Cana não deverá ser afetada com eleição de Trump
- A Voz Regional
- 22 de nov. de 2016
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Setor enxerga que medidas de proteção da economia dos EUA devem causar pouco impacto com o Brasil
Os Estados Unidos são atualmente o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China. A eleição de Donald Trump como o 45º presidente dos Estados Unidos poderia ser boa para os interesses econômicos do Brasil, não fosse o novo presidente um defensor ferrenho de políticas de proteção da economia interna, e ter proposto renegociar acordos comerciais firmados pelos Estados Unidos para preservar empregos no país e reduzir o déficit americano nas transações com o resto do mundo.
A Voz Regional conversou com um especialista do setor sucroalcooleiro para entender como ele poderia ter ainda mais problemas caso o novo presidente dos EUA passe a adotar medidas protecionistas para estimular a produção e comércio dentro dos Estados Unidos. João Sizuniro Aoki, coordenador agrícola da Associação de Plantadores de Cana da Região de Monte Aprazível (Aplacana), acredita que as possíveis medidas protetivas não devam atingir diretamente o setor.
“Creio que diretamente, as possíveis medidas protetivas a serem adotadas pelo governo Trump não atingirão o setor sucroalcooleiro de modo preocupante, até porque o nosso etanol é canalizado mais para o mercado interno que o externo”, diz. De acordo com Aoki, no passado o Brasil importou etanol dos Estados Unidos, e explica que em outubro, se exportou menos de 100 mil litros de etanol.” Uma quantidade irrisória em relação ao produzido. E o açúcar, principal produto do setor para exportação, é destinado para a Ásia, Europa e África”.
O coordenador ainda ressalta que os efeitos pos-Trump podem ser indiretos, porque as medidas protetivas poderão afetar a economia dos países importadores dos derivados de cana de açúcar do Brasil, principalmente da China, que exporta muito para os Estados Unidos e tendo queda nestas exportações, poderá reduzir as importações para equilibrar o balanço de pagamento.
Cotação do dólar pode ajudar
O dólar instável e voltando a disparar pode ser um aliado para as exportações. Aoki diz que a moeda norte-americana alta favorece as exportações, principalmente dos produtos agropecuários.”No agro, exportamos mais que importamos”.
Ele conta que o Brasil tem tido superávit na balança agro nos últimos anos, cobrindo inclusive o déficit dos outros setores. “Se não tivéssemos este superávit no balanço agro, o balanço de pagamento brasileiro seria negativo. É claro que, também o dólar alto, prejudica o setor na medida em que o custo de produção é elevado em função da elevação dos preços dos insumos que são importados. Mas, felizmente, esta elevação do custo de produção dos insumos importados não compromete o preço de exportação”.
Porém, João faz um alerta. “Se as exportações caírem, todas as empresas ou setores que dependem do mercado externo terão seus faturamentos em queda e terão de readequarem as suas produções para a nova demanda. O balanço de pagamentos do Brasil poderá ficar deficitário. O cenário ficará pior para as empresas que utilizam matéria prima importada e destinam as suas produções para o mercado interno”.
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