Distrito Industrial precário
- A Voz Regional
- 5 de jul. de 2016
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Fundado na década de 90, Distrito Industrial de Monte Aprazível ainda apresenta falhas em infraestrutura e não atrai empresas para o local
Desde que foi instalado, em meados dos anos 90, o Distrito Industrial de Monte Aprazível passou a ser a principal esperança de um local apto para receber novas industrias e empresas que se instalariam no município, gerando assim mais empregos para população e fortalecendo a economia local. Décadas depois, parte do objetivo foi cumprido e o espaço abriga boa parte das industrias aprazivelenses de vários setores como, marcenaria, tornearia, metalúrgicas, entre outras. Porém, nos últimos anos, e ninguém consegue cravar uma data específica, o Distrito ainda sofre com a falta de estrutura, como rede de esgoto, falhas no sinal de internet, pontos sem iluminação, ruas esburacadas e a falta de acessibilidade. Aliado a todos estes problemas estruturais, a crise econômica também fez com que as poucas empresas que ainda atuam no local convivam com o risco de ter que baixar as portas e deixar a situação econômica de Monte Aprazível ainda mais prejudicada. Especialista em serviços de montagens e manutenção de caldeiras, além de outros serviços voltados a área industrial, a Caldeirenge está há 12 anos no Distrito aprazivelense e segundo Cláudio Pimenta, responsável pela empresa, os desafios continuam os mesmos, desde a década passada. “Tínhamos uma expectativa de melhora da infraestrutura, mas infelizmente isto não aconteceu. As dificuldades são praticamente as mesmas de 10 anos atrás”, afirma. Ainda de acordo com o empresário, os problemas do Distrito Industrial já começam até mesmo nos acessos do local. “Considero muito precária as condições atuais, em especial quando se refere às opções de acesso, por exemplo, quando tivemos o desmoronamento parcial da pista marginal”. Pimenta ainda explica que, apesar de estar em obras de reparo e adequação, o desmoronamento prejudicou demais o acesso às empresas daquela região. “Para o ramo comercial e de serviços, com certeza este problema afetou o índice de negócios”.
Internet a manivela Em meio ao mundo digital, uma boa conexão com a rede mundial de computadores é imprescindível para conseguir fechar negócios com empresas de outros municípios. Por outro lado, as empresas instaladas no Distrito Industrial de Monte só começaram a ter um acesso melhor a internet nos últimos meses. “Já tivemos muitos problemas com a internet no passado e isto causava vários transtornos e prejuízos, mas recentemente tivemos algumas melhorias e o sinal está mais estável” comenta Pimenta. Segundo Juliana Alves, secretária de uma empresa de mármores instalada no Parque Industrial, enquanto a empresa estava na área central do Distrito, os problemas de internet também eram frequentes. “Na época tínhamos problema com as conexões, tanto que o dono da empresa tentou vários tipos de modem de empresas de telefonia, e acabou gastando um pouco mais pra manter a conexão” comenta. Ainda de acordo com a secretária, o novo ponto, localizado ao lado do Centro de Convivências do bairro São José, fez com que a conexão melhorasse. “Até o momento, a empresa, que está neste ponto há 2 anos, não há o que reclamar. A internet melhorou muito e por enquanto, neste ponto, as condições do Distrito não tem nos prejudicado”.
