Altamiro, o padre da casa, foi o grande pastor das ovelhas monte-aprazivelenses
- A Voz Regional
- 16 de mar. de 2017
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Em 23 de janeiro de 1953, o Cônego Altamiro de Assis Rodrigues foi designado vigário cooperador do Cônego Laurentino Alvarez, que respondia pela paróquia e ficara adoentado. Surpreendeu a cidade pela ação pastoral ímpar
Cônego Altamiro, nascido em Monte Aprazível, foi a principal figura religiosa da cidade e até hoje é lembrado por suas conquistas na paróquia e pelo seu relacionamento pastoral.
Cônego Altamiro é filho de Francisco Assis Peixoto Rodrigues e Anna Ovidia Rodrigues. Nasceu em Monte Aprazível em 18 de agosto de 1924. Seus pais mudaram-se para Monte Aprazível em 1916 vindos da cidade mineira de Três Corações e na cidade construíram a residência que a família mantém até hoje na Rua Brasil, esquina com a Rua 26 de maio, local onde Cônego Altamiro nasceu.
O padre estudou o primário em Monte Aprazível e depois se dedicou ao sacerdócio, estudando e se formando no Seminário Maior do Ipiranga, no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, onde se ordenou sacerdote em 1949.
Tão logo se ordenou veio para Rio Preto, onde foi enviado pelo bispo Dom Lafayete Libanio para ser vigário cooperador em Monte Aprazível, anos depois se tornou o pároco da cidade, permanecendo assim até sua morte, em 6 de janeiro de 1970.
Como pároco de Monte Aprazível realizou muitas obras pela Igreja, como a construção da Sede Pio XII, a casa paroquial, a igreja da Vila Araújo, a capela de Nossa Senhora Aparecida e o lar vicentino e participou da construção de várias capelas de bairros rurais.
Padre Altamiro também é lembrado pelo seu carisma e pela obra pastoral que desenvolveu. O historiador Luis Carlos Canheo e o professor Walter Spolon foram seus coroinhas e lembram com saudade do Cônego. Canheo conta que “havia na época a CJC (Comunidade de Jovens Cristãos) com a finalidade de lazer e organização de pequenas quermesses para angariar fundos para os jovens sócios adquirirem recursos para as excursões que eram realizadas pelo padre Altamiro em locais de sua preferência como no Salto do Avanhandava, Country Clube de Araçatuba, Cachoeira do Marimbondo e Lagoa da Barra Dourada. Na época, a Sede Pio XII, idealizada pelo padre, tinha piscina e quadra para uso dos jovens e o CJC era super ativo, deixou de existir depois que o padre Altamiro ficou doente”, relembra.
O padre, segundo Canheo, era pessoa boa, “fácil de tratar. Quando ficou doente ficou um pouco irritado e perdeu um pouco o dinamismo que tinha. Mas foi uma pessoa maravilhosa”, destaca.
Walter Spolon também foi coroinha do Cônego Altamiro durante 5 anos e meio e diz que o padre “era uma pessoa fantástica. Ele era muito além da época dele, era um visionário. Naquela época, a Sede Pio XII tinha cinema, teatro, a meninada andava de patins, tinha piscina, a sede abrigava os jovens da comunidade, proporcionava-lhes entretenimento e formação. O padre Altamiro, na minha opinião, foi o maior incentivador de esportes que Monte Aprazível já teve. Ele que construiu a quadra da Sede, onde hoje é realizada a quermesse e onde a meninada praticava esportes”.
A idéia de que o padre era muito a frente de sua época é reforçada pelo fato dele possuir uma lambreta. “A lambreta dele marcou época, ele levantava a batina e ia pela cidade atrás de seus afazeres. Na época, só o padre e o Alcides Sariva de Almeida tinham lambretas”, recorda-se.
O padre tinha também um programa na rádio.” Se não estou enganado, chamava-se Por Quem os Sinos Dobram. Era sempre ao meio dia e os sermões dele eram memoráveis. Ele não escondia nada, falava tudo. Um dos fatos pitorescos que lembro dele é que na época das ceias tinha queima de fogos e ele marcava a queima de fogos para a meia noite. Só que ele desligava o relógio faltando uns dez minutos para a meia noite e só voltava a ligar lá pelas 2 a 3 horas da manhã,para o pessoal ficar até mais tarde na praça”, lembra o antigo coroinha.
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