Caixa Federal anuncia liberação de dinheiro para a safra 2017/18
- A Voz Regional
- 23 de jan. de 2017
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Valor mínimo disponível é de R$ 30 mil para o custeio, com prazo de até dois juros de 9,5%, taxa mais elevada a cobrada pelo BB
A Caixa Econômica Federal anunciou a liberação de R$ 6 bilhões para a linha de custeio antecipado, que fornece crédito para o produtor rural. Os recursos irão custear as lavouras no plantio da safra verão 2017/2018 em 270 dias antes do cultivo.
A linha de financiamento, segundo a gerente da Caixa em Monte Aprazível, Kelly Rodrigues Araújo, vai atender as culturas de algodão, alho, amendoim, arroz, café, cana-de-açúcar, cenoura, feijão, girassol, laranja, maçã, mandioca, milho, soja, sorgo, tomate, trigo e uva.
O crédito, de acordo com ela, está sujeito a análise e enquadramento na cultura. O valor mínimo oferecido pela linha de crédito é de R$ 30 mil. O prazo para custeio é de até dois anos, com 9,5% de juro ao ano.
Não há prazo para a solicitação do empréstimo pelo produtor rural. O crédito cobre despesas da produção agrícola como aquisição de insumos, sementes, fertilizantes e defensivos e pode ser obtido por meio da linha de crédito Custeio Fácil.
A Caixa, segundo a gerente, possui ainda custeio pecuário para as atividades de bovinocultura de leite e corte, suinocultura e avicultura de corte. “Fazemos também custeio para cooperativas. Nesse caso, mais informações podem ser obtidas na agência”, diz.
A Caixa possui também financiamento para investimento. Dentre os investimentos fixos estão disponíveis financiamentos para construção, reforma ou ampliação de cercas, construção de galpões, construção de currais, aquisição de máquinas e equipamentos destinados à armazenagem de grãos, formação ou recuperação de pastagens, para bovinocultura, proteção, correção e recuperação do solo, aquisição de tronco de contenção para bovinos e aquisição de sistemas completos de irrigação.
Entre os investimentos semifixos, estão compreendidos os financiamentos para aquisição de bovinos para reprodução, cria ou serviço, aquisição de máquinas e equipamentos, aquisição de caminhões com ou sem carroceria e aquisição de implementos agrícolas, tratores, colheitadeiras e similares.
A taxa de juros para todas as modalidades, segundo Kelly, é subsidiada de acordo com o Plano Safra, sendo que para médios produtores é de 8,5% ao ano e para grandes produtores é de 9,5% ao ano.
BB
O Banco do Brasil, principal agente financeiro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), disponibiliza aos clientes produtores familiares, soluções especialmente voltadas para suas necessidades, dentre eles crédito para custear as despesas da produção agrícola e pecuária. Com ele, técnicos do Banco do Brasil, afirmam que o produtor rural adquire sementes, fertilizantes, defensivos, vacinas, ração e outros itens necessários para o dia a dia da produção.
A taxa de juro varia de 2,5% a 5,5% ao ano e o prazo de carência varia de 1 a dois anos, dependendo da atividade.
O BB possui também o Pronamp Custeio, crédito destinado a apoiar o médio produtor rural, de forma a promover o desenvolvimento de suas atividades rurais. Com ele o produtor rural pode financiar as despesas do custeio da produção agrícola e pecuária, proporcionando aumento da renda e geração de empregos no campo.
Os beneficiários dessa linha são produtores rurais que tenham renda bruta de até R$ 1,76 milhões por participante no empreendimento e que, no mínimo 80% de sua renda seja originária da atividade agropecuária ou extrativa vegetal.
O limite financiável é de até R$ 1,5 milhão por beneficiário/ano agrícola. A taxa de juros é de 8,5% ao ano e o prazo para custeio agrícola é de até dois anos e custeio pecuário de até 1 ano.
CRÉDITO CARO E BUROCRÁTICO
Desde que a crise nacional se agravou, muitos especialistas em economia vem afirmando que o setor que está carregando o país é o agropecuário. Isso porque a produção de alimento é uma das atividades que, teoricamente, não pára, já que o consumo é praticamente mantido mesmo em períodos de arrocho financeiro. Acontece que no campo, os produtores também estão sentindo os efeitos da crise e reclamam dos altos preços cobrados por insumos, sem falar nas dificuldades para liberação de crédito rural nos principais bancos do país.
O presidente do Sindicato Rural Patronal de Monte Aprazível, Diogo Martins Arruda, diz que são muitas as exigências e garantias pedidas para a liberação de crédito rural, o que inviabiliza a obtenção do crédito por muitos produtores. “Além disso, não se tem um seguro para o agronegócio e quando tem é algo caríssimo, o que inviabiliza o pagamento. Sem falar que os juros para a agricultura são caros, porque a agricultura depende do clima e ninguém controla a natureza”, comenta.
“O que nós pedimos – diz Diogo – é facilidade no crédito, principalmente para o pequeno e médio produtores, porque atualmente 68% dos produtores rurais do Brasil são pequenos e médios. Precisa ter um olhar diferenciado para esses produtores”.
Ele menciona que o agronegócio representa 22% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil “e o governo e as instituições financeiras tratam o setor como investimento de risco. O setor agrícola é o que menos representa perda para os investidores. Os investidores na área agrícola perdem em torno de 5% a 8% enquanto que o restante é perdido com o comércio e a indústria. O setor mais honesto é o agrícola, o produtor só não paga se teve problema com a produção, caso contrário ele paga. Já nos demais setores, seja privado ou estatal, são comuns os calotes”, enfatiza.
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