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Bancos revoltam fornecedores de cana com pressão para Moreno vender Coplasa e Cema

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 15 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

Segundo Paiola e Maset, agentes financeiros ameaçam com pedido de falência se não forem atendidos


No último dia 4, em assembleia de credores do Grupo Moreno, representantes dos bancos se recusaram a aceitar o Plano de Recuperação Judicial, deixando claro que querem incluir nele a venda das unidades industriais, especialmente, “a jóia da coroa”, a Planasa, e a CEMA, de Monte. A proposta, segundo o representante dos fornecedores de cana, Donaldo Paiola, é inaceitável.

“Os fornecedores serão prejudicados. Os nossos créditos não têm garantias e o valor obtido com a venda será insuficiente para cobrir o montante, já que tem prioridades oS pagamentoS de imposto, as dívidas trabalhistas e acerto dos funcionários, depois os créditos com garantias e por último os fornecedores de cana e de serviços.” A dívida é estimada em R$ 2 bilhões.

Paiola ressalta os erros cometidos pelo Grupo Moreno e a gestão temerária nos negócios, mas reconhece que o seu Plano de Recuperação é viável e oferece condições para que as usinas recobrem a estabilidade financeira. Ele diz ainda que o plano não sufoca o fornecedor, pois, aprovado e homologado pela Justiça, os produtores com crédito de até R$ 19 mil receberão integralmente, em 30 dias; fornecedores com créditos até R$ 100 mil irão receber em 24 parcelas e acima desse valor, em 36 meses.

Ele teme que a venda de unidades, ou o eventual pedido de falência por parte dos bancos, vai não só afetar os fornecedores, mas arruinar a economia dos municípios da região. “Bem ou mal, a Moreno contrata produtos e serviços na região e existe diálogo entre a direção da empresa e fornecedores.”

O Santander é o maior credor do Grupo e o que mais pressão exerce para a venda, segundo fornecedores. Além da pressão, o banco atua como corretor da chinesa Cofco, interessada nas aquisições. “Nós, fornecedores, nada temos contra a Cofco, mas é sabido que ela concentra suas atividades administrativas em Rio Preto, com isso, Monte Aprazível perderia empregos, as compras seriam realizadas por Rio Preto e o diálogo com fornecedores seria mais difícil, por se tratar de uma multinacional poderosa”, lembrou Paiola.

A posição de Paiola é compartilhada oficialmente por Juliano Maset, presidente da Aplacana, entidade que congrega 85% de fornecedores do Grupo Moreno, em relação à confiança no Plano de Recuperação, na conquista da estabilidade financeira do grupo e quanto ao temor em relação aos prejuízos a fornecedores e à economia regional. Ele avalia que o plano de recuperação apresentado pelo grupo é um dos mais bem elaborado do setor. Juliano enfatiza que, legalmente, a empresa poderia ter solicitado deságio (redução do crédito vencido ou vincendo), e não o fez.

O sentimento de Maset quanto à pressão dos bancos é de revolta. “Não estão (os bancos) nem aí para a população. Estamos muito revoltados, principalmente com o Santander, vamos fazer uma campanha para que os associados da Aplacana encerrem suas contas com o banco e pensamos em usar a força das mídias sociais para sensibilizar a justiça para que não aceite a proposta de vendas das unidades, o que irá abalar seriamente a economia da região.”

No plano de recuperação do grupo, apresentado na Justiça, consta da previsão de vendas de ativos, como as empresas de atividades paralelas e de suporte, com sede em Nipoã e Luiz Antônio e da unidade industrial mais antiga, a CEM, caso os compromissos da recuperação não forem cumpridos dentro dos prazos. Porém, o interesse dos bancos e da Cofco, são as unidades de Monte Aprazível e Planalto, segundo os fornecedores.

A venda da unidade de Monte Aprazível para a Cofco, de Sebastianópolis do Sul, na visão dos fornecedores, cria um monopólio prejudicial aos interesses dos fornecedores e, dada a proximidade das duas indústrias, a Central Energética de Monte Aprazível pode ser desativada.

“Isso irá causar um caos social em Monte Aprazível, já somos conhecidos por polígamo da fome, devido à falta de oportunidades. Aqui só tem um laticínio e a usina, que é quem mais gera impostos para o município. Com o fechamento, além da queda da arrecadação, haverá desemprego, não só dos funcionários da empresa, mas das oficinas, borracharias, pois a Moreno realiza 100% desses serviços na cidade. E isso é só o começo, os estragos na economia da cidade serão diretos e indiretos”, avalia Maset

A próxima reunião para que credores aprovem o Plano de Recuperação está marcada para o dia 28. Os fornecedores, em assembleia em agosto, já manifestaram a sua adesão. Paiola lamenta os sucessivos adiamentos, já que com a aprovação de todos os credores, em trinta dias, eles receberão seus créditos, à vista os menores e os maiores a primeira parcela acordada. Para Paiola, é fundamental esse dinheiro para os produtores de cana. Mas, ainda para ele, o pior, será os bancos consumarem a ameaça de pedir a falência do Grupo.


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