José?

Agora, passado um bom tempo, o prédio foi anexado ao patrimônio do Irecê Clube.

Foi feita uma reforma inversa e que teve um resultado melancólico. Gastou-se muito dinheiro no projeto e execução da reforma. Projeto mal pensado, praticamente apagou o Clube de nossa história. Tornou-se um prédio obsoleto, sem utilidade, usado apenas para festinhas de aniversário de crianças. O antigo salão, no térreo, local dos grandes bailes e festas, está totalmente inutilizado, abandonado e sem nenhuma perspectiva. Tudo por falta de planejamento.

E de cabeça!

Que pena!!!

“Quanto riso, oh quanta alegria …”

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