Walter Spolon: Papa & Papa
- A Voz Regional
- 26 de jun. de 2017
- 3 min de leitura
Monte é uma cidade sui-generis. Coisas esquisitas marcaram nossa cidade e nossa história.
Voltemos no tempo! Isso é coisa bem antiga.
Nos anos de 1973, 1974, não me recordo exatamente, nossa cidade era rodeada por chácaras e, algumas delas atrasaram nosso desenvolvimento. Seus proprietários não reconheciam a chegada do ‘tal do progresso’ e insistiam em mantê-las intocáveis. Isso durou muito tempo. Mas uma delas tem uma história peculiar.
Você se lembra do “Pindura Saia”? Não?
Esse bairro foi um dos primeiros e, também, o mais famoso de nossa cidade. Dizem os nossos moradores mais antigos, que recebeu esse nome, pois as lavadeiras usavam as cercas de arame, que eram as divisas dos terrenos, para secarem suas roupas. Se é ‘vero’, não tenho como comprovar e não tenho, também, testemunhas da época.
Foi, também, conhecido como o bairro das ‘damas da noite’, bastante frequentado à época. O meio de transporte, para as damas, até o centro da cidade, era as ‘charretes’.
Bem, isso nada tem a ver com o assunto. São fatos ocorridos.
Assim voltemos ao assunto inicial, que é interessante!

Você deve ter conhecido o Professor Gino Papa, que deixou sua querida Itália, para trabalhar e vencer aqui no Brasil. Veio na mesma época do Sr. Guido Bignotti.
Apesar de ser PAPA, nada tem a ver com o FRANCISCO. Um é o PAPA nosso, o outro é o PAPA de todos. Feliz do povo que tem dois papas!
O professor Gino, antigo morador de nossa cidade, deixou sua terra natal e aqui se radicou. Constituiu família, foi professor de Latim e de Ciências, no antigo Ginásio Dom Bosco. Ah! Lecionou também matemática.
Aqui conheceu a Amélia Lichoto, com ela se casou, tendo os filhos Alexandre e
Ângela Maria. O casamento, ocorrido em 08-12-1951, foi abençoado pelo saudoso Padre Nunes. O fotógrafo? Claro, Sr. Felix Buissa.

Há muitas estórias, histórias e ‘causos’ sobre ele. Muitos ex-alunos devem se lembrar da sineta e do suporte de papeletas de chamada, que ficavam sobre a mesa, em sala de aula.
Lá fiz o curso ginasial e pude conviver com o mesmo. Bom professor e bom amigo. Posteriormente voltei a ser seu aluno no Curso Clássico, do Capitão Porfírio. Foi, também paraninfo de minha turma: 5 alunos.
Professor nunca foi bem remunerado, todos sabemos, desde aqueles velhos tempos! Foi, também, Diretor de Escola, no Capitão e na cidade de General Salgado. Vereador em nossa cidade, no período de 1973-1976.

Como não sabia ficar parado vendo a banda passar, adquiriu uma das chácaras, nos altos da Vila Aparecida, próxima ao “Pindura Saia”, mais exatamente no final da atual Rua Tiradentes. Sempre cheio de ideias avançadas teve a feliz iniciativa de fazer um loteamento dessa área. Um fato inédito para a época.
Lembro-me que, no dia do lançamento imobiliário, fez um churrasco para os amigos, lá na chácara, debaixo de algumas mangueiras. Muitas pessoas presentes, até porque o churrasco era de graça. Ah! O chopp também.
Começou a vender os lotes, ao mesmo tempo em que eram abertas as ruas.
O nome do loteamento foi escolhido, lembrando suas origens: Jardim Europa. Você já pensou, ter um Jardim Europa, em plena Monte Aprazível? Era prá encher o peito de orgulho!
Tudo correu às mil maravilhas.
Hoje, este loteamento, digo, o Jardim Europa, muito importante, é parte integrante de nossa Cidade, e está cercado por vários outros bairros, que arrastaram nossa urbe até à Rodovia Estadual.
Tudo funcionando perfeitamente, até agora. Nada de errado!
Péra lá. Você, meu amigo, conhece algum Bairro Jardim Europa, em outras cidades, com ruas chamadas Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná etc etc?
Será que aí tem alguma coisa errada?
Acho que isso só acontece em Monte. Coisas prá se pensar!
Lá, de cima, deve estar pensando: “E a minha querida Rua Itália, onde fica?”
Isso, só Deus sabe…
Talvez tenha ficado no coração dos amigos…
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