Auxílio Emergencial pela metade vai atrasar retomada da economia, prevê comércio
- A Voz Regional
- 10 de set. de 2020
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Famílias de trabalhadores informações temem pelo equilíbrio das finanças domésticas
O novo valor do auxílio emergencial que vai reduzir para R$ 300,00 os R$ 600,00 e também pela metade os R$ 1,2 mil para mães chefes de família vai atrapalhar a retomada econômica com a provável volta da normalidade nas próximas semanas e os beneficiários terão dificuldade de equilibrar o orçamento familiar.
Para Giuseppe Maset Junior, da Matriz Móveis, a expectativa na diminuição do auxílio emergencial vem de encontro a volta à normalidade, “lógico que com medidas de segurança. A economia do país precisa ser retomada urgentemente. No meu ramo, por falta de matéria prima as mercadorias têm subido até semanalmente e aumentos abusivos, que beiram 30, 40 e até 50%. Não creio que o comércio seja o grande propagador do vírus, se nos precavermos devemos voltar ao trabalho, até mesmo porque o governo não tem como bancar nada mais que isso”.
Mas Maset diz que certamente a diminuição no valor do auxílio vai agravar ainda mais o comércio, “mas devemos entender que o governo também perdeu receitas e não teria como pagar os R$ 600,00, por isso reforço que devemos voltar à normalidade o mais breve possível”.
Maset diz não efetuar vendas diretamente no cartão do auxílio emergencial porque não considera justo um dinheiro voltado basicamente para alimentação e saúde ser desviado para compra de mercadorias supérfluas.
Ana Lúcia dos Santos Barravieri, da loja Unica, diz que no seu segmento acredita que a diminuição do valor do auxílio emergencial impactará pouco. “São poucas as clientes que eu tenho que receberam o auxílio, por isso para mim afetará pouco”. Mas ela acredita que a medida afetará de modo geral a retomada no crescimento econômico.
Apesar de serem poucas, Lúcia tem efetuado vendas diretamente com o cartão do auxílio emergencial. Ela diz que os artigos mais vendidos nesse caso são cuecas e calcinhas.
Cleonice Lulio Priuli, da Loja Líder, diz que a diminuição do valor do auxílio emergencial impactará na diminuição de vendas do comércio em geral. “Primeiro a pessoa gasta com alimentação, depois gastava no comércio pagando uma prestação, comprando uma roupa, um calçado, agora com a diminuição do valor provavelmente a pessoa empregará os R$ 300,00 na alimentação, aí o comércio ficará só na expectativa do consumo e o consumidor não virá”, comenta.
Ela também acredita que a medida “em parte” vai afetar o crescimento econômico. “O ramo de alimentação de produtos crus e preparados não creio que seja afetado, mas o consumo de artigos não essenciais sofrerá bastante com a redução do valor”.
Eloíza Dantas Molina, do supermercado SuperEconômico, diz que o consumo certamente diminuirá em razão da redução do valor do auxílio emergencial. Mas ela se diz otimista porque “em nenhum lugar do mundo teve um auxílio assim, então acho que não será tão feio como se pinta, acho que será menos sofrido. Achei que com a pandemia ia ser bem pior, mas está sendo ameno, ainda tem consumo”.
Eloíza efetua vendas diretamente no cartão do auxílio emergencial e diz que os produtos mais comprados são alimentos básicos como arroz, feijão, carne, legumes e verduras.
Equilíbrio
O auxílio emergencial tem servido para complementar a renda de profissionais que tiveram redução no trabalho por conta da pandemia como é o caso da manicure Elisabeth Borges de Souza e da diarista Eliana Cristina Rodrigues.
Elisabeth que trabalha há longos anos como manicure diz que tem a profissão e não vive apenas do auxílio emergencial, mas afirma que ele serve de complementação da renda já que a procura por unhas caiu em razão da pandemia. Ela espera que possa voltar a trabalhar na mesma intensidade de antes e não precise mais do auxílio emergencial. “Temos que ter consciência que mais cedo ou mais tarde não teremos mais o auxílio, então não podemos nos apegar a ele. Nossa expectativa é que essa crise passe o mais rápido possível”.
Elisabeth diz que “essa renda extra me ajudou a equilibrar o orçamento nesse momento de crise, uma vez que como autônoma fiquei vulnerável com a diminuição de clientes durante a pandemia”.
A diarista Eliana diz que está recebendo R$ 1,2 mil porque é mãe e chefe de família de três crianças e que o valor a ajudava muito, mas com a diminuição “vai ficar ruim, porque é insuficiente para comprar comida, já que os produtos subiram demais. As coisas no mercado encareceram muito então a diminuição será muito ruim para gente”.
Eliana diz que o auxílio emergencial tem fundamental importância na complementação de sua renda e a ajudava a equilibrar o orçamento familiar no momento em que o número de faxinas caiu por causa da pandemia. “Me ajuda muito desde comprar comida até remédio. complementa meu salário”, conclui.
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