Novas normas para pedestres e ciclistas podem trazer paz no trânsito
- A Voz Regional
- 6 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
Andar a pé pelo meio da rua e passear de bike pela calçada passam a ser infrações de trânsito e gerar multas
As regras para pedestres e ciclistas se locomoverem, anunciadas pelo Departamento Nacional de Trânsito, entra em vigor em 180 dias e o estabelecimento de multas para quem infringi-las desagrada a maioria, que acham ser necessária antes as cidades se adaptarem melhorando sinalização, calçadas e campanha de conscientização. O pedestre Lamartine Orsati é enfático: “Em Monte Aprazível as calçadas são cheias de obstáculos, de buracos, não sendo segura para o pedestre. Tem lugares que é melhor andar na rua do que na calçada. Isso vai ter que ser solucionado, caso contrário vai gerar polêmica.
Lamartine Orsati se diz a favor do cumprimento das regras tanto por motoristas, como ciclistas e pedestres, “só sou contra a aplicação de multa aos pedestres porque penalizará muitos idosos e até deficientes físicos. Acho que deveria ser feita uma ampla campanha de conscientização e depois serem aplicadas advertências aos pedestres que ferirem as normas”, defende. A multa por caminhar na rua ou cruzar fora da faixa é de R$ 44,19.
A multa para ciclistas será de R$ 130,16, que é o valor da infração média para veículos, aplicada por pedalarem em calçada; quando pedalar sem as mãos, de forma agressiva, na contramão e outras infrações definidas no Código.
A advogada Carla Alessandra Rubio, ciclista há dois anos, considera a norma importante por inibir os excessos, os abusos, mas lembra que os municípios terão que investir na melhoria da sinalização das vias públicas. Ela considera o valor razoável para pedestres, mas salgada para o ciclista, segundo ela, há multa de veículos mais barata.
Sérgio Luiz Calvo Romero, ciclista há dois anos e meio, concorda que é importante haver regras a serem seguidas, mas acredita que “antes da penalização deveria ser realizada uma campanha educativa. Não acho justo já começarem multando porque muitas pessoas desconhecem essa norma”.
O motorista de ônibus, Benedito Francisco Coelho, ciclista há quatro anos, considera a norma válida, mas “desde que venha precedida por uma campanha educativa e as vias públicas sejam bem sinalizadas, porque 90% das cidades brasileiras, inclusive Monte Aprazível, não nos dá condições de pedalar em segurança. Também acho que os motoristas precisam respeitar os ciclistas e pedestres e serem multados também quando os desrespeitarem”.
O carteiro José Célio Ferreira diz que a normatização da lei vai causar complicações no seu trabalho, pois “para andar com a bicicleta na mão de direção vai haver um tempo improdutivo, além do mais não será permitido andar com a bike na calçada. A opção será trabalhar a pé e ainda assim prestando atenção nas regras”, diz.
Autoridade
O delegado aposentado Luiz Pedro Mantovani, que foi por muitos anos diretor de trânsito de Monte Aprazível, diz que a lei é boa e necessária, no entanto, não acredita que a força punitiva dela trará efeitos em razão da falta de possibilidade de efetiva cobrança, especialmente do pedestre. Apesar da lei ter sido há 19 anos e só agora regulamentada, ele acredita no caráter educativo dela.
Mantovani ocupa atualmente o cargo de assessor de trânsito de Monte Aprazível e diz que prefeitura deve começar este mês ampla reformulação da sinalização, pois os pares e faixas estão todos apagados, falta sinalização aérea e promover uma campanha de conscientização de motoristas para que respeitem as faixas de pedestres. “Na faixa de pedestre a preferência é do pedestre. Se ele demonstrar interesse em atravessar na faixa o motorista tem que parar para ele passar.”
Mantovani diz que é intenção da prefeitura também promover uma campanha educativa para os pedestres orientando-os a forma de cruzar as faixas de rolamento dos veículos e para os ciclistas, orientando-os que não devem andar em sentido oposto ao estabelecido.
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