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Recuperação do preço da borracha vai demorar quatro anos, prevê associação de produtores

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 2 de jul. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de set. de 2020

Entidade recomenda extração de produto de melhor qualidade; produtor suspeita de cartelização no setor

A produção de borracha no Brasil mal chega a 40% das necessidades do consumo brasileiro e mesmo assim, o produtor de coágulo, a matéria prima da indústria, amarga preços baixos que prejudica a rentabilidade da atividade e castiga o trabalhador que recebe por produção. Para o presidente da APABOR, que congrega produtores e industriais, Wanderley Sant’Anna, o valor baixo pago no Brasil é consequência do excesso da produção na Ásia, justificativa questionada pelo produtor Jorge Mendes que desconfia da existência de cartel brasileiro das indústrias locais para manter o preço baixo.

Wanderley explica que, historicamente, o preço da borracha é determinado pelo valor praticado em Cingapura, com as oscilações cambiais do dólar em cada país produtor. Wanderley lembra que no final de 2017, o preço internacional estava em US$ 1.80, impulsionado pelo aumento 100% no valor do barril de petróleo, que elevou o valor da borracha sintética. Em 2018, o aumento na produção nativa dos da Ásia, derrubou o valor para US$ 1.40. Em que pese a valorização do dólar em relação ao real, a diminuição pelo governo da tarifa de importação de 14% para 4%, segurando o preço do coágulo para algo em torno de R$ 2,00. Esse é o valor do preço mínimo garantido pelo governo. Abaixo desse, valor é feito leilões e a diferença é coberta pelo Tesouro.

“A APABOR preocupada com as grandes quedas no preço da borracha estava se preparando para os leilões. Felizmente, o quilo do coágulo não caiu ao patamar de R$ 2,00 e a partir da valorização do dólar para R$ 3,77 aumentou um pouco o preço do coágulo que até o final de maio estava entre R$ 2,05 a R$ 2,10. A previsão para junho e julho é de que o preço suba variando de R$ 2,16 a R$ 2,20”, espera Wanderley. Os valores são reajustados a cada dois meses.

Dificuldade

“O povo (produtores) não está satisfeito, não. O preço está muito baixo.” a afirmação é de Jorge Mendes, um dos maiores produtores da região e mesmo com capacidade para negociar preços mais vantajosos com as indústrias, se diz totalmente insatisfeito, como outros que pensam em erradicar lavouras. “Tem gente querendo arrancar o seringal, outros estão com seringal para abrir a produção e não estão sangrando, preferem adiar a sangria na esperança de um preço melhor.”

Jorge não “engole” muito bem as argumentações oficiais do setor. Para ele, as indústrias praticam cartel (combinação de preços). “Eles não sobem o preço de jeito nenhum e uma indústria não compra de fornecedor de outra. Se eu quiser mudar de fornecedor para ter um preço melhor, como ocorre em qualquer tipo de cultura, com o coágulo, eu não consigo, só consigo mudar se for para receber menos. O governo precisa intervir e enquanto isso não acontece, nós produtores estamos sofrendo.”

Com o preço nesses patamares, Wanderley, nega a existência de cartel, mas reconhece o estado de desânimo no setor. “Quando o preço baixa há um desânimo total, só que a gente que trabalha com seringueira há bastante tempo pede sempre que mesmo com o preço baixo, o produtor faça as contas para verificar se existe alguma cultura com rentabilidade melhor que a borracha por área plantada”, justifica.

Em relação aos sangradores, que trabalham em sistema de parceria, com percentual sobre a produção, Wanderley aconselha que ele também faça as contas para verificar que em relação a outras culturas, o ganho é maior com a seringueira.

Wanderley não acredita em erradicação de plantios, afirmando ser difícil que uma pessoa vá erradicar uma lavoura com vida útil de 35 anos porque, momentaneamente, o preço caiu. Para ele, é usual que culturas perenes tenham altos e baixos e a alta para a sericultura virá em 2022.

“O preço está baixo porque o Brasil produz 190 mil toneladas e tem demanda de 420 mil e a diferença é importada da Ásia por um preço baixo do continente asiático, onde a mão de obra representa no máximo 1/3 do valor da mão de obra do Brasil.

A mão de obra brasileira é mais cara, mas, por outro lado, é mais qualificada e é esse ponto positivo que deve ser explorado pelo produtor, que também é mais responsável ecologicamente. “Já que não podemos competir com a quantidade, vamos competir em qualidade, fato que já está ocorrendo.”

Ele aponta como saída a criação de um programa de melhor qualidade da borracha com a contratação de profissionais competentes na orientação de produtores e sangradores, de modo a aumentar a eficiência do seringal com técnicos preparados para ir a campo. Se tivermos qualidade valos conseguir vender nossa borracha a um preço bom, sem abandonar a parte política, pois a APABOR quer que a borracha tenha um preço mínimo garantido e lutamos pela volta de 14% na taxação do produto importado”, conclui Wanderley.

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