Na saúde, Poloni faz dever de casa e tem melhor serviço de atenção básica
- A Voz Regional
- 20 de nov. de 2017
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Com suporte de clínicos concursados com especialidade, de faculdade de medicina e estrutura física, tecnológica e de pessoal, município é referência
Com o atendimento médico brasileiro mergulhado no caos, em Poloni, a população goza de boa saúde. Nota-se no município vontade política em prestar serviço eficiente, calcado na fórmula mais honesta e única de gerir a questão: o foco na saúde básica, preconizado pelo sistema de saúde nacional (SUS) como o dever de casa dos municípios.
“O trabalho fluiu naturalmente, com resultados positivos, na medida em que existam as condições materiais, pessoal capacitado, com cada um no lugar certo, de acordo com seu perfil, e a consciência de que cabe ao município o atendimento básico, conhecendo a população da cidade, seus problemas de saúde mais recorrentes, cuidando desses problemas e prevenindo novos casos”, explica Rosângela Fochi Selan.
A bioquímica está há quatro anos como coordenadora municipal de saúde e, em marco de 2016, quando o então vice-prefeito Antônio José Passos (PPS) assumiu a prefeitura por ordem judicial, percebeu estar ela “no lugar certo”, a mantendo no cargo. “O Curimba ( ex-prefeito Rinaldo Escanferla) me deu carta branca e com o Antonio José é a mesma coisa. Eu nem consulto a prefeitura para fazer investimentos, reformar, contratar serviços para o prédio ou mesmo clínicos com o dinheiro da unidade.” A unidade tem recursos repassados pelo Ministério, em média, de R$ 20 mil mensais.
A estrutura
Ao assumir, para realizar o “dever de casa” da atenção básica, Rosângela começou por organizar o prontuário dos pacientes, hoje prontos, e passam a ser informatizados a partir do mês que vem, cumprindo o prazo do Ministério. “À medida que fomos organizando os prontuários percebendo que era alto o número de pacientes diabéticos e hipertensos, fumantes, dependentes de medicamentos com distúrbios de sono, depressão e outras enfermidades”, constata a coordenadora. Daí surge os grupos de acompanhamento e apoio aos diabéticos, hipertensos, fumantes, gestantes e dependentes de remédios ou com enfermidades neuro psiquiátricas.
O prefeito Antonio José é entusiasta desses grupos por entender que o acompanhamento mais direto melhora não só o estado geral de saúde dos pacientes, como evita complicações, o retorno ao médico é mais prolongado, gerando economia de recursos e aliviando o sistema. “Estamos empenhados em ampliar a participação nesses grupos, tornando os espaços de sociabilização também, até com atividades recreativas, e mesmo criar novos se julgarmos necessários. A ideia é fortalecer e ampliar o atendimento básico, proporcionar mais qualidade de vida, mais informação, evitar ao máximo a ida de pacientes para Monte Aprazível, para Rio Preto, que causa desconforto a eles e gera uma despesa enorme ao município e ao próprio governo federal, além de sobrecarregar o SUS”, avalia o prefeito.
Dentro dessa filosofia, o prefeito formou convênio com a Faculdade de Medicina da Unilago, pelo qual a entidade equipou um consultório médico, fornece a esterilização do instrumental para pequenas cirurgias, material descartável e os estudantes quintoanistas acompanham consultas e outras rotinas do Centro de Saúde, que passou por ampla reforma e ampliação.
“Temos uma estrutura física muito adequada, temos equipamentos básicos, salas de dentista, de prótese, fisioterapia, inalação, funcionários qualificados, tudo isso nos dá muita tranquilidade para melhorar cada vez mais o atendimento.
