A silenciosa disputa para a presidência dos Legislativos movimenta vereadores eleitos
- A Voz Regional
- 22 de nov. de 2016
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Os candidatos disputam a visiblidade das Câmaras de Monte Apraível, Tanabi e Nhandeara
As vantagens da presidência da Câmara vão além do salário dobrado de vereador para quem a ocupa. É um cargo de extrema visibilidade política, tem destaque na imprensa, cuida de orçamento milionário e é o único, de fato, que dá amplos poderes de negociação política e pode fazer do prefeito refém de suas vontades. Por isso mesmo, a eleição para presidir a Mesa Diretora nunca é consensual, quando já foi, no passado, posto do vereador mais votado. Tal regra foi posta em quarenta e a disputa passou a ser dura e quanto mais dura quando se dá entre aliados.
Em Monte Aprazível, a oposição ao prefeito eleito Nelson Montoro (PSD), conseguiu eleger a maioria, 5, dos 9 vereadores, mas dividida, sendo 3 na coligação de Renata Sant’ Anna (PHS) e Maurinho Pascoalão (PSB). No grupo, se apresentam como candidatos Ailto Faria (PV), ligado ao atual prefeito, e Gilberto dos Santos (PDT) e João Célioi (PSDB), ambos eleitos na coligação de Renata. Do outro lado, esta Jean Winicius, da coligação de Montoro. Em Tanabi, a coligação do prefeito eleito, Norair da Silveira (PSB), elegeu a maioria, seis vereadores, a coligação de Zé Francisco (PC do B), quatro e o PSOL, um.
Tanabi
Querem a presidência da Câmara na cidade o vereador reeleito, Marcos Paulo Mazza (DEM) e o novato Rodrigo Bechara (PEN) e nenhum dos dois admite abrir mão em favor do colega. Norair não pretende interferir no processo, mas avisa que vai atuar caso a divisão coloque em risco a cadeira.
Rodrigo aponta três motivos para pleitear o cargo: ter se preparado para a função, com cursos e graduações, ter sido o mais votado da base aliada de Norair e, segundo ele, que os eleitores manifestaram nas urnas que quer o novo,, renovando sete das onze cadeiras. “A própria eleição do Norair também mostrou essa vontade de renovação com responsabilidade.”
A base eleitoral de Rodrigo é pessoal, seu partido, o PEN, é inexpressivo, o que dificulta a pretensão dele. Para contrapor a fragilidade partidária, Rodrigo aposta no discurso do novo e espera que os demais vereadores/eleitores atentem para tal e consultem suas bases para tomar a decisão do voto. “Existe (no eleitor) o receio de que os novos sejam contagiados pelas negociatas, mas estamos prontos para combater o bom combate junto com toda a população, conto com a força da população para que cobre seus vereadores.”
Da mesma forma que Rodrigo, Marcos Paulo também se diz preparado pelo cargo pela experiência adquirida no primeiro mandato. “Ocupo a segunda secretaria da Mesa, sou relator da Comissão de Ética e da Comissão de Esporte e Turismo, presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, Saneamento e Meio Ambiente”, enumera Marcos Paulo, que cita ainda seu bom relacionamento com os funcionários da Casa e com os vereadores, inclusive os da oposição.
Marcos Paulo não vê possibilidade de fissuras no grupo em função da disputa pela Câmara e que o grupo está conversando e o interesse é comum, dar sustentação do governo de Norair.
Da disputa entre Bechara e Mazza, o PMDB pode tirar proveito. Dentro do partido há um movimento que pretende colocar o nome do vereador Devinha Zanetoni, como alternativa caso o impasse for incontornável. Devinha está disposto a cumprir esse papel.
Monte Aprazível
O fato da oposição ter a maioria passou a ser dificuldade, já que três deles se declaram candidatos e, conforme A Voz apurou, o prefeito atual está interferindo no processo. Ailto Faria, um dos candidatos, e Danilo de Souza (PROS) são ligados ao prefeito Mauro, que percebeu ser difícil a eleição de Ailto, atua para impedir o sucesso de Gilberto dos Santos. Gilberto foi reeleito como o vereador mais votado e no atual mandato foi autor de várias denúncias contra Mauro na Justiça, uma delas com condenação consumada em primeira instância com bloqueio de bens.
João Célio diz não abrir mão de sua candidatura em hipótese alguma e vai insistir na unidade em torno de seu nome. Para sustentar sua posição, João Célio invoca a bancada e o desempenho de seu partido, o PSDB, na eleição. “O PSDB foi o único partido que elegeu dois vereadores e foi o partido mais votado e é legítimo que um dos seus membros ocupe a presidência”, justifica. João Célio alega que se habilitou pelo partido com a licença do outro tucano eleito, Donaldo Paiola, que não teria demonstrado interesse.
De fato, Donaldo não tinha interesse em virtude do impedimento de conciliar a presidência e o exercício da advocacia. Porém, ele julga muito importante que a oposição exerça seu poder de maioria e eleja o presidente, declarando que se seu nome for consenso do grupo como alternativa, ele aceita a disputa.
Para Gilberto, uma eventual candidatura de Paiola é fato novo e deve ser discutido nas próximas reuniões do grupo.
Gilberto acredita que se chegará a um consenso dentro do grupo, mas também se sentiria confortável em uma composição como a base de Montoro. “Tenho boas relações com o prefeito Montoro, com os vereadores eleitos de sua chapa e com os atuais que o apoiaram., Estamos vivendo um novo momento, marcado pelas eleições, que é o momento de surgir novas lideranças políticas, os velhos políticos foram derrotados e esse é o momento de criar novas lideranças e, então, é natural construirmos novas relações políticas”, destaca Gilberto.
A situação quer a vaga
O ex-vereador Jean Winícius (PSC) que retorna à Câmara em 2017, espera voltar como presidente. Apesar da base de Montoro ter apenas quatro votos, ele espera superar a dificuldadewww em conquistar apoio na oposição. “Tenho conversado bastante com o Danilo, vou conversar com os outros vereadores e podemos perfeitamente chegar a uma composição que inclua situação e oposição para uma Câmara democrática e com a participação de todos”, frisa.
O vereador entende que é muito importante que a presidência seja exercida por um vereador da base de Montoro. “Esses primeiros dois anos da administração de Montoro serão muito difíceis e será muito importante que alguém afinado com ele, do mesmo grupo, esteja na Câmara para lhe dar sustentação, não é lhe dar carta branca, mas de oferecer condições políticas para que sejam aprovados projetos e medidas necessárias de interesse do município”.
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