A crise bateu no estômago
- A Voz Regional
- 6 de fev. de 2017
- 3 min de leitura
Restaurantes tradicionais sofrem com custos e queda de clientes e faturamento, enquanto espaços inovadores, conquistam a clientela pela boca
Os efeitos da crise econômica repercutem em um dos setores que vinha vindo muito bem, que é o de alimentação fora de casa. Restaurantes tradicionais e pioneiros, como a Pensão da Dona Maria, acumularam queda média de 20% no ano passado.
Marilene Martins de Souza Lima, gerente da Pensão da Dona Maria, conta que do início de 2016 para cá o movimento no restaurante “caiu bastante. Entre 20% a 25%. O que nós percebemos é que a queda se deu entre pessoas da cidade, os funcionários de empresas que almoçam conosco continuam na mesma proporção”.
O resultado da queda no movimento foi a diminuição do lucro. “Estamos mantendo o preço praticado desde o começo da crise, porque se repassarmos as altas que tivemos nos produtos o cenário fica pior. Então o jeito foi diminuir a margem de lucro para tentar manter a clientela”, diz.
Aldo de Oliveira, gerente do Restaurante da Vilma, outro tradicional da cidade, diz ainda não ter percebido queda no movimento, mas conta que os gastos “aumentaram bastante”, forçando a diminuição da margem de lucro. “Gás, impostos, legumes, verduras, feijão, carne, enfim, praticamente todos os produtos subiram o que diminuiu nossa margem de lucro, já que depois de um ano praticando o mesmo preço, corrigimos nosso preço em apenas R$ 1,00 porque se aumentar muito fica pior. A saída é diminuir a margem de lucro para manter a clientela”.
Mesmo com esse cenário, Aldo diz que “perto do setor de vestuário e calçados, entre outros, nós do setor de alimentação não podemos reclamar, porque apesar dos aumentos dos produtos ainda estamos suportando”.
Conquistando o cliente pela boca
O que parece não ter sido afetado ainda pela crise são os bares e lanchonetes, especialmente aqueles inaugurados no final do ano passado. Valmir Salvioni, proprietário da Cachaçaria Santo Graal, inaugurada há dois meses em Monte Aprazível, diz que desde que abriu seu movimento vem se mantendo bom. “Sei que o bom movimento está relacionado a época em que abri, no final do ano, período de férias, em que as pessoas estão de passagem pela cidade, quando recebem o 13º salário, fatores que aumentam o movimento do comércio, mas meu movimento vem se mantendo igualmente bom agora em janeiro e acredito que uma das razões sejam os preços acessíveis que estamos praticando, adequados ao poder econômico da cidade. O lucro é reduzido, mas tem uma rotatividade de vendas maior, e é o que acaba atraindo o cliente”, comenta.
Indagado sobre motivo que o fez abrir um negócio em meio à crise econômica, Valmir diz que “sempre tive o sonho de abrir um comércio noturno no ramo de alimentação, um negócio que atendesse vários tipos de publico, por isso, criamos as opções de espeto, lanches e porções frias e quentes variadas, além da diversidade de bebidas que oferecemos. É uma casa aberta para o happy hour e para o pessoal ir se prolongando. Abrimos de terça a sábado a partir das 17 horas, temos o happy hour para quem sai do serviço e depois vai chegando a família, que no final da noite sempre come um lanche”.
José Roberto Coelho Filho também inaugurou um negócio no setor de alimentação em meio à crise econômica. A pouco mais de um mês ele abriu a Rocca Comidaria, um restaurante com uma filosofia nova de trabalho: comida saudável. José Roberto diz que o fato de comer muito fora o fez vislumbrar o nicho de mercado de comidas saudáveis. “Quem come fora todos os dias procura preço e qualidade e estava atrelado apenas as opções de restaurante a la carte ou self service, percebemos que havia espaço para um novo perfil de restaurante”.
A comidaria, segundo Roberto, induz a alimentação saudável. “Servimos primeiro um mix de 4 folhas com frutas e molhos especiais, só depois servimos o prato principal do dia que é composto de arroz, feijão, carne e dois acompanhamentos. Sempre temos uma segundo opção de carne, que geralmente é um frango grelhado”, conta.
A exemplo da cachaçaria Santo Graal, na comidaria não foi sentido queda no movimento, ao contrário, “temos ganhado espaço, começamos servindo cerca de 40 refeições por dia, agora estamos servindo cerca de 70, sem contar com os marmitex vendidos”, diz.
A comidaria atende de segunda a sábado das 11h às 14 horas e seu público, de acordo com Roberto, durante a semana é composto por bancários, comerciários, funcionários públicos, enquanto que no sábado, quando a casa oferece sua especialidade, que é a feijoada, é mais comum a presença de famílias da cidade. Roberto também menciona o preço acessível como fato que acredita estar atraindo clientes mesmo em meio a crise. (R.G.)
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