Conselho da Saúde denuncia falta de remédios e demora em exames em Tanabi
- A Voz Regional
- 8 de mai. de 2017
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Presidente do órgão de fiscalização da saúde básica, Edson Luiz Gonçalves, reclama ainda de falta de estrutura para Conselho para desempenhar suas funções de acompanhar atendimento
O pedreiro Edison Luiz Gonçalves da Silva conhece tudo que diz respeito à saúde pública de Tanabi. Ele faz parte do Conselho Municipal da Saúde desde sua criação, já ocupou o cargo de secretário, de vice-secretário e em fevereiro último foi eleito para seu quarto de mandato de presidente, derrotando o candidato apoiado pelo prefeito Norair Cassiano da Silveira (PSB). Ele desconfia de que este fato político tenha desencadeado outros, como a postura deliberada, segundo ele, de Norair de prejudicar materialmente a atuação do Conselho.
“Parece ser uma questão política, mas o Conselho não vai admitir que esse problema contamine a saúde do município, se for necessário iremos denunciar à Divisão Regional da Saúde, ao Ministério Público para garantir o acesso da população aos remédios e aos exames, pois a falta de remédio e tanta demora, como vem ocorrendo agora, com os exames nunca aconteceu no município”, denunciou Edson Luiz. Segundo ele, todos os dias chegam à sede do Conselho reclamações de falta de remédio por usuários, que assinam a reclamação. “São uns 10 por semana os que vem reclamar na sede, são os casos mais desesperador para a família, mas são dezenas de reclamações feitas para mim e para os outros conselheiros, na rua, nos postos de saúde”, revelou Edison.
Edison revela também que está muito difícil para os usuários realizarem exames como Raio X, Ultrassonografia, endoscopia e outros. “Não conseguimos ter diálogo com a prefeitura, não há nenhuma explicação. A única explicação que temos é do pessoal da Santa Casa, que faz os exames, de que a prefeitura está comprando menos serviços”, esclarece.
Para o presidente do Conselho, a postura de Norair da Silveira pode comprometer seriamente a saúde dos usuários. “A saúde no Brasil é um problema muito sério, mas os serviços em Tanabi sempre foram acima da média, os problemas, quando ocorriam se limitavam a casos menos comuns, mas se seguir nesse ritmo vai ser muito problemático, porque os pacientes terão o diagnóstico tarde pela demora dos exames e não poderão fazer o tratamento por falta de remédio. Não podemos permitir retrocesso na saúde!”, exclama Edison.
Mas o retrocesso está em curso, conforme relata um médico em prescrição para uma jovem paciente, com “escoliose grave”. O profissional indica como terapia, já que a cirurgia não í indicada, e diante do agravamento das condições da paciente, a retomada do tratamento por hidroterapia. Assim que assumiu, Norair cancelou o convênio com uma academia da cidade, que prestava atendimento a 93 pacientes, a um custo anual de R$ 36 mil. “É um valor muito baixo, de cerca de R$ 350 por paciente no ano, para um benefício muito grande. Em muitos casos, não dá para fazer cirurgia, não há remédio que dê jeito, e a hidromassagem e hidroterapia são os únicos alívios para os pacientes que tem uma melhora na qualidade de vida, voltam a ter atividades sócias e saem do estado depressivo”, relata Edison.
O presidente cita ainda a inexistência de serviços odontológicos de tratamento e recuperação. “Não temos dentistas, ninguém consegue tratamento, a única opção é a extração”, critica ele.
Retaliação
E fevereiro, tudo estava acertado com os conselheiros para a recondução de Edison da Silva para o quarto mandato no Conselho. A ideia não deve ter entusiasmado o prefeito Norair, que decidiu patrocinar um adversário e apostou suas fichas em um funcionário da saúde, deslocado para o cargo de motorista do gabinete. Mesmo com a força política do prefeito,
Edison foi votado por nove dos dezesseis conselheiros com direito a voto. “A vitória podia ter sido mais folgada, mas os conselheiros sofreram muita pressão”, lembra Edison.
Com a vitória, segundo Edison, começaram as retaliações. A cota de combustível do Conselho foi cortada de 80 litros mensais para 30 litros. “Como o Conselho vai executar a sua função com 1 litro de combustível por dia?”, indaga o presidente, que cita ventiladores quebrados, lâmpadas queimadas. “A prefeitura não dá nenhuma assistência, não faz nenhum reparo na sede. Eu acho que o prefeito quer que a gente desista.”
Desistir do Conselho não está no plano de Edison. Ele levou o caso para a Divisão Regional da Saúde e foi aconselhado a elaborar uma planilha de custos fixos e variáveis para o funcionamento da sede e atuação dos conselheiros para o estabelecimento de um percentual das receitas municipais para o custeio do Conselho. “O Conselho tem direito e, se for o caso, iremos para a Justiça.
O Conselho
O Conselho Municipal de Saúde de Tanabi tem 32 membros, sendo 16 diretores efetivos e suplentes. Do total de membros, 50% são representantes da sociedade civil e usuários, 25% de profissionais da saúde e 25% de fornecedores. O mandato de cada diretoria é dois anos. O estabelecimento do Conselho em todos os município é constitucional e suas diretrizes foram definidas a partir da municipalização da saúde primária. São atribuições dos conselhos participar da elaboração de políticas públicas de saúde, acompanhar e fiscalizar a sua gestão.
Norair nega
O prefeito Norair Cassiano da Silveira negou a falta de remédia, alegando que foram feitas comprar emergenciais e foi realizado pregão para compras definitivas. “O abastecimento só não está 100%, devido ao atraso das entregas pelas distribuidoras”, explica, em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura.
A nota alega ainda a existência de possíveis desvios de remédios feitos por usuários que os remete a familiares, em outras cidades e estados, fazendo uso de suas receitas e que a secretária da saúde está tomando as devidas providencias para coibir a prática.
A nota reitera que os” medicamentos têm chegado diariamente, houve um atraso por parte das distribuidoras, onde 14 venceram a licitação, realizamos a cobrança das distribuidoras diariamente.
Em relação aos dentistas, a assessoria afirma que a partir de segunda feira dois novos dentistas iniciam as atividades nas unidades Milton Perches e Osvaldo Federico.
A nota prossegue, justificando que a marcação e realização de exames dependem da oferta de cotas da Divisão Regional da Saúde, ‘sendo um problema de toda a região e não só de Tanabi. A nota fala também sobre “analises” e “possibilidade” de retomar os grupo de hidroterapia.
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