Cantinas não venderão mais refrigerantes em escolas infantis por iniciativa dos fabricantes
- A Voz Regional
- 15 de ago. de 2016
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Os grupos Coca-Cola, a Ambev e a PepsiCo deixaram de vender refrigerantes a cantinas de escolas com crianças de até 12 anos e oferecem a partir deste mês apenas água mineral, suco, água de coco e bebidas lácteas que atendam a critérios nutricionais específicos. As companhias afirmaram, em comunicado, que a estratégia faz parte de uma mudança no portfólio de bebidas para escolas em todo o país. Segundo as empresas, a venda de produtos nos colégios terá foco em hidratação e nutrição, a fim de contribuir para uma alimentação mais equilibrada. A medida dividiu opiniões. Mesmo reconhecendo que sucos e água são melhores para a saúde, donos de cantinas das escolas dizem enfrentar resistência por parte dos alunos. Sblandiano Junqueira Macri, funcionário da cantina do colégio Dom Bosco diz que a idéia seria válida se abrangesse todos os refrigerantes, mas a restrição tem se dado apenas aqueles que pertencem a Ambev, Coca-Cola e PepsiCo. Além disso, ele conta que os alunos têm trazido refrigerantes nas lancheiras, e que alguns até pedem para deixar gelando no estabelecimento. A situação da cantina do Dom Bosco esbarra em outro ponto: durante o dia a clientela escolar são crianças e jovens e a noite são jovens e adultos. “Apesar disso, não estamos recebendo a distribuição, o que tem prejudicado o consumo – diz – nós sempre tivemos uma segunda opção. Fazemos sucos naturais, lanches naturais e salada de frutas”. Antônio Carlos de Camargo, comerciante da cantina da escola Maria Neves Soubhia, não concorda com a restrição. “Os alunos resistem aos sucos. Tentei colocar suco natural e não teve saída, eles preferem os refrigerantes e reclamam quando não tem”.
Legislação De acorde com Rui Sérgio Galvão de França, diretor da escola estadual Capitão Porfírio de Alcântara Pimentel, existe na legislação escolar impedimento da venda de refrigerante nas cantinas escolares. “Quando a gente faz contrato com a cantina já fica estabelecido que a oferta tem que ser de sucos e salgados somente assados. Tirou-se do cardápio as balas, os doces e chicletes”. Apesar disso, ele reconhece que ainda há a oferta de refrigerante na cantina. “Diminuímos o tamanho dos refrigerantes de forma a ir desacostumando os alunos, mas ainda não conseguimos abolir totalmente o refrigerante, porque tem alunos que traziam de casa, outros chegavam a pedir para sair para comprar a bebida”. Rui diz que essa medida é o começo de um trabalho “de conscientização, de mudança de hábitos”, por isso se diz favorável a ela. “A escola é uma ferramenta de preparar o aluno para a vida. A alimentação saudável faz parte dessa formação”, ressalta. Lucila Pinatti Soubhia Zioli, diretora da escola municipal Maria Neves Soubhia, também concorda com a restrição. “Me preocupo com os meus alunos.” As mães ouvidas por A Voz receberam a notícia com aprovação. A bancária Roberta Martin Spolon Vasques diz ter ficado feliz ao saber da medida. “Acho um absurdo a escola oferecer esse tipo de lanche”. Mãe de duas meninas, uma de 6 e outra de 10 anos, Roberta diz que ainda consegue fazer com que as filhas levem a lancheira para a escola, mas que logo vão querer comprar lanche na cantina. “Enquanto levam a lancheira, preparo lanche natural e suco, às vezes uma fruta, um pão integral, um queijo, tudo o mais saudável possível. Eu gostaria que a escola oferecesse lanches saudáveis”. A autônoma Ana Paula Ferreira Martins também diz se preocupar com a alimentação dos filhos. “No meu caso é mais fácil porque meus filhos preferem o suco ao refrigerante, mas na escola nem sempre tem o suco então acabam ingerindo o refrigerante, por isso sou favorável das escolas ofertarem sucos ao invés de refrigerante, pois não têm conservantes e contem menos açúcar”.
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