Escola Agrícola desenvolve projeto genético de clonagem de eucalipto

Técnica melhora características genéticas evitando árvores sem potencial de mercado obtidas por método seminal

A Escola Técnica Estadual (Etec) Padre José Nunes Dias está desenvolvendo um projeto pioneiro na produção de mudas clonadas de eucalipto. Utilizando o clone 144 obtido em parceria técnica com o viveiro Camará, da cidade de Ibaté, que produz mudas para a Champion Papel e Celulose, localizada em Suzano e para a Eldorado, maior empresa de celulose da América Latina, localizada em Três Lagoas, Estado do Mato Grosso do Sul.

O engenheiro florestal Antônio Donizetti Sonego, professor da Etec e responsável técnico pelo projeto, diz que “a propagação vegetativa através de estacas enraizadas está sendo largamente utilizada por diversas companhias florestais e produtores rurais, devido aos altos ganhos genéticos obtidos em curto espaço de tempo, tanto em volume quanto em qualidade da madeira. Somando-se esse fato à obrigatoriedade da substituição da madeira de espécie nativa, como a aroeira, ipê, cedro e peroba, entre outras, para uso em geral por espécies exóticas de rápido crescimento.

A ideia, de acordo com o professor, surgiu em março último e no final de junho o projeto foi iniciado com o objetivo de promover a difusão de tecnologia de ponta em propagação vegetativa aos alunos da escola. Além do interesse curricular, o projeto pode promover retorno financeiro destinado “a Associação de Pais e Mestres (APM) da escola ou para a cooperativa escolar, com a venda das mudas. “O projeto possibilita a capacitação e colocação de formandos da Etec no mercado de trabalho junto a empresas de reflorestamento ou como produtor rural e desenvolve alternativa sustentável ao fornecimento de mudas para a produção de madeira de qualidade e grande produtividade para diferentes usos.

Donizetti explica que o processo de clonagem é fundamental para a produção de florestas, pois possibilita a homogeinização da matéria-prima, melhora a qualidade da madeira, seja para celulose, carvão vegetal, construções rurais, dentre outros. “Há também a maior resistência à seca, ao déficit hídrico e as principais doenças que atacam a cultura, tudo baseado no melhoramento genético e na clonagem dos indivíduos superiores”, diz.

Ele diz que a clonagem é vantajosa tanto para o produtor quanto para o aluno. “Para o produtor as vantagens da clonagem são facilidade no manejo, diminuição de pragas e doenças, aumento de produtividade e maior sustentabilidade da produção, o que proporciona maior retorno financeiro por hectare plantado. Para o aluno as vantagens são conhecimento e aplicação prática/teórica de novas técnicas de propagação vegetativa e melhoramento de plantas ampliando o mercado de trabalho quando estiverem formados”.

As plantas clonadas, ainda segundo Donizetti, herdarão a mesma altura, diâmetro e crescimento da planta mãe. “O que diferencia a planta clonada da planta seminal, originada por semente, é que a planta seminal pode herdar características de várias gerações passadas, como plantas raquíticas e tortuosas, sem interesse comercial”, encerra.

Madeira

O vereador Danilo de Souza observou que o eucalipto está a cada dia menos presente nas propriedades rurais. “Em uma propriedade agrícola, a madeira é elemento essencial e os produtores estão sendo obrigado a comprar madeira para reformar cercas e de uso no sítio a um preço elevadíssimo. Eu defendo que o município crie uma política de criação de mudas de eucalipto para doar aos produtores. Vejo neste projeto da Escola uma ótima oportunidade para uma parceria com a prefeitura”, observou o vereador.

Para Danilo, há grande interesse dos produtores no plantio, mas ele esbarra na dificuldade de se obter a muda. “Nossas propriedades são pequenas, cada produtor precisa de um número pequeno de árvores para consumo de madeira, mas o problema é que os viveiros são longe, tem até viveiros que doam mudas, mas o problema é o frete. Se tiver o viveiro próximo.