A arquitetura funerária ficou mais democrática
- A Voz Regional
- 31 de out. de 2016
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Apesar da aparência muitas vezes triste, os cemitérios, principalmente os mais antigos, podem guardar ricas surpresas para quem se dispõe a procurar. Alguns constituem verdadeiras galerias de arte a céu aberto. Até um passado recente havia demarcação social na escultura tumular. Mas a arquitetura funerária começou a mudar com a entrada do granito e dos revestimentos cerâmicos no mercado. Até que por fim, devido aos roubos de bronze nos cemitérios, os túmulos passaram a ser mais simples, “clean”, segundo a arquiteta Rafaela Cristina Avellar Sbróggio. “Sem muita informação”.
Antigamente, de acordo com Rafaela, eram comuns túmulos ou jazigos com esculturas em bronze, capelas, crucifixo. Eram túmulos ornamentados, que muitas vezes demarcavam a classe social a que o morto pertenceu. “Hoje os túmulos são mais clean, mais limpos, sem muita informação, retos e sem objetos em cima, a não ser vasos”, diz.
Ela conta que o mármore, muito usado na arquitetura tumular do passado foi substituído pelo granito em razão “dele dar um bom acabamento, com cantos arredondados e ter um bonito aspecto, além de ser de fácil limpeza”.
Ela diz que “antigamente a demarcação social era mais intensa por conta do mármore, usado em jazigos de famílias abastadas e os mais simples eram de tijolo rebocado e pintado. Depois, essa demarcação diminuiu quando entrou o granito e os revestimentos cerâmicos, mas agora praticamente se igualou, porque em razão dos túmulos serem mais compactos já se usa praticamente só o granito, o que nivelou a aparência das mastabas”. Mastabas é a denominação dada pelos arquitetos às antigas tumbas, que depois passaram a se chamar túmulos.
A arquiteta diz que o mármore atualmente é pouco usado, em razão do preço e também por ser um material que absorve água e sujeira. “Atualmente é raro usar mármore para revestir túmulos”, encerra.
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