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Não existe padrão de pessoas com propensão ao suicídio

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 11 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Anualmente são cometidos 800 mil suicídios e um número maior ainda, impossível de ser contabilizado, de tentativas, muitas vezes com mutilações irreversíveis. Nessa semana, Monte Aprazível contribuiu com a estatística, com um jovem de 29 anos que retirou sua própria vida. O suicídio, no mundo moderno, se tornou um grave problema que afeta a estabilidade emocional das famílias e de saúde pública, transformando-se numa “doença” de difícil diagnóstico e prevenção.

A psicóloga Nicole Maset Fernandes diz que é preciso entender que o suicídio não é algo característico unicamente de condições individuais, de cunho pessoal. Ela diz que dados da Organização Mundial da Saúde e estudos recentes mostram cada vez mais que o suicídio está relacionado com a interação entre fatores genéticos com fatores ambientais. “Diferente do que muitos pensam, não existe um padrão único determinante, ou um tipo de personalidade propenso, como ser ou não agressivo ou tímido. Qualquer perfil, em termos de características pessoais pode desenvolver um transtorno mental e cometer o suicídio. Em razão disso, mais importante do que pensar em características pessoais, é pensar nas mudanças comportamentais e nas relações interpessoais de cada caso”.

De acordo com Nicole, a depressão também é um transtorno mental bastante complexo e não apresenta um único modelo de sintomas. “Ela não precisa, necessariamente, ser caracterizada apenas por momentos de tristeza, como algumas pessoas pensam, porque em sua etiologia temos que a depressão é classificada como um transtorno de humor, o que pode dificultar muitas vezes o diagnóstico e até mesmo esconder aos olhos das pessoas que convivem com um indivíduo em estado depressivo”.

Para identificar essa condição, segundo a psicóloga, é importante que se observe as mudanças comportamentais que o indivíduo possa ter tido, aliado ao fato de uma perda de interesse por atividades que antes lhe davam prazer, sejam elas atividades de lazer, de trabalho e até mesmo de autocuidado, como exercícios e alimentação. “Devemos ficar alertas quando percebemos que a pessoa está deixando de fazer coisas que gostava antes, e atentos a mudanças comportamentais repentinas como “estourar” por qualquer motivo, ter crises de euforia sem muita explicação, momentos de ansiedade exacerbada, uso de substâncias psicoativas em excesso, entre outras atitudes”.

Mas ela diz que é errado o pensamento existente no senso comum de que o suicídio ocorre apenas em indivíduos em estado depressivo. Outros problemas mentais funcionam como gatilhos do suicídio.

Ela chama a atenção para alguns momentos da vida dos indivíduos que podem funcionar como esses gatilhos. A perda de um parente próximo ou alguém que ama, a perda de um emprego que acarreta problemas financeiros, a perda de relacionamentos que a pessoa preza, entre tantas situações possíveis. “Esses eventos da vida que nunca foram vivenciados por algumas pessoas, podem escancarar a dificuldade que o indivíduo tem de lidar com determinada situação e desencadear um transtorno mental, que se não for cuidado, poderá levar ao suicídio”, diz.

O suicida em potencial emite sinais verbais que podem evitar essa tragédia. Nicole diz que existe um paradigma social que tende a dizer que “cão que ladra não morde”, “mas no caso do suicídio isso não é verdade. As pessoas com algum tipo de tendência ou pensamento suicida podem falar sobre isso e não devem ser interpretadas como se estivesse fazendo chantagem emocional ou ameaçando outras pessoas, e com isso não serem levadas em consideração.


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