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Assentados do Banco da Terra vão vender para a merenda escolar de Monte Aprazível

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 3 de jul. de 2017
  • 3 min de leitura

Acerto entre Nelson Montoro e agricultores familiares faz parte do plano de fortalecimento e desenvolvimento econômico dos pequenos produtores para gerar mais renda e emprego no campo


Enoque e Santo estavam de roupa domingueira, os cinco colegas que os acompanhavam de botinão, boné surrado e roupa de serviço, barba por fazer. Comum a todos, a pele tostada e castigada pelo sol e as mãos calejadas que, pela primeira vez, seriam estendidas ao prefeito Nelson Montoro, por quem foram recebidos na sala de reuniões executivas da prefeitura, em mesa de jacarandá maciço e cadeiras entalhadas de espaldar alto.

A pompa se justifica, os convidados para reunião representam os parceiros preferenciais da prefeitura na atual gestão, os pequenos e micros proprietários rurais. Montoro adiantou na reunião parte do seu plano de ação de desenvolvimento agrícola e anunciou que a prefeitura tem interesse em comprar dos assentados do Banco da Terra ali presentes os alimentos da merenda escolar.

A proposta entusiasmou os produtores. “Nunca tivemos essa oportunidade. O prefeito Montoro nos visitou há cerca de um mês, o que nunca foi feito por prefeito nenhum antes, e agora nos dá a chance de fornecer para a merenda, coisa que temos muito interesse” comentou Santo Alonso, o presidente da Associação do Banco da Terra.

A merenda escolar de Monte Aprazível consome durante o ano letivo 90 toneladas de legumes, hortaliças, verduras e frutas que podem ser fornecidas pelo assentamento. Segundo o chefe da licitação do município, Diego Rossine, todo esse alimento é fornecido atualmente por um grupo de produtores rurais de Guapiaçu, sem a participação de produtores de Monte Aprazível.

Se o produtor de Monte não apareceu para concorrer, o prefeito foi buscá-lo com a antecedência necessária para que se prepare para 2018. “Eu achei um absurdo o fato de que a nosso município, com mais de mil propriedades rurais, compre alimentos de produtores de fora. Vou dar todo o apoio para a associação do Banco da Terra, como para todos os demais pequenos produtores, porque acredito que se tivermos uma produção diversificada, com qualidade e volume para atender a cidade e a região, teremos uma economia forte e independente, gerando cada vez mais empregos e renda”, proclamou Montoro.

Segundo Diego Rossine, a valorização do pequeno produtor é uma prioridade nacional ao ponto de ter condições privilegiadas no processo de licitação. Segundo a legislação, o critério de menor preço na escolha é irrelevante. O determinante para fornecer é de que o grupo de produtores ou associação seja local, seguido da condição regional e em terceiro plano o produtor individual local.

Diante de condições tão favoráveis, Montoro assumiu o compromisso de tentar convencer outros prefeitos da região a comprarem merenda do Banco da Terra também.

Banco da Terra

A Associação dos Produtores do Banco da Terra é formada por 42 famílias, assentadas em lotes de 30 mil metros quadrados, em área da família do Coronel Polinice Celeri, adquirida pelo governo estadual, em 2000. A associação, com identidade jurídica, está apta para negociar com órgãos públicos. E com capacidade técnica e produtiva para cumprir contratos. Fernando Celino Mendonça é um dos associados e pode fazer a diferença. Ele é um produtor igual aos seus colegas, mas com diploma. E de agrônomo. 

Para Fernando, o convite do prefeito é uma oportunidade muito boa aos associados que poderão planejar a produção com a certeza de colocá-la no mercado, a preço justo e a certeza do recebimento, investindo mais na produção e ampliação do mercado. Fernando comenta que a política do prefeito Nelson Montoro de fortalecimento da produção da agricultura familiar e de pequenos produtores é acertada pela capacidade que a agricultura tem de absorver mão de obra e fixar o homem no campo, “principalmente os jovens, filhos de produtores que já possuem uma relação com a agricultura.”

Ações agrícolas

Durante o encontro, o prefeito informou ter determinado aos departamentos de Agricultura e Meio Ambiente a viabilização de algumas ações de fomento à agricultura. Montoro citou a criação de viveiro de mudas de eucalipto, insumo essencial nas propriedades, para doação; preparo de solo, fornecimento e transporte de ramas para plantio de mandioca; organização de cursos de criação de abelhas com e sem ferrão, de doces para o aproveitamento de frutas sazonais e queijos.

Para o caso de criadores de gado leiteiro, Montoro defende iniciativas que agreguem valor ao produto. O prefeito imagina a realização de cursos para os diversos derivados lácteos e variedades de queijos. “A região tem tradição na fabricação de queijo fresco e a ideia é criar uma identidade a ele, através de cursos para melhor aproveitamento do leite, de técnica de pasteurização caseira que evita a contaminação, conquistando também o consumidor que evita comprar queijo de leite cru, além de padronização de formato, peso, textura e sabor do produto”, explicou Montoro. Segundo o prefeito, a partir daí, o setor de comunicação da prefeitura criaria campanhas de marketing dando identidade ao queijo poduzido na cidade, a exemplo do ocorre nas regiões mineiras da Canastra, do Serro e outras.

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