Sem investir em bem-estar, Monte e Tanabi “não olham para o futuro”, segundo Firjan
- A Voz Regional
- 12 de nov. de 2019
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Atualizado: 5 de set. de 2020
Os dois municípios têm capacidade muito baixa de investimento e suas gestões são avaliadas como em dificuldade
Tanabi e Monte Aprazível são classificadas pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro como cidades que “não olham para o futuro” por investirem muito pouco em bem-estar da população e não criarem ambiente favorável aos negócios. Não estão sozinhas, mas acompanhadas de um pelotão de municípios brasileiros com índices de gestão ruim de forma geral e muito ruim no quesito investimento, quer dizer, no que realmente faz diferença para a população e para o mercado de trabalho.
A Firjan, desde de 2012, analisa os números oficiais fornecidos pelas próprias prefeituras aos órgãos federais. Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 233 deixaram de apresentar seus dados de 2018 e Monte Aprazível é um deles. Os últimos dados disponíveis, do exercício base de 2017, revelam quadro assombroso, com baixo controle da folha de pagamento e nível de investimento próximo de zero, que colocaram a gestão na lona, a apenas cinco décimos do nível crítico, o mais baixo da avaliação. A avaliação da cidade para o exercício que foi de 0,45 de um máximo de 1, o nível de excelência. A Federação define a nota de 0,6 a 0,8 como de boa gestão, de 0,4 a 0,6 como gestão difícil e abaixo de 0,4 como gestão crítica.
O Índice Firjan de Gestão Fiscal é o somatório das avaliações feitas sobre autonomia (capacidade de gerar receita para manter a estrutura administrativa), gestão de pessoal (folha de pagamento), investimento (obras e serviços) e liquidez (caixa no final do exercício para quitar pagamentos postergados).
Os números de 2017 dizem respeitos à administração de Nelson Montoro, cassado em maio do ano seguinte. Porém, da série das últimas seis avaliações, o pior desempenho, de 0,37, foi na administração de Mauro Pascoalão, em 2015, classificada de crítica. Em 2013, a gestão de Mauro também foi ruim, tida como difícil, com índice 0,47. Nos anos 2014 e 2016 tiveram classificação boa, respectivamente, de 0,63 e 0,62.
O prefeito Márcio Miguel disse desconhecer os motivos da ausência dos números de Monte Aprazível relativos a 2018 no ranking do Índice e prometeu averiguar.
Em 2018, Márcio foi responsável por seis meses e meio da gestão e tomou as primeiras medidas de controle sobre a folha de pagamento, austeridade nos gastos e elevação de receita. Ele acredita que, mesmo diante do pouco tempo, os índices melhoraram, conforme já atestaram, segundo ele, os órgãos de controle fiscal e financeiro do Estado. O índice geral de 2019 deve ser melhorado com os investimentos feitos neste ano, principalmente na infraestrutura, com recapeamento e melhorias em instalações de prédios públicos.
Tanabi
Os índices de Tanabi são mais regulares, mas em todos os anos, desde 2013, nunca esteve em um patamar de boa gestão, mas também nunca desceu ao estágio crítico, padecendo do mesmo mal de Monte Aprazível, com baixo nível de investimento e folha de pagamento elevada.
Em seu primeiro ano de mandato,2017, o prefeito Norair da Silveira investiu muito pouco na cidade em obras, infraestrutura e serviços, ficando no rasteiro 0,12. Com investimento baixo, conseguiu melhorar a liquidez, sem elevar o índice geral, que ficou um ponto abaixo do que lhe entregou sua antecessora, Bel Repizo, com índice de 0,52.
Já em 2018, a melhora foi significativa no índice geral, ficando apenas 0,4 pontos de alcançar a faixa de boa gestão, graças à elevação do investimento, mesmo com maior descontrole com a gestão de pessoal e diminuição da liquidez.
Tanabi não só tem investido pouco e quando o faz é de pouco relevância para o conjunto da população, como a pavimentação da marginal da rodovia Euclides da Cunha, julgada como desnecessária ou não prioritária por lideranças políticas da cidade.
Sem o índice de Monte Aprazível de 2018, não é possível comparar o desempenho entre as duas cidades. No ranking nacional de 2018, Tanabi ocupa a 1.737ª posição e a 293ª do ranking estadual. Considerando a posição de Monte de 2017, a cidade fica na posição 2.266ª e 385ª. As duas cidades ficam no pelotão de 49% das que “não olham para o futuro”.
Certo também é que estão distantes dos municípios paulistas com os piores desempenhos, que são eles, em ordem crescente, Álvares de Carvalho, União Paulista, Balbinos, Nova Castilho e Muritinga do Sul, como estão distantes dos melhores, em ordem decrescente, que são Gavião Peixoto, São Pedro, São Bernardo do Campo, Santana do Parnaíba e Iperuna. A lista dos melhores deixa evidente de que eficiência tem tudo a ver com gestão e nada com tamanho. Estão nela, quase vilas rurais, como Gavião, quase metrópoles de um milhão de habitantes, como São Bernardo ou cidades médias, seis vezes maior do que Monte e Tanabi, como Santana.
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