Eficiência
A eficiência no atendimento primário buscada pelo prefeito de Poloni, segundo o oncologista Osvaldo Passos Filho, quando se tornar preocupação e norma em todos os municípios, pode modificar normas do SUS que agilizariam o atendimento, propiciando custos mais baixos para todo o sistema e mais conforto ao usuário. Ele explica que as normas determinadas pelo SUS fazem que o diagnóstico final pode custar seis consultas e seis viagens do paciente que sai de Poloni com um encaminhado médico para a Santa Casa de Monte Aprazível, retorna para Poloni para marcar consulta em hospital de Rio Preto. O paciente é levado para Rio Preto, retorna a Poloni para marcar exame, volta para Rio Preto para fazer o exame, retorna para aguardar o resultado e volta para Rio Preto para conhecer o diagnóstico. Osvaldo acredita que um sistema eficiente e confiável como o que está sendo implantando em Poloni, disseminado pelo Brasil, pode acabar com esse vai e vem de doentes, eliminando.
A situação atual, segundo ele, tem um custo elevado, os pedidos de exames e consultas se acumulam e os diagnósticos são cada vez mais tardios, aumentando o tempo de tratamento ou diminuindo as chances de cura.
O drama do paciente em aguardar meses pelo diagnóstico é contornado por Rosângela com mutirões de exames contratados pela prefeitura com laboratórios, clínicas e hospitais. “Quando os exames se acumulam tratamos de resolver com os nossos recursos, negociamos pacotes em Rio Preto, em Catanduva, onde for melhor, e tratamos de zerar as pendências.”
Apesar de renomado oncologista, Osvaldo atua como clínico concursado no município. É a estratégia do município para ter especialistas em seu quadro funcional, já que sua obrigação não inclui especialidades de média e alta complexidades. Assim, o município além de ginecologista e pediatra, conta com médicos que possuem especialidades de acordo com as necessidades de sua população e as doenças recorrentes. A exigência de especialidade consta no edital de concurso para clínico.
“Como temos uma população mais idosa, na inscrição para concurso estabelecemos a geriatria como critério, é grande o número de diabéticos, então nos interessa um clínico com formação em endocrinologia, o mesmo acontece com o cardiologista e assim não temos especialistas contratados, mas clínicos especialistas”, explica Rosângela.
Poloni tem sete médicos concursados e três contratados para o Pronto Atendimento. Para evitar os problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal, de normas do Tribunal de Contas e leis trabalhistas, os contratados serão substituídos por aprovados em concursos a ter o edital publicado nas próximas semanas.
Satisfação
Em Poloni, ninguém se queixa de falta de médicos, pois os há para todos. No atendimento de emergência há médico por 12 horas e no atendimento clínico e ambulatorial, o paciente sabe o dia e hora de seu médico com antecedência e o médico sabe que paciente vai atender no dia.
Rosângela explica que assim é criado um compromisso com o paciente, que dificilmente deixa de comparecer às consultas. Por outro lado, as enfermeiras estão preparadas para exercer suas funções, o que ajuda a não sobrecarregar o sistema. “Os casos de doenças crônicas, com uso de remédio contínuo, que estão estabilizadas, são avaliados por enfermeiras e não passam pelo médico. Esse é atributo funcional das enfermeiras e elas estão preparadas para a função”, diz a coordenadora de saúde.
De remédios também ninguém se queixa. Além da cesta obrigatória do Ministério da Saúde, o rol do município é ampliado e atualizado, de acordo com as necessidades do paciente, que são do conhecimento dos gestores do setor e estão estabelecidas no prontuário de cada paciente.
O prefeito Antonio José Passos e a coordenadora da saúde do município têm a mesma motivação. Além do foco na atenção básica como ação preventiva e de controle do agravamento de doenças que colocam em risco a vida, eles ressaltam que os pacientes fazem parte de suas rotinas pessoais. “Nós conhecemos os pacientes pelos nomes, são nossos vizinhos, nossos parentes, moram na nossa cidade que amamos, não tem outra forma de cuidar deles se não com muito carinho e muita responsabilidade”, resumem.
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