Alta “estúpida” do índice de aluguel coloca proprietários e inquilinos para negociar
- A Voz Regional
- 1 de fev. de 2021
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Reajuste do aluguel mais que quintuplica e tumultua mercado de locação de imóveis
O índice de reajuste do aluguel em janeiro foi de 23,14%, uma coisa meio estúpida já que a inflação foi de 4,5%. A disparada do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) que legalmente é usado para correção de contratos de aluguel levantou discussões sobre sua troca por outro índice de inflação. Como aconteceu em março do ano passado, com a chegada da pandemia, senhorios e inquilinos estão sendo obrigados a sentarem à mesa para discutir redução nos valores.
Edmundo Maia dos Santos Junior, da Imobiliária Santa Rosa, em Tanabi, diz que diante da atual situação econômica não é possível tal reajuste com o índice do IGP-M. “Pela realidade de mercado hoje a aplicação do índice nesse patamar não teria condições de ser absorvido pelo mercado. Certamente se o imóvel estiver locado a tendência é ser desocupado e se estiver vazio deverá continuar desocupado. Houve um aumento de demanda, mas ainda incapaz de desequilibrar oferta e procura de modo a permitir qualquer aumento nos valores dos alugueis”.
Diante dessa situação, Edmundo diz que a negociação é o que permite que estando o imóvel locado permaneça ocupado e estando o imóvel vazio seja ocupado. “Há um ano, alugueis não são reajustados o que tem permitido que os imóveis permaneçam locados evitando a rotatividade e perda de receita de aluguel. As negociações têm ocorrido com maior intensidade nos imóveis residenciais e em escala menor com os comerciais, que tinham desconto no valor, retornaram ao valor original”, diz.
Nora Neide Paz Landin Alves, da Imobiliária Casa Branca, diz que os valores dos alugueis estavam defasados e com esse reajuste ficarão próximos ao valor atual de mercado.
As negociações, de acordo com ela, têm sido realizadas de forma particular e de acordo com o interesse das partes. “Não há regras para dimensionar essas negociações, apenas a compreensão dos envolvidos”. As negociações, segundo ela, ocorrem tanto com imóveis residenciais como comerciais.
Ela diz que as negociações recrudescem quando falta discernimento à atual situação do mercado imobiliário e do país. “Tirar vantagem econômica ou não querer abrir mão de ganhos de capital podem dificultar as negociações”, diz.
Nora explica que cada índice reflete um segmento de mercado. O IGP-M mede o custo dos insumos mais amplo, com caráter macroeconômico, não limitado aos produtos e serviços consumidos regularmente pela população. Entram no cálculo do IGP-M insumos agrícolas, commodities agrícolas e minerais, passagens aéreas, máquinas industriais. Com a alta generalizada nos produtos de exportação brasileiros, aumento do dólar que encareceu petróleo, máquinas e tecnologias importadas, o IGP-M explodiu, afetando as renovações contratuais não só os imobiliários.
Ela diz ainda que “vimos no ano passado e início deste ano, após anos de estabilidade, um aumento gradual nos meses subsequentes a pandemia, devido a parada na produção e facilidade na exportação”, encerra.
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