Sociedade discute o futuro do estádio municipal de Monte Aprazível
- A Voz Regional
- 27 de mar. de 2017
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Quando tem oportunidade, a natureza corrige as burradas humanas. Ao se construir, no final do mandato passado, a toque de caixa, uma pista de caminhada absolutamente desnecessária na face Oeste do Estádio Municipal Melchíades de Mattos,de Monte Aprazível, estrangulado o escoamento de água, a última chuva, pôs abaixo o muro. O episódio desnudou o grau de risco elevado que representa a arquibancada e a impossibilidade de se recuperar o local. Tudo ali está por ruir, na avaliação do diretor municipal de esportes Marlon Gonçalves.
O momento, então, é de se discutir o que fazer com um equipamento urbano, inútil por sua natureza nas atuais circunstâncias de futebol eletrônico e times reais bilionários, a ocupar, a única área de 10 mil metros quadrados da cidade, além da praça São João, sem 1 único grau de declive, um lugar, portanto nobilíssimo.
O vereador Gilberto dos Santos e o promotor de eventos Orlando Tuta Cortopassi foram ousados na proposta que defendem, até visionária, mas não descolada da realidade. Gilberto e Tuta querem ver o estádio abaixo e que se erga no local, a Cidade Administrativa, depois de rasgada sua face Leste para dar continuidade à Avenida Santos Dumont, até à Rua Augusto Chiesa.
Na cidade Administrativa estariam concentrados todos os órgão públicos do município. Na face Norte, eles propõem a construção do prédio da prefeitura com toda a sua estrutura burocrática nele concentrado, com todos os departamentos e seus serviços, inclusive o Ginásio de Esportes.. Na face Sul, de frente para o Posto Nagata, sugerem a construção de um Pronto Socorro e a face Leste seria doada para as secretarias estaduais de Justiça e Segurança e para os Ministérios das Comunicações e Planejamento para que construam, respectivamente, os prédios do Fórum, Delegacia de Polícia, CIRETRAN, Correios e IBGE, sobrando espaço para áreas verdes. Fora da Cidade Administrativa, ficaria apenas o almoxarifado, mas não no local que ocupa atualmente, conforme explica Tuta Galouro.
Investimentos
Não se trataria de obra barata. E não seria para menos, afinal, eternizaria o prefeito que a realizasse no pódio da história do município. Com honras.
Nem toda a obra sairia dos cofres municipais. Gilberto lembra que um projeto bem elaborado e a disposição do município em assumir de fato a saúde básica, garantiria a construção do Pronto Socorro. “Qualquer município que chegue no Ministério da Saúde com projeto que desafogue o SUS, sai de lá com dinheiro. O grande problema da saúde pública no Brasil é que os municípios não assumem a sua parte, que é o atendimento básico e é isso que o governo quer”, aponta Gilberto. Tuta acrescenta que recursos para um novo ginásio de esportes é fácil de conseguir.
Tuta Galouro acredita que o patrimônio imóvel da prefeitura é mais que suficiente para as obras. “A prefeitura tem muitos imóveis, tem terrenos abandonados, ociosos ou usados por vizinhos, tem prédios se deteriorando como o da antiga CIRETRAN, que vale uma fortuna, tem a área do IATE, são imóveis que podem ser vendidos já para iniciar a obra. Todos os demais, incluindo o prédio da prefeitura, da Câmara, da educação, todos os PSs, inclusive o Central, o antigo colégio, onde funciona a assistência social, o ginásio de esporte, o minicampo, o almoxarifado, o antigo hangar, onde hoje é o depósito e da merenda e outros que podem ser vendido com prazo para desocupação”, defende Tuta.
Gilberto garante que mais cedo ou mais tarde, será preciso construir uma prefeitura, e o momento é agora. “A prefeitura tem prédios alugados por toda a cidade, acredito que se paga de aluguel mais de R$ 20 mil por mês, e a cada ano é preciso alugar um novo prédio, sem contar que nem o prédio atual da prefeitura e os alugados são adequados, faltam espaços para o mobiliário e funcionários”, reclama Gilberto que cita ainda outras despesas além do aluguel, como água, energia elétrica, consumo de material de limpeza, serventes, guardas e manutenção dos imóveis. “São despesa muito mais altas que próprios aluguéis”, compara o vereador.
Gilberto e Tuta concordam que não faz sentido manter um estádio por puro saudosismo. “Jamais cidades como Monte Aprazível terá condições de manter um time profissional, o futebol amador acabou faz muito tempo, na cidade não tem um único time”, revelam. Eles consideram que o esporte pode ser praticado no Centro de Lazer do Trabalhador.
Para eles, o momento ideal para ousar é agora. “Temos um prefeito novo que tem demonstrado muita coragem e determinação. O momento de remover o estádio é agora, só não podemos fazer as opção mais fácil, que é vender a área e beneficiar apenas a especulação imobiliária”, denunciam.
Outras ideias
A arquiteta Rafaela Avelar não acha a ideia interessante, por julgar o investimento muito alto para o porte de Monte. Ele defende um projeto mais econômico e de que realmente a cidade precisasse, sem apontar qual.
O empresário Jurandir Longo concorda que o estádio deve ser demolido e gostaria de ver no local uma bonita área verde com um local apropriado para a feira. Ele considera que a ideia de Tuta e Gilberto deveria ser concretizada em local menos valorizado ou pedir ao governo o prédio da extinta agência do Banco do Brasil, na concepção dele, um prédio com infraestrutura pronta. Ele concorda com Rafaela que qualifica o valor do projeto alto “para se construir um prédio para a prefeitura e Câmara que já possuem prédios próprios.”
Diogo Martins Arruda, presidente do Sindicato Rural, defende a reconstrução do muro caído e também considera muito alto o investimento proposto por Gilberto e Tuta, “quando existem outras prioridades na cidade.” Porém, Diogo admite uma pesquisa para sondar se a população apóia a construção da Cidade Administrativa.
Para o presidente da Câmara, João Célio, de fato, o estádio deve ser colocado abaixo, para dar lugar a um condomínio fechado, a uma bonita avenida. Ele até considera a ideia da Cidade Administrativa boa, mas acha o custo alto e neste momento de crise é inviável.
O vereador Ailto Faria defende a venda da área, avaliada por ele em R$ 5 milhões e a construção de um estádio, com pistas de atletismo e outros equipamentos em outro local da cidade. Para Ailto, sobraria dinheiro para investimentos em outras áreas da administração.
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