Câmara tem atuado por melhorias
Sempre lembrado durante as campanhas eleitorais, e quase sempre esquecido após o período do pleito municipal, a estruturação do Distrito Industrial é de responsabilidade da prefeitura, que em celebração com governos estaduais e federais, podem conceder os investimentos no local. As condições da estrutura são temas frequentes na sessão dos vereadores há várias legislaturas que, na sua maioria, pedem que sejam feitas obras de melhorias, ampliação e até mesmo construção de um novo local para abrigar as indústrias aprazivelenses. De 2001 até 2016, já foram realizadas 30 indicações para que sejam feitas obras por lá, sendo que a maioria não foi atendida, exceto a de construções de lombadas. “Quando os problemas de internet se agravaram, recorremos à intervenção da prefeitura junto à operadora e fomos prontamente atendidos, afirma Cláudio Pimenta “Isso mostra que o poder público pode fazer muito pela economia local”. Autor do pedido de recape das ruas do distrito em 2013, o vereador João Roberto Camargo lembra de outras iniciativas que precisam ser feitas para elevar o nível do Distrito. “Precisamos elaborar um plano para mantermos as empresas que estão instaladas aqui e não deixarmos que elas fechem as portas ou se transferirem para outros municípios” comenta o vereador. Ele ainda defende que o Distrito seja ampliado, mas que primeiro sejam feitas melhorias. Camargo também acredita que o poder municipal precise negociar com a Escola Agrícola, para que seja conquistada uma nova área pertencente hoje à instituição, por meio de troca, e que beneficie ambos. Outro ponto defendido pelo vereador é a regularização das áreas, já que algumas empresas que ganharam o terreno abandonaram o objetivo principal de criar a empresa e gerar empregos. “Precisamos rever aqueles terrenos que não estão sendo usados, que os contratos não foram cumpridos e resgatarmos o local para o município e oferecer uma destinação correta para aqueles empresários que desejam e querem se instalar lá no Distrito Industrial” Também em 2013, a vereadora Professora Adriana, solicitou ao Poder Executivo um estudo para levantar as áreas que estão devidamente regularizadas e usadas para a finalidade da indústria. No texto, Adriana lembra da situação atual do local. “É inadmissível ver vários terrenos totalmente vazios, ou com construções desativadas, enquanto várias empresas procuraram a prefeitura para se instalarem no local” Pimenta concorda com a visão de Adriana, e emenda que as iniciativas do Poder Público ainda são tímidas e não acompanharam a velocidade das necessidades. “O resultado disto nós já podemos sentir e estamos presenciando: empresas exemplares, âncoras do comércio local baixando as portas isto é muito triste”.
Região metropolitana, proposta por Rillo, seria benéfica para a área
Já está em discussão o novo projeto de autoria do Deputado João Paulo Rillo (PT) que prevê a criação da região metropolitana de Rio Preto, e englobaria 30 municípios da região, entre eles Monte Aprazível. A união, segundo o parlamentar, poderá unir todos como um grande bloco administrativo e econômico. De acordo com o deputado, o projeto é uma forma de organizar os municípios num formato moderno e eficiente de gestão compartilhada por todos. “Os municípios se unem para buscar soluções conjuntas para problemas comuns, o pedido de uma cidade pode ser fortalecido, se for de interesse geral, pela união dos demais em torno desta reivindicação”. No caso do Distrito Industrial de Monte Aprazível, Rillo lembra que algumas empresas, que atualmente estão em Rio Preto, poderiam expandir os trabalhos para outras cidades dentro da região metropolitana. “Fizemos vários debates em Rio Preto sobre a atuação do Parque Tecnológico e muitos consideram que com a aprovação do projeto o Parque pode ter um alcance além dos limites de Rio Preto. As empresas da região devem se beneficiar com a inovação do parque também, além de ser possível criar estratégias conjuntas para incentivar as indústrias existentes e atrair novas, utilizando inclusive recursos obtidos a partir de programas do Estado ou da União”, afirma João Paulo. Ele ainda explica que outro exemplo benéfico seria a instalação de uma Universidade Federal, projeto tentado pelo deputado estadual desde 2008. “Se os municípios da Região Metropolitana de Rio Preto concordarem em unir esforços, a universidade ganha mais chances de ser instalada”. De acordo com Rillo, o projeto depende ainda de alguns fatores, além da aprovação e sanção do projeto pelo governador. O deputado demonstra otimismo depois de uma reunião no Palácio dos Bandeirantes com o secretário da Casa Civil, Samuel Moreira, o diretor da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (EMPLASA), Fernando Chucre e parlamentares de Rio Preto e região. “Em julho, vamos fazer uma grande audiência pública regional em Rio Preto, marcando o início do cronograma de trabalho que depois terá a apresentação, na Assembleia do projeto de criação da Região Metropolitana”.
Municípios que passariam a fazer parte da grande Rio Preto: Adolfo, Altair, Bady Bassitt, Bálsamo, Cedral, Guapiaçu, Guaraci, Ibirá, Icém, Ipiguá, Jaci, José Bonifácio, Mendonça, Mirassol, Mirassolândia, Monte Aprazível, Nova Aliança, Nova Granada, Olímpia, Onda Verde, Orindiúva, Palestina, Paulo de Faria, Planalto, Potirendaba, São José do Rio Preto, Tanabi, Ubarana, Uchoa e Zacarias.
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