Santa Casa vende terrenos e gera polêmica

A provedoria da Santa Casa colocou à venda uma área com 12 lotes, na Rua Augusto Chiesa, fronteiros à Faculdade Dom Bosco. Segundo o provedor Sérgio Rossetti Filho foram vendidos apenas quatro terrenos para pagar o 13º dos funcionários e acertar débitos com fornecedores. O vereador Gilberto dos Santos (PDT) promete ir à Justiça, alegando que foram vendidos todos os lotes a preços abaixo de mercado.

Segundo Gilberto, os lotes foram vendidos por R$ 70 mil e um deles chegou a apenas R$ 60 mil, valores muito abaixo do mercado, segundo ele. “Foram vendidos todos os terrenos, na calada da noite, quando o atual provedor vai deixar o cargo. Os terrenos estão em área nobre, muito valorizada, de frente para a Faculdade, e foram vendidos a preço de loteamento popular. O valor de mercado é de no mínimo R$ 100 mil e se fossem colocados à venda em leilão poderiam chegar a um valor bem maior”, acredita Gilberto.

O vereador suspeita que os lotes foram vendidos para médicos, alguns com créditos a receber da Santa Casa. Sérgio Rossetti não quis divulgar os nomes dos compradores, mas negou que médicos tenham comprado algum. “O doutor Alfredo (Pio diretor clínico do hospital) estava interessado, mas não foi fechado negócio”, garantiu Rossetti. Segundo ele, foram vendidos apenas 4 lotes, de 8 metros por 30. “Estava muito difícil de vender e decidimos suspender”, disse Sérgio que não comentou a falta de divulgação de oferta dos lotes.

Sergio explicou que o dinheiro da venda dos lotes terá como destino o pagamento do 13º salário dos funcionários e fornecedores em atraso que ameaçavam cortar o fornecimento para o hospital. Segundo ele, diante da dificuldade de vender todos os lotes, a diretoria do Hospital renegociou sua dívida com a Caixa Econômica Federal. Ao iniciar o mandato, a atual diretoria assumiu uma dívida com bancos de R$ 250 mil. Sérgio não revelou o valor do novo financiamento, mas fontes ligadas ao Conselho de Administração da Santa Casa estima a dívida em R$ 750 mil.

Essas mesmas fontes que não quiseram se identificar confirmam que foram vendidos os 12 terrenos e que assinaram a autorização para a venda, mas no documento não constava valores e afirmaram que, de fato, R$ 70 mil está abaixo do mercado.

“Eu vou lutar com todos os meios, vou à Justiça, não podemos permitir que se dilapide o patrimônio da Santa Casa na calada da noite. Eu não me oponho à venda, mas não posso permitir que o patrimônio da Santa Casa seja utilizado para beneficiar médicos e amigos. Vai vender, então faça direito, por um preço justo e de forma pública”, protestou Gilberto.