Walter Spolon: “Splish splash!”
- A Voz Regional
- 19 de jan. de 2017
- 3 min de leitura
CINE SÃO JOÃO:
Você se lembra? Tempo dos namoros ‘escondidos’, mas que todo mundo já sabia. Tempos memoráveis das matinês e dos filmes de Rock Lane, Roy Rogers e seu cavalo Trigger, Randolf Scott, Tom Mix, Zorro, Tarzan e a Chita e tantos outros, que disputavam a preferência da meninada e da moçada. Tempo do filme branco e preto, da tela pequena. Tempo que, quando estava na melhor parte, queimava a fita. Acendiam as luzes e muita gente tinha que ficar abaixado. Aí, o Zimba, o Nina, ou o Sr. Nassibo Sidinani tinham que emendar a fita para continuar a projeção. Passado o imbróglio, recomeçavam, também, os namoros.
Tempo dos seriados. A cada semana passava uma parte e, no auge da cena, aparecia a mensagem “Continua na próxima semana”. Mais sete dias de espera, para saber o que ia acontecer com o mocinho e os bandidos! Aí surgiam as apostas entre a meninada.
A tela Cinemascope, só chegou em 1958. Que progresso!
Tempo em que na Bilheteria, trabalhava a Sra. Vitória Sidinani (durante 20 anos); na Portaria, a Sra. Cida. Havia, também, logo na entrada, uma Bomboniere, (Dona Nice), que vendia chocolates e balas, principalmente Chita e Pipper, e nem precisa falar o motivo. A pipoca e amendoim eram vendidos do lado de fora do cinema. Era proibido entrar com eles. O pipoqueiro era o Sr Ornelas.
Somente na segunda-feira, não eram projetados os filmes. Nas principais esquinas eram colocados os “outdoors” anunciando os eventos.
Às quintas e domingos, o Padre Nunes liberava um grupo de internos, do Ginásio Dom Bosco, para assistir aos filmes. Vinham acompanhados de um assistente.
O prédio do Cine São João foi reformado três vezes. O engenheiro responsável foi o Sr. Guido Bignotti.
Incrível, como esse local marcou época de várias gerações em nossa cidade!
Seu proprietário, Edgard Mario Soares, o Sr. Dida, como era carinhosamente chamado, teve um papel atuante em nossa cidade. Foi vereador, na época do Dr. Junio Teixeira de Carvalho, Dr. Hyeróclio P. Barros, Dr. Daniel Laguna, Dr. Raul Vieira Luz e outros cidadãos abnegados. Eles eram vereadores que trabalhavam pelos munícipes, sem quaisquer salários. Nada a ver com os atuais.
Sua esposa, Dona Ezilda, e os filhos Nilda Maria e Mário Ângelo, marcaram época em nossa cidade. Sua casa, ao lado do cinema, onde hoje mora o casal Sandra Regina e Celso Spúrio, ainda mantém as mesmas linhas, assim como o prédio do cinema. Além da residência na cidade, eram proprietários de um dos lugares mais bonitos de nossa cidade, local onde hoje está e Centro do Professorado Paulista (CPP), conhecido à época como Didápolis.
Fundado em 1943, o Cine São João trouxe à nossa cidade muitos artistas, que faziam enorme sucesso: Mazzaropi, Mário Zan (aquele do acordeon, do tempo do “Quarto Centenário” da cidade de São Paulo), Mário Mascarenhas e as Vedetes (a principal era a Conchita Mascarenhas), Jerry Adriani, Elza Soares, Beth Carvalho e tantos outros. A Orquestra Casino de Sevilla, do maestro Hector Lagna Fieta também passou por lá.
Tempos dourados!
Em 1971 o Cine São João, depois de memoráveis 38 anos, foi vendido ao Sr. Otávio Quarezemin, pai do saudoso e querido, José Otávio.
SPLISH SPLASH
Agora vamos ao “Splish Splash! Fez o beijo que eu dei, dentro do cinema …”
É, amigos! Ele fez questão de conhecer o saudoso Cine São João. Isso mesmo! O “Rei” Roberto Carlos, também ali se apresentou, no início de sua carreira. E, àquela época, o “cara” já lotava os locais onde cantava. Uma multidão ali compareceu para saudar, conhecer, ouvir e cantar junto suas canções. Quem ali esteve voltou para casa feliz da vida. Não é sempre que se tem um “Rei”, na cidade, não é?
Terminado o show, o “cara” saiu voando no seu carango, a duzentos por hora, após o “Splish Splash” dentro do cinema.
Bye, Bye!!!
Rooaaaammmmmmm. Ih! Parei na contra-mão!!!
Esse cara sou eu… O Rei!!!
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