A rua é do povo e de quem vende
- A Voz Regional
- 12 de dez. de 2016
- 3 min de leitura
Vender de porta em porta volta a crescer em 2016, além do uso de grupos de WhatsApp e sites para negociar e trocar produtos
O comércio informal, de porta em porta, tem crescido muito nos últimos meses. Seja pela perda do emprego ou para complementar a renda, muitas pessoas têm investido em produtos e serviços que elas podem levar à casa do cliente, para lhe oferecer mais comodidade. Assim como o famoso “o de casa” de antigamente, o comércio informal ganha ares mais digitais, com pessoas que colocam itens que não utilizam mais à venda em sites para negociar ou trocar. O WhatsApp também se tornou uma ferramenta poderosa para aquecer o consumo.
Iracema de Carvalho e Silva, que durante 13 anos trabalhou numa cachaçaria em Monte Aprazível durante à noite, resolveu 2 anos atrás complementar a renda fazendo salgados, doces, bolachas, pães, bolos de pote e tortas para vender de porta em porta. O resultado é que, cansada de trabalhar à noite, ela pediu demissão e está se mantendo apenas com as vendas de porta em porta.
Segundo Iracema, a jornada de trabalho é árdua, cerca de 10 horas. Ela conta que acorda às 5h da manhã e começa a fazer os quitutes que vende sob encomenda e pelas ruas da cidade. “As segundas, quartas e sextas feiras eu vendo os salgados na rua e as terças, quintas e sábados eu atendo as encomendas em casa”.
Nas ruas, ela tem horários e locais pré determinados para chegar. Conta que sai de casa às 14h e segue a rotina de passar na Santa Casa, no Posto de Saúde, no Fórum, nas escolas e por fim nas lojas do centro comercial da cidade. “Entre doces e salgados, vendo cerca de 350 unidades por dia”.
Massa digital
Bastante antenada, Iracema usa as redes sociais e aplicativos como o WhatsApp para propagandear seus quitutes. “Coloco fotos dos salgados e doces no Face e vende rapidinho, o pessoal liga e pede para entregar. É uma loucura. Tem clientes que me manda um Whats perguntando onde eu estou, porque estou demorando, pedindo salgados. É assim todo dia”, comenta.
A rotina de Iracema, que batizou sua empresa de Quitutes da Cema, é trabalhosa e corrida, segundo ela mesma diz, mas com melhoras financeiras. ”Tanto que pedi demissão do trabalho que fiquei 13 anos e venho me mantendo apenas com meus quitutes. Além disso, é gostoso, faço o que eu gosto, vendo e ainda faço muitas amizades”, destaca.
SEM ALIANÇA
Marcos Alberto Comelli trabalhou durante anos numa usina de Monte Aprazível e na horas vagas e aos finais de semana, fazia pequenos reparos em casas de conhecidos para complementar a renda. Quando foi demitido há cerca de 6 meses, não teve dúvida: virou Marido de Aluguel para sobreviver.
Ele diz que está satisfeito com a nova profissão. Especializou-se na área de pequenos reparos, e instala desde chuveiros, soquetes, lâmpadas, TVs e antenas, até limpar caixas d’água. Uma das vantagens, segundo Mario, é que como ele trabalha em horário estendido, a clientela sempre aumenta. Tenho trabalhado cerca de 12 horas. ”Tem dia que chego em casa as 22h. Eu atendo a pessoas na hora que ela precisar e se precisar ficar até mais tarde eu fico, pois estou trabalhando para mim mesmo”.
O “marido” faz tudo conta que não tem faltado serviço. “Tenho amigos numa casa de materiais para construção que me indicam e os amigos também falam do meu trabalho para seus amigos e assim a clientela vai aumentando. Estou muito satisfeito, tanto que não pretendo mais trabalhar de empregado para os outros”.
VISUALIZAR E VENDER
Sites e grupos de venda e troca de artigos usados tem se tornado comuns na internet e tem feito sucesso. A auxiliar administrativa Débora Roberta Aurélio participa de 3 grupos de WhatsApp que vende e troca usados. “São mais de 100 pessoas em cada grupo e sai bastante negócio. Além de roupas, calçados, fogões, geladeiras, celulares até comida é vendida no grupo. Eu mesma vendi muito bolo de pote pelo grupo. Na Páscoa, cerca de 90% dos ovos de chocolate que eu fiz vendi pelos grupos”.
Ela diz que os grupos são muito concorridos e que é comum a concretização de bons negócios. “Eu vendi roupa usada pelo grupo. Sei de gente que trocou uma roupa usada por outra e compensa porque sai bem mais barato e os produtos são super conservados. Temos esse trato. Só se põe para vender no grupo artigos que estejam conservados”.
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