Cleusa dá a volta na Covid e adversários, retorna à prefeitura e assume candidatura
- A Voz Regional
- 11 de nov. de 2020
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Justiça restitui mandato de prefeita de União que Câmara quis cassar por motivação política
Por decisão da desembargadora Luciana de Almeida Prado Bresciane, integrante da Segunda Turma do Tribunal de Justiça de São Paulo, Cleusa Gui Martins retomou seu cargo de prefeita de União Paulista e reiniciou sua campanha para ficar no cargo por mais um mandato.
A desembargadora entendeu haver motivação política e de cunho eleitoral devido às eleições municipais na decisão da Câmara em instaurar processo de impeachment e na decisão dela em tirar a prefeita do cargo, já que a denúncia utilizada pelos vereadores contra a prefeita, foi a mesma arquivada pela Justiça. “Se é certo (que o Ministério Público não acatou a denúncia), menos ainda, em meio a intensa disputa política, (é certo) os adversários deliberarem, com base nos mesmos fatos que foram considerados insuficientes no âmbito penal e da ação de improbidade administrativa, e às vésperas da eleição, sirvam para depor um prefeito do cargo que foi regularmente eleito”, justificou a desembargadora na sentença.
A denúncia se refere a uma licitação feita pela prefeitura, em 2018, no valor de R$ 26 mil para aquisição de material de uso na assistência social, de empresa da cidade, cuja proprietária é mãe de funcionária da prefeitura. O Ministério Púbico não viu nada de irregular no processo.
Ao rever o episódio do processo que retirou a prefeita Cleuza Gui Martins do cargo, só resta a motivação política da disputa eleitoral. Depois do arquivamento da denúncia no Ministério Público, o presidente da Câmara, Fabio Júnior, instaurou processo na Câmara, no ano passado
À época, o Legislativo de União era composto por quatro vereadores da base da prefeita e por cinco oposicionistas e para a cassação do mandato seriam necessários seis votos.
Cleusa lembra que, como a oposição perderia no voto, a estratégia foi usar a Justiça para empurrar a decisão pra frente. A ideia foi tentar na Justiça a declaração de impedimento do vereador Edinho Silva, usando como argumento o fato dele ser genro da dona da loja que forneceu o material, e convencer seu suplente, a votar contra a prefeita.
Com a pandemia, as decisões judiciais ficaram mais lentas e o cenário político entrou em fervura devido à proximidade das eleições. A vice-prefeita, Ivone Soligo, assume o papel de candidata e discute-se a possibilidade de Fábio Junior ser seu vice. O que de fato aconteceu.
O coronavírus foi implacável e cruel com a prefeita. Contaminada, ela ficou semanas no hospital, intubada, sem capacidade de reação aos movimentos dos adversários. Seu marido, também, contraiu o vírus e veio a falecer.
Os adversários se aproveitam da fragilidade da prefeita. Aliada e defensora de Cleusa na Câmara, a vereadora Kendrea Papile, se lança como prefeita na disputa eleitoral. Edinho Silva, já liberado pela Justiça para votar no processo de cassação, aceita ser o vice de Kendrea. Ivone e Fábio formalizam a união.
Estava desmontada na Câmara a base da prefeita. Não tinha nenhuma Justiça a se esperar da Câmara, os adversários foram implacáveis e retiraram de Cleuza o mandato e a possibilidade de se candidatar a um novo mandato. A perda do mandato, ocorreu no dia 5 de setembro, a quinze dias do registro dos candidatos na Justiça Eleitoral.
“Eu considerei uma extrema injustiça, pois não fiz nada errado, nada irregular. Eu fui punida pela Câmara por ter feito uma boa administração e, como candidata, iria atrapalhar os planos pessoais de muita gente. Mesmo em recuperação da Covid, com o apoio da maioria da população, nem sei de onde tirei força para lutar pelo meu mandato, para recuperar minha honra e dar uma satisfação aos eleitores de União Paulista e provar que conduzi a administração na cidade de forma honesta e dedicada. Agora me sinto muito forte, com a população e a Justiça acreditando na minha inocência”, anunciou Cleusa.
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