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A Voz Regional conta a história de Aparecido Rodrigues, interno do Lar Vicentino

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 28 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura

A Voz Regional, em parceria com o Lar Vicentino, abre a série “Natal Solidário” que tem como objetivo principal arrecadar presentes para os 38 vovôs e vovós neste fim de ano. Na edição deste fim de semana, o personagem da vez é o Seu Cido, a tranquilidade em pessoa.

Querido Papai Noel! Me chamo Aparecido Rodrigues, mas por sermos bem conhecidos pode me chamar de Seu Cido, é assim que meus amigos e familiares me chamam. Estou prestes a completar 70 anos, dos quais me orgulho pelo jeito calmo, tranquilo e cheio de amizades que vivi.

Moro em Monte Aprazível. Boa parte da minha vida morei nas proximidades da Vila Aparecida, mas rodava por todo o estado de São Paulo, sempre com o meu estilo de vida calma: sabendo entrar e sair dos lugares, conversando numa boa com as pessoas, respeitando a tudo e a todos.

É dessa forma que você consegue manter portas abertas e o respeito de todos. Graças a Deus, consigo andar daqui de Monte a São Paulo e contar ao menos um amigo em cada cidade e nunca irei encontrar inimizade, pois nunca fui de brigar, criar confusão… bom só algumas vezes quando era menor e tinha aquelas briguinhas com alguns dos meus doze irmãos.

Trabalhei desde muito pequeno, sabe como é né, família grande dinheiro pouco. Me orgulho de sempre ter trabalhado e conseguido o meu, e mais tarde o do meu filho, sustento de forma honrosa e honesta.

Faz 2 anos que deixei a minha casa e vim para um lar coletivo, o lar São Vicente de Paulo de Monte Aprazível.

Acredite se quiser Noel, mas foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos anos! Tenho sido muito bem tratado, pelas moças que trabalham aqui, tenho todas as refeições do dia na hora certa, medicamento quando preciso, e o melhor de tudo tenho paz e sossego.

Aqui no lar tenho várias companhias, somos uma família de quase 40 pessoas, mas como sempre fui reservado, prefiro ficar quietinho no meu canto, fumando meu ‘paiero’, assistindo a televisão, conversando com ou outro que se aproxima, dentro daquela minha tranquilidade habitual.

As vezes recebemos algumas visitas, um pessoal de escola que vem cantar pra gente, um sanfoneiro que vem alegrar a tarde, até então entediada. Gosto quando recebemos estas apresentações, sou muito emotivo, então quando vejo homenagens assim para nós aqui do lar, não seguro as lágrimas e começo a chorar. É bom quando sentimos que tem alguém se preocupando com a gente.

Sei que deve estar se perguntando sobre como era minha vida antes de vir para o Lar Vicentino, mas é um assunto que não gosto muito de falar. Na verdade eu quem quis vir para cá, pois estava tendo vários aborrecimentos e alguns problemas familiares, foi então que decidi vir para cá.

Recebo até muitas visitas, mais do que alguns que estão aqui, sempre tem um sobrinho que vem, senta ao meu lado e conversa por várias horas comigo. Já falei para ele que não quero aborrecimentos, ou seja, ele já sabe que se for para falar de problemas lá de fora é melhor que não venha e me deixe quieto (risos).

Ao longo destas sete décadas de vida, aprendi que somos todos iguais, o único diferente é aquele lá de cima, Deus.

Enfim Noel, estou escrevendo esta carta para avisar que mesmo tendo um pouco mais de idade eu acredito na sua existência. O natal é uma data que sempre me deixa emocionado. Me lembro da união que existia na minha família, povo todo reunido, as festas, as comidas, eram só coisas boas.

Neste Natal, o senhor pode não vir, mas acredito que algumas pessoas que irão ler esta carta poderão fazer o papel do senhor e nos presentear nesta data com ao menos uma visita.

Para este Natal, eu apenas desejo que todos tenham saúde, paz, alegria e vivam em paz com a família com os amigos.

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