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Camargo faz opção por ficar na Santa Casa e abandona candidatura a prefeito de Monte

  • Foto do escritor: A Voz Regional
    A Voz Regional
  • 10 de fev. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de set. de 2020

Avalista de financiamentos do hospital, se candidato, provedor teria de abandonar o cargo antes da quitação

João Roberto Camargo, provedor da Santa Casa de Monte Aprazível, confidenciou ao jornal a Voz Regional que não será mais candidato à sucessão do prefeito Márcio Miguel. Camargo indiciou como motivação da desistência o fato de preferir a continuidade de sua gestão no hospital, que assumiu em janeiro de 2017. A confidência de Camargo se deu um dia após a audiência pública de prestação de contas do exercício de 2019 da Santa Casa, na última quarta-feira, na Câmara.

Caso viesse a concorrer ao cargo de prefeito, Camargo teria de se afastar da Santa Casa, a partir de abril e, se eleito, não poderia retornar como provedor. Segundo ele, seria atitude temerária deixar a gestão do hospital sendo avalista pessoal do refinanciamento da dívida da instituição, contratado no final do ano passado. A intenção de Camargo é permanecer no cargo até a quitação total da dívida.

“Eu me propus a assumir a Santa Casa para sanear as finanças, pagar o rombo de quase R$ 4 milhões da administração anterior, fazer a organização administrativa de forma a torná-la mais eficiente, humanizar o atendimento, equilibrar despesas e receita, ter lucro e vender os serviços que prestamos e receber. A nossa diretoria não conseguiu quitar ainda a dívida, mas avançamos muito em todas as metas a que nos propusemos, mesmo com a omissão das autoridades do município, da Câmara e de políticos que torcem pelo quanto pior melhor porque é o Camargo que está a frente”, lamentou ele.

Camargo critica especialmente a omissão da Câmara. Apenas três, dos noves vereadores, estiveram na audiência pública, da qual não participou também o assessor municipal da saúde, Nassibo Sidinani. Apenas um vereador destinou recurso de Emenda Impositiva para a Santa Casa. Emendas Impositiva são recursos obrigatórios (no limite de até R$ 81 mil) que o vereador destina para investimentos do Orçamento

Ele lembra de quando presidiu a Câmara, de 2009 a 2010, quando devolvia à prefeitura mais de R$ 30 mil mensais do orçamento legislativo para serem repassados para hospital. Ele tentou acordo nesse sentido no ano passado, mas o presidente da Casa, Valcenir de Abreu, alertado pelo departamento jurídico da Casa sobre os riscos não concluiu a negociação.

Aval

No final do ano, com a obrigação de pagar indenizações determinadas pela Justiça, o hospital ficou sem caixa para quitar a segunda parcela do Fundo de Garantia dos funcionários. Camargo diz que se obrigou a levantar dinheiro junto a bancos. “Conseguimos o empréstimo e renrgociamos a dívida antiga com juros mais baratos. Assim, levantamos o dinheiro para pagar o FGTS, sem aumentar o valor da dívida”, explica Camargo. Porém, o banco exigiu no novo contrato o aval pessoal do Camargo. “Por isso não sou candidato. Eu tenho que estar na gestão da Santa Casa para garantir o meu próprio aval. A forma com que a Santa Casa foi administrada até recentemente é do conhecimento de todos. A Irmandade possuía imóveis prediais e territoriais urbanos, possuía imóveis rurais desde a sua fundação. Os terrenos foram vendidos e viraram bairros inteiros, dos prédios só restou um, o sítio também foi vendido, tudo foi vendido para pagar dívidas, nada foi investido na melhoria do hospital e do atendimento. A atual diretoria está pagando a dívida milionária que herdou, sem vender nada.”

No apagar das luzes de 2016, o ex-provedor, Sérgio Rossetti, no cargo por indicação do ex-prefeito Mauro Pascoalão, colocou à venda sete terrenos remanescentes em área nobre da cidade. Ao assumir em 31 de dezembro, a gestão de Camargo cancelou os negócios.

Todas as dívidas do hospital com fornecedores, férias de funcionários, indenizações trabalhistas foram quitadas com dinheiro levantado em banco e dois terços do montante já foi amortizado. O restante, em torno de R$ 1 milhão,deve ser quitado em pouco mais de um ano.

Além da responsabilidade pelo aval em papagaio bancário, pode haver motivação pessoal na decisão de Camargo em não ser candidato a prefeito. Ele se recusa a comentar sobre motivações pessoais por “não ter satisfação pessoal a dar a ninguém.”

É bem provável que Camargo tenha preferido não violentar sua identidade, se enfiar em uma redoma e deixar de ser ele mesmo para ser o hipócrita que o eleitor compra com mais facilidade

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