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É tudo uma coisa só?

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 8 de ago. de 2016
  • 4 min de leitura

Os brasileiros estão cada vez mais vidrados em games. Prova disso é a comoção causada com o lançamento do jogo de realidade aumentada Pokémon Go, esta semana. Seja nas capitais ou cidades pequenas, a cena de gente olhando fixa para a tela do celular para capturar os bichinhos que só existem no mundo virtual já é comum. Só que o mercado de games não traz felicidade para quem joga. O setor no país e no mundo movimenta trilhões de dólares, e é uma das áreas de mais investimentos e interesse. E até o Governo Federal já entrou na “brincadeira”. Um novo programa do setor de economia criativa do Ministério da Cultura prevê aporte de R$ 1 milhão para desenvolvedores de jogos eletrônicos do Brasil. A ideia é expandir a participação do Brasil no mercado mundial de games. Para a jornalista Marina Paschoalli, que trabalha atualmente no México em uma agência especializada em comunicação e marketing digital, é normal o uso cada vez mais constante das telas de computador e de celular na vida das pessoas, além do aumento do interesse em games e jogos que simulem a realidade. “Talvez gerações passadas tenham criticado quando se popularizaram as televisões ou computadores e hoje já é algo do dia a dia. As pessoas usam computadores e celulares como ferramentas de trabalho e entretenimento”. Marina diz considerar o fato uma evolução natural da tecnologia. “Agora os videogames são o seguinte nível, que é o da realidade virtual e rede social é uma forma diferente de socializar: antes as pessoas se conheciam indo na Praça São João, fazendo Cooper, agora se conhecem no Tinder e outros aplicativos de paquera e encontros”, compara. Marina conta que na agência em que trabalha quase todos sempre foram apaixonados por games, mas alguns, como no caso dela, começaram a jogar pelo trabalho. “É legal – diz – porque de certa forma, parte do trabalho é conhecer os jogos dos quais estamos falando, então sempre incentivamos o pessoal a jogar e sempre estamos presentes nos eventos de games no Brasil e no exterior, onde geralmente temos a oportunidade de jogar jogos que ainda não foram lançados. Também acompanhamos muito o cenário do e-sports, que são as ligas profissionais dos videogames competitivos”.

Aficionados por um controle A balconista Elaine Cristina Jerônimo da Silva, 43 anos, calcula passar cerca de 12 horas diárias jogando. “São horas intercaladas – explica – jogo mais a noite e nos intervalos dos meus afazeres de trabalho e da casa”. Ela conta que aprecia os chamados jogos sociais e que costuma jogar com o marido Jorge Ellwanger Moglie, 53 anos. “São jogos nos quais a gente interage com pessoas de todo o mundo”. A balconista também é bem ativa nas redes sociais Instagram e Facebook e que costuma filmar seus jogos e colocar no Youtube, no Face e no Insta para que os demais jogadores repercutam o jogo. “Eu costumo promover festas virtuais dentro do jogo. É uma delícia”. Indagada se o excesso de realidade virtual não atrapalha seu relacionamento familiar, ela desconversa. “Não acredito, pois jogo com meu marido e procuro separar minha vida pessoal com os jogos, tanto que tenho um Facebook só para jogos e outro para me relacionar com a família e com os amigos. Eu e meu marido, por exemplo, nos conhecemos dentro do jogo. Ele em Porto Alegre e eu em Monte Aprazível, fomos jogando e nos conhecendo melhor e depois de um ano ele veio me conhecer e acabou se mudando para cá”. Já com o filho ela se preocupa. “Ele também joga, mas imponho horários, pois sei que ele precisa interagir com outras crianças, jogar bola, brincar”. Mas para ela e o marido, que são caseiros, ela considera uma ótima opção. “Já que na televisão não tem nada de interessante, o jogo é uma opção cômoda de diversão”, enfatiza. O servidor público Denis Fontes, 36 anos também é um aficionado por videogame. Diz que costuma jogar entre 2 a 3 horas por dia, sempre quando está em casa. Indagado se isso não prejudica o relacionamento familiar ele diz que não, porque joga sempre ao lado do filho, e prefere usar este tipo de entretimento a assistir TV, por exemplo. Além de jogar com o filho, Denis tem um grupo de amigos com os quais se reúne para jogar. “Agora passamos a colecionar videogames antigos também”, conta. Ele diz que seus videogames preferidos são de aventura e de tiro, a maioria importado. O jornalista Lucas Antônio Pereira Ribeiro, 21 anos, é outro a ficar praticamente o dia inteiro no celular. Só que ao contrário dos demais entrevistados, ele não gosta de jogar e sim é viciado em redes sociais. Fica praticamente o dia inteiro no Facebook e no Whatsapp se deliciando com o que chama de “prazeres que as redes sociais dão”. Namorando há alguns meses, reconhece que o excesso de redes sociais acaba por prejudicar um pouco o namoro, “só não prejudica mais porque ela também curte redes sociais, mas infelizmente é um vicio, mas o importante para mim é que o uso para o bem”.Já com relação às amizades, Lucas acha que elas continuam, só não são como antigamente quando se falava quase todo dia. “Agora a gente se comunica diariamente via redes sociais, mas sempre que é possível a gente se encontra”.

Nem tudo é divertido e colorido Segundo a psicóloga Cristiane Alves de Melo, o excesso de vida virtual das pessoas, cada vez mais online e conectadas, trazem riscos para as relações humanas. “O relacionamento interpessoal está seriamente comprometido, chega a ser preocupante. O quadro só será reversível se as pessoas despertarem para esses prejuízos e diminuírem o uso do celular. A situação está tão preocupante que quando o Whatsapp é bloqueado tem pessoas que não conseguem fazer mais nada, elas enlouquecem, travam”. Ela diz que as redes sociais têm seus benefícios, ajudam no trabalho e aproximam pessoas distantes, fora do país ou em localidades longínquas, “mas estão sendo usadas de tal forma que está distanciando as pessoas que se encontram presentes, por perto da gente. A gente vê numa festa ou num barzinho pessoas reunidas lado a lado e toda no celular, quando deveriam estar numa boa conversa. A internet tem que ser usada com moderação”.